The Calculating Stars

The Calculating Stars Mary Robinette Kowal




Resenhas - The Calculating Stars


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julia 21/02/2021

Resenha: The Calculating Stars
The Calculating Stars foi uma leitura muito divertida. Adorei a premissa e como Kowal decidiu executá-la, embora algumas vezes os pulos no tempo me pegassem um pouco desprevenida. O estilo de escrita era ótimo e super fácil de ler e entender, e a perspectiva de Elma, com todas as suas falhas, era envolvente e intrigante.

O aspecto de história alternativa do livro foi minha parte favorita. Foi muito interessante para mim como Kowal decidiu desenvolver e estabelecer a história depois que um meteoro atingiu a Terra e as consequências desse evento. Eu também gostei muito que ela não se esquivou de abordar o anti-semitismo, racismo e sexismo e não fingiu que essas coisas não eram um problema naquela época (e agora!).

Tive um pouco de dificuldade em ler a perspectiva de Elma devido à sua ansiedade. Kowal descreve isso muito bem, mas sou muito sensível a isso, pois sofro de ansiedade. Também houve alguns pontos dessa linha da história que não me agradaram pessoalmente, de modo que impactaram minha leitura.

O final foi um pouco apressado, considerando que o ponto de conflito entre Elma e outro personagem masculino tornou-se irrelevante em alguns parágrafos. Mas! ainda foi muito emocionante e me deixou muito interessada em ver para onde vai a história de Elma a partir daí.
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Cheiro de Livro 30/07/2019

The Calculating Stars
Se o título em inglês lembra o de Estrelas Além do Tempo, de Margot Lee Shetterly, não é mera coincidência. A história verídica das mulheres negras que fizeram os cálculos para o programa espacial americano também inspirou Mary Robinette Kowal a imaginar uma história alternativa da corrida espacial e da chegada à Lua.
Estamos em 1952, e a disputa entre americanos e soviéticos ainda está no começo. Mas eis que um meteorito cai no mar e arrasa a costa leste americana – incluindo a capital, Washington. Pior: meteorologistas calculam que as mudanças climáticas desencadeadas pelo desastre vão provocar um efeito estufa e tornar a Terra inabitável. A humanidade precisa deixar o planeta, e a comunidade internacional se une para colonizar o espaço. A história é narrada por Elma York, matemática e ex-piloto casada com um engenheiro aeroespacial que faz parte do programa. A partir daí Kowal conta com extrema precisão todas as dificuldades e conflitos que surgem no caminho.

A narrativa é mais complexa do que parece. Kowal foca principalmente no papel das mulheres, com Elma lutando contra o machismo para ter uma chance de se tornar astronauta. Lida também com o racismo (na vida real, só em 1978 um cubano foi ao espaço a convite dos soviéticos; o primeiro afro-americano só em 1983), preconceitos por conta de saúde mental (Elma sofre de ansiedade), a politicagem no programa espacial, e a descrença de alguns nas mudanças climáticas (reais) que o planeta atravessa – todos temas que infelizmente continuam atuais.
Kowal começou essa história de trás pra frente, inclusive antes mesmo da publicação de Estrelas Além do Tempo. Em 2012 lançou em audiolivro (e depois online em texto aqui em inglês) o conto “The Lady Astronaut of Mars”, em que uma veterana astronauta contempla uma última viagem espacial. Daí resolveu voltar ao começo. Já publicou a continuação de The Calculating Stars, The Fated Sky, em que expande alguns dos temas do primeiro, principalmente o racismo e os conflitos políticos em torno do programa espacial e do ceticismo quanto ao aquecimento global. Também lançou alguns contos intermediários, e já tem mais dois volumes a caminho previstos pra 2020 e 2021. The Calculating Stars é o grande livro de Ficção Científica da temporada. Não tanto pela inovação ou originalidade, mas pelo extremo detalhamento com que Kowal imagina a história como ela poderia ter sido. Já ganhou este ano os prêmios Locus e Nebula, e é favoritaço ao Hugo.

site: http://cheirodelivro.com/the-calculating-stars-de-mary-robinette-kowal/
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Paulo 28/04/2019

The Calculating Stars é uma história poderosa sobre uma mulher que não desiste diante de todas as barreiras impostas a ela. Nossas mulheres enfrentam obstáculos tão grandes mesmo em uma sociedade dita aberta e liberal como a dos dias de hoje. A história de Elma é a história da Maria, da Joana, da Beth, da Amanda, da Natália, da Juliana e de tantas outras que tentam seguir seus sonhos. Mesmo que eles envolvam um trabalho na construção civil, a vontade de ser uma jogadora de futebol, a necessidade de ser uma astronauta. Afinal, o que diferencia estas mulheres talentosas dos homens? Somente uma variação cromossômica as torna incapazes?

Seguir a narrativa da Elma é acompanhar uma montanha-russa de emoções. Elma é uma das melhores protagonistas que eu pude acompanhar nos últimos anos. Ela não é a personagem perfeita; longe disso. É introvertida, porém fala demais. Sofre com transtorno de ansiedade, muito por causa do preconceito de gênero que sofreu por toda a sua vida. É obcecada, e comete burradas ao longo do processo. É uma personagem falha, porém é tão humana que chega a doer. Muitas vezes ao longo da história me peguei dando um soquinho no ar por algo que ela conseguiu ou me emocionando com alguma de suas falas poderosas e carregadas de emoção. A obsessão de Elma é algo saudável e é o que a guia por todas as suas conquistas. Mesmo que algumas delas ela não se dê conta até que alguém aponte a ela o que ela foi capaz de fazer.

É terrível ver como o transtorno de ansiedade é causado por um preconceito. Para quem não acredita que subestimar e ridicularizar uma mulher não é capaz de fazê-la adoecer, Elma é o exemplo crasso do que pode acontecer. Por ser uma mulher muito habilidosa com matemática, ela entrou em todos os cursos mais diferenciados onde a disciplina é o requisito número 1. E por ser tão boa no que faz, todos ao seu redor se afastavam dela. Tem uma cena sensacional onde o professor não acredita que ela tenha sido capaz de resolver uma equação complexa. Mesmo ela explicando todo o processo de raciocínio, o professor continua a dizer que ela teria colado ou obtido ajuda. Isso gera nela uma incapacidade de falar em público, causando nela sintomas fisiológicos como vômitos, desmaios, febres e dores terríveis.

Quando temos um casal como protagonista é comum ver questões ligadas à traição e à inclusão de um triângulo amoroso. É tão comum que chega a ser chato. O leitor já sabe que um dos lados vai trair o outro. Tal não é o caso aqui. E eu fico feliz que a Mary Robinette Kowal não tenha pego esse atalho. Ela prefere trabalhar um casal que se apoia e busca forças um no outro. Nathaniel é um marido sensacional que, por ter seu caráter e talvez em parte por fazer parte de uma minoria (ambos são judeus) ele entenda o sofrimento de sua esposa. A jornada que ambos fazem ao longo da narrativa é dura e mesmo quando Elma começa a ganhar mais notoriedade do que ele, Nathaniel continua a ser uma pessoa apoiadora. Um dos momentos mais bonitos do casal é quando Elma precisa contar a ele uma mentira que ela vinha escondendo. A primeira reação dele é perguntar se se tratava de uma outra pessoa. Quando ela diz não, ele suspira aliviado e diz que está chateado com ela, mas não tanto assim.

Kowal ainda tem tempo para falar de outros temas como o preconceito racial na década de 1950. E aí vemos sombras de Estrelas Além do Tempo onde pilotos negros querem ser astronautas. Fica um parênteses rápido aqui porque Kowal comenta no posfácio que ela escreveu The Calculating Stars antes do sucesso que foi Estrelas Além do Tempo e que ela adorou que isto tenha acontecido, pois abriu os olhos das pessoas a todo um grupo de mulheres que estavam ali e ninguém enxergava. Algumas cenas envolvendo Ida e Imogen, duas amigas de Elma que eram pilotos negras do clube 99, são bem pesadas. Mostram claramente como a maioria das pessoas observava o papel dos negros na sociedade. A própria Elma a princípio é parte disso sem saber. Ela subestimava suas colegas por causa de premissas colocadas nela pela sociedade.

Isso são só alguns dos temas presentes no livro. Mary Robinette Kowal já escreveu um clássico para mim. Foi capaz de entregar uma narrativa empoderadora, marcante e emocionante. No Dia Internacional da Mulher, eu não poderia falar de outro livro que não esse. Um livro que fala de luta, de superação de obstáculos, mas, mais do que isso, de uma mulher sonhadora fazendo de tudo para alcançar seus objetivos. E sendo boa demais no que faz. Esse é um dos livros que estão concorrendo ao Nebula e ao Hugo deste ano. E eu tenho certeza que a autora entra forte nessa corrida como uma das favoritas.

site: www.ficcoeshumanas.com.br
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