Resenhas - Os Leões de Bagdá

Leonardo1263 23/09/2023

Acredite... é baseado em uma história real
Sou fã confesso de Brian Vaughan, já li Saga (ainda aguardando a décima edição) e Y - O último homem e gosto da forma como ele escolhe contar histórias.

Em Leões de Bagdá, acompanhamos a história antropomórfica de 4 leões residentes de um zoológico em Bagdá. Em determinado dia, um pássaro anuncia que o céu está caindo ao ver um caça passar voando bem baixinho próximo da cidade. A história se passa em 2003, e aborda a invasão americana ao Iraque. Após muitos bombardeios na cidade, o zoológico é depredado e todos os animais fogem para a cidade. Agora, com a liberdade em suas patas, traçam planos de como e onde sobreviver em meio ao fogo cruzado de uma guerra.

Eu com certeza deveria ter lido isso antes, uma edição completa, que agrega muito, MUITO valor nos créditos e apresenta a ideia do porque escolher contar essa história. Cada personagem simboliza uma classe de pensamento social da época, o antagonista extremamente amedrontador, passa muito sobre o clima do lugar nesta época. E nesse ambiente desesperançoso torcemos para que os animais possam viver em um lugar tranquilo e natural, já que desconhecem os motivos de tanto sofrimento causado pelos homens.

O melhor de tudo, é que sim, foi baseado em fatos reais... Com pessoas ou animais?... Com animais mesmo! Só lendo a história e o pós fácil para entender as muitas camadas desta história tão simples, e tão aclamada em meio ao público fã de quadrinhos. Leia!!!

Guilherme Duarte 12/04/2023

Liberdade Selvagem
Contar uma história baseada em fatos reais utilizando a aventura dramática de leões presos em uma cidade em guerra para retratar questões filosóficas, jurisprudência estrangeira e diferentes posições políticas diante da situação, já deveria ser por si só algo digno ao estrelato.

E não é pra menos. Leões de Bagdá é uma excelente história que transcende a primeira camada interpretativa. Sem a pretenção de afirmar o que é certo e errado, a obra apresenta a história sob um diferente ponto de vista que é pertinente para qualquer um que deseje gastar tempo pensando sobre isso.

Há algumas passagens em que os leões são demasiadamente humanizados e por mais que estejam ali representando estereótipos sociais, são comportamentos distorcidos um pouco além da conta. Porém, nada que atrapalhe o esplendor que é essa obra.

Marcos 11/04/2023

Se Fajer representa os apoiadores do velho regime...
...e o velho regime se referia ao governo de Saddam Hussein, o exército americano seria representado por uma bestialidade colossal de tamanho incalculável. Pois, para uma "potência militar", como era considerado o Iraque, ser esmagado com cerca de 150.000 mortos contra 150 do lado das forças invasoras, a desproporção de poder era absurda ou a retórica que a justifica estapafúrdia. Ainda mais se refletirmos que essa invasão significou a destruição de um povo em 40 dias, mandando o Iraque de volta a pré-história (ref.2). Mas antes de continuar...

Essa HQ não fala sobre liberdade, ou seja, não compra a retórica que justificava a invasão usada pelo governo americano. Os autores deixaram isso claro em suas notas "Qual o verdadeiro significado de liberação? Um país pode ser liberto ou isso deve ser conquistado pela autodeterminação? É mesmo melhor morrer um homem livre do que viver escravizado? Claro que não tenho as respostas para essas perguntas, mas, nos dias de hoje, creio que esses são alguns dos questionamentos que os quadrinhos para os leitores adultos deveriam estar fazendo."
Porém, também não é uma HQ que crítica o governo americano:" Dito isso, não tenho nenhum interesse em escrever qualquer polêmica panfletária antiamericana." Por ser uma HQ que visava a venda é que gera essas confusões. É uma HQ bonita e não um livro sobre valores como liberdade como foi espalhado por aí por liberais e outros interesseiros no cenário interno brasileiro.

Feito esse esclarecimento, volto a minha crítica baseada em outras fontes e não na HQ (como eu disse, o propósito dela é venda e não critica). A guerra do Iraque não começou devido ao interesse de libertar uma nação, mas por capital político dentro dos EUA e Reino Unido e dinheiro vindo do petróleo (ref.1). Para além disso, possuia bônus: utilizar o exército norte americano para que não perdesse know-how de guerra(ref.3); vender e desenvolver armas; demonstrar que a hegemonia americana não estava no fim(ref.2).
Esses objetivos foram mascarados através de alguns pontos para o público local dos EUA e Reino Unido com campanhas da mídia (jornalistas se venderam para publicar as justificativas de que Saddam tinha relações com a Al-Qaeda e estava desenvolvendo armas de destruição em massa, posteriormente desmentidas) (ref.1).
Para entender essa investida norte-americana, é necessário lembrar do onze de setembro de 2001. Os atentados terroristas foram a justificativa que o governo americano usou para invadir os países Iraque e Afeganistão e inaugurar uma nova perspectiva de guerra: as guerras contra o terror. A organização terrorista caçada era a Al-Qaeda (uma organização que foi gerada pelos próprios EUA ao armarem essa organização para combater a URSS. Ou seja, os EUA estavam tentando concertar, para além de seus outros objetivos, o seu tiro pela culatra. Mas não só seu objetivo foi frustrado, como novamente saiu pela culatra. O resultado da guerra do Iraque e do Afeganistão, e isso os escritores da HQ não tinham como saber na época que escreveram, foi a formação do grupo ISIS. Se Fajur era um urso, a organização terrorista do Estado Islâmico ISIS é um monstro mitológico tal qual a Hidra. No fim, o Iraque ainda não é um país estável e democrático como argumentava o governo norte americano após a queda de Saddam Hussein. O Afeganistão voltou para as mãos do Talibã. E a Al-Qaeda que antes não passava de uma centelha de guerrilha hoje se metamorfoseou no ISIS.
A história dessa guerra vai muito além e eu fiz apenas um resumo. Recomendo escutar, assistir e ler as referências que deixei abaixo para compreender melhor essa guerra e essa HQ.


Ref.1 - Podcast: A guerra do Iraque - História FM (https://leituraobrigahistoria.com/podcast/guerra-do-iraque-das-razoes-ao-impacto-nas-relacoes-internacionais/)
Ref. 2 - Livro: Sobre a guerra de José Luís Fiori (organizador). Capítulo: A guerra do golfo: uma guerra ética. Editora Vozes, 2018.
Ref. 3 - Vídeo do canal Nerdologia no YouTube: A guerra do Golfo (https://youtu.be/0vciV4p9tFk) e falas do Filipe Figueiredo no Podcast Xadrez Verbal.

ciliane.ogg 11/04/2023

Querer fazer uma hq dizendo que os americanos foram destruir o Iraque para levar a liberdade aos cidadãos, é brincar e chamar o leitor de idiota
A situação não era boa dentro do Iraque, mas depois da invasão dos EUA, ficou pior. Certa estava a tartaruga quando falou sobre ser a respeito do petróleo do que sobre outra coisa.

Belluci0 06/04/2023

Ótima Hq
Incrível, uma história baseado em fatos reais, que faz várias analogias sobre liberdade de uma forma criativa.

Henry 20/03/2023

Welcome to the jungle...
Que quadrinho incrível!!
Mais um que faz questão de mostrar, de forma fria, a crueldade e irracionalidade do ser humano.

Quem são os verdadeiros selvagens nesse mundo? Essa HQ traz uma reflexão muito bacana, criando esse comparativo entre o comportamento e as tomadas de decisões dos animais com as dos humanos.

A arte é lindíssima e super casou bem com o tipo do couchê dessa edição.

Um primor!!

Renan 14/01/2023

Pode ser lido pelo visual ou pela história
É uma história bem curta e interessante. Tem alegorias sobre a guerra no Iraque, que fica ainda mais clara depois de ler os extras com a intenção do autor. Os desenho são muito bonitos, com lindas paisagens e cenários, mas os animais e o balões de fala não combinam tanto. Não parece natural, é como os filmes de animais falantes dublados.

Pâmela de Amorim 09/08/2022

Os Leões de Bagdá
Baseada na história de quatro leões que escaparam do Zoológico de Bagdá em 2003, a Graphic Novels foi escrita por Brian Vaughan, desenhada por Niko Henrichon, e apresenta um novo ponto de vista sobre a Guerra do Iraque. O duplo significado do título original “Pride of Bagdad”, acabou se perdendo na tradução, a palavra 'Pride' significa tanto 'Orgulho' quanto 'Alcatéia'.

"Perdidos, confusos, famintos e finalmente livres, os quatro leões perambularam pelas ruas destruídas de Bagdá numa batalha desesperada pela sobrevivência."

Embora seja uma versão fantasiosa dos eventos, o livro é ambientado ​​durante o bombardeio estadunidense no Iraque, e busca retratar o significado de liberdade. Através de uma grande metáfora, o subtexto político é sútil e evidente ao mesmo tempo, lançando o questionamento “A liberdade deve ser dada ou conquistada?”

A narrativa da obra é fluida e densa, envolve o leitor ao apresentar diversas referências, nos faz questionar sobre o impacto causado ao povo iraquiano pelo bombardeio norte-americano, e principalmente, promove uma reflexão sobre a liberdade. Recomendo demais a leitura!

site: @jardimdapamela

EduardoCDias 17/07/2022

Animais na guerra
Em 2003, durante a guerra do Iraque, Bagdá foi bombardeada e, como consequência, os animais do zoológico fugiram. Quatro leões foram encontrados e mortos pelo exército americano. Sem apelar para motivos humanistas ou ideológicos, os autores constroem uma história fazendo paralelos entre cada animal e a sociedade iraquiana. Fenomenal!

Lory 28/04/2022

Simples, mas impactante ??
Com um gráfico simples, mas impecável, no qual cores, movimentos e emoções incrementam o desenrolar da história, Leões de Bagdá se utiliza do contexto verídico da fuga de 4 leões do zoólogo de Bagdá durante a guerra do Iraque para retratar as diferentes personagens existentes na guerra, fazendo uma analogia muito interessante e reflexiva a respeito de cada uma das partes e da guerra num modo geral.

Porém, a quem interessar, pode-se ainda ir mais fundo nos questionamentos a respeito dos lados da guerra, assim como ? não pude deixar de refletir a respeito (alô, bióloga) ? na questão dos zoológicos vs. liberdade dos animais.

Ps: É o segundo graphic novel que leio (o primeiro foi Maus ? recomendo também) e posso dizer que me afeiçoei bastante por este formato. Escolhi lê-lo entre uma e outra leitura de formato tradicional, para dar um descanso à vista, mas terminei em 1h ? foi bom enquanto durou, rs.

Rodrigo.Macedo 28/02/2022

Cruel
Quatro leões falantes escapam de um zoológico por causa de um bombardeio. Em meio a vários perrengues envolvendo caçadas por alimento dentro de uma cidade sob ataque bélico, vamos nos afeiçoando aos personagens. Os diálogos são agradáveis, a arte linda e o final é, no mínimo, impactante.

Bruna 01/02/2022

Que historia triste! Não estava esperando por essa. Ainda mais sabendo que aconteceu de verdade. A gente numca para pra pensar o que acontece com os animais, domésticos e de cativeiro, quando começa um bombardeamento. Aqui mostra a realidade. A arte é muito linda.

Ricardo256 02/01/2022

HQ
Apresenta um enredo simples, mas a arte gráfica é simplesmente maravilhosa. Ela é toda colorida e é possível sentir a emoção que é passada pelo texto. O final é triste. O livro não é grande, tem 120 páginas e no final há vários textos explicando a construção da HQ e comentários de cada parte da história. Foi minha segunda experiência com esse tipo de livro.

Daubian 27/10/2021

Leões não latem
O escritor tem um histórico de ótimas histórias e esta não foge (com o perdão do trocadilho) da regra. Em inglês é Pride of Bagdah, uma brincadeira entre o nome de um bando de leões e também pode ser entendido como Orgulho da cidade de Bagdá. Temos essa relação dúbia com leões. Eles são símbolo de poder e realeza e é um dos poucos símbolos compartilhados entre o Iraque e o Ocidente, mas mesmo assim, a espécie sofre cada vez mais. Aqui, baseado em fatos reais o que é muito surpreendente, o autor coloca questões sobre família, dever, poluição, política internacional e principalmente liberdade num pano de fundo da guerra do Iraque. Com um pouco de arte pega-se um rodapé de um jornal e destaca um evento marcante deste século. Os humanos que vivem em seus estranhos zoológicos não se entendem nas suas alcatéias. A liberdade tem seu preço, mas muitos pagam mais que os outros.