Silvjenn 08/11/2017
[ RESENHA ] A Canção das Sereias
Em uma instalação fria no porto de Djussa, a cavaleira, Lynore, e sua aprendiz, Reyrón, estavam à espera dos guardiões para informar um acontecimento bem incomum ocorrido em Nova Nyskar e que exigira a vinda imediata das duas. Mas enquanto Lynore estudava o pergaminho que fora enviado às pressas para ela e lhe informava parcialmente a missão, Reyrón se encontrava terrivelmente entediada. O que seria o momento perfeito para treinar o seu ny, uma força motora da magia e que cada ser humano possuía. Usando o poder da telecinese, Rey consegue mover todo o chá que estava em sua caneca em forma de uma bolha, o que teria sido um ótimo passatempo se a sua mestra não a tivesse repreendido por gastar o seu poder a toa.
Após alguns minutos, entra um cavaleiro chamado Sydarv Rarjhá, seu aprendiz, Liim Rykhí, e o capitão e representante de Nova Nyskar na Irmandade, Kéjzha Solhav. Segundo o capitão, a Fortaleza de Gelo exigia que Lynore liderasse a missão, não apenas pela sua experiência, mas também pelo seu conhecimento em biologia marinha.
E ao abrirem uma arca, trazida pelos pescadores da região, não apenas um cheiro desagradável impregna o ambiente, como também surpreende os presentes. Duas sereias mortas que possuíam cicatrizes e ferimentos pelo corpo inteiro, e ao contrário do que lemos nas histórias, não eram nem um pouco belas.
“Como era feia! As pessoas em geral tendem a fantasiar, tornando a realidade mais bela em suas histórias. Aquela coisa não tinha nada de belo. Um ser metade peixe e metade... humano? Difícil dizer. Do tronco para cima a forma era humanoide, mas eu sairia correndo se ficasse cara a cara com aquele ser ainda vivo. Era possível ver as fendas das guelras, vindas por detrás das orelhas – pontudas como a de elfos – e descendo até o pescoço. Os olhos estavam abertos e lembravam os de uma serpente. O cabelo parecia uma mistura estranha de algas, musgo e pelos. O rosto projetado para a frente, não havia nariz, e os dente eram serrilhados. Ela tinha apenas quatro dedos, que pareciam garras e eram ligados por membranas.”
Grupos de pescadores acreditavam ter avistado vários corpos próximos à costa de uma das Ilhas da Redenção e ao estarem em alto mar, foram pegos por uma inesperada tempestade e navegaram a esmo por dias. Ao encontrarem uma ilha, os corpos das sereias eram avistados ao longo da costa.
Contudo, havia algo mais assustador do que o corpo das sereias, aquelas que ainda estavam vivas. O relatório dizia que, era possível ouvir uma canção, algo lamuriante que penetrava no fundo da mente dos pescadores como uma ópera murmurada. Estas mesmas sereias foram vistas no mar do estreito Guon e nesta mesma época, um navio chamado Glória de Haster desaparecera misteriosamente. Coincidência? Acho que não!
Com isso, Lynore e Reyrón partem na busca pelas sereias e o navio desaparecido. As cavaleiras da Irmandade da Luz irão se aventurar nos mares de Erys e enfrentarão muitos desafios e perigos.
“–Mestra, o quê... - Silêncio! Não está ouvindo? - Não ouço nada... - Isso é... música? Apurei mais os ouvidos e escutei. Não era música. Era uma lamúria suave e distante. Parecia vir do fundo do oceano. Senti uma perturbação no thy, o campo de intenções que permeia tudo. Fora rápida e mínima, mas a sensação que ela passou era arrepiante. Era a vibração de alguém que tinha a intenção de matar.”
O livro é narrado em primeira pessoa pela Rey, o que torna a história bem divertida e envolvente. A sinopse havia me deixado bem curiosa por se tratar de sereias, e ao iniciar a leitura e conhecer essa nova civilização, que possui tanto magia quanto cavaleiros honrados e corajosos, foi uma ótima surpresa para mim. Gostei logo de cara das personagens principais e que possuem personalidades muito diferentes uma da outra, pois enquanto Lynore é uma mulher séria e fria, Reyrón é uma menina de 12 anos, divertida e rebelde.
O livro possui algumas palavras novas, mas nada que tenha me deixado confusa ao longo da leitura. A história não foca apenas na busca pelas sereias, mas também no relacionamento entre as duas. Com revelações fortes sobre o passado de Lynore e um final surpreendente que me deixou até triste por ter apenas 78 páginas haha. Uma leitura rápida, fluída e com personagens muito bem escritos. Fiquei encantada por essa capa e retratou muito bem a história. Segundo o autor, essa é uma história independente que serve como apresentação para o universo de Erys, mas também tem conexão com o seu romance A semente do caos e que eu estou ansiosa para ler agora que eu conheci a escrita do Renan haha. Vale a pena conferir!
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