Os Leões de Bagdá

Os Leões de Bagdá Brian K. Vaughan




Resenhas - Os Leões de Bagdá


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Carlão 07/11/2018

Os horrores do desconhecido
Publicado originalmente em 2006 com o nome original PRIDE OF BAGHDAD, é escrito pelo renomado escritor BRIAN K. VAUGHAN e magistralmente desenhado por NIKO HENRICHON.

Inspirado em uma notícia de 2003 onde um bando de leões escaparam do zoológico de Bagdá durante um bombardeio norte americano em plena Guerra do Iraque, essa Graphic novel se propõe a contar a trajetória desses animais sobre as ruas desertas e destruídas da cidade, em uma fábula alucinante sobre sobrevivência.

Os animais aqui falam, porém não são antropomórficos e não perdem a sua essência selvagem, dando um toque agridoce para a obra.

Se o leitor apenas levar em consideração a aventura do bando pela sobrevivência, terá uma fábula adulta simples com um final tráfico, pois é nas metáforas e no contexto histórico que BRIAN K. VAUGHAN nos impressiona com uma narrativa ágil e uma reflexão política e moral sobre a guerra e suas vítimas.

Cada animal tem uma personalidade, e podemos facilmente fazer uma comparação com as vítimas da guerra entre os EUA e o governo ditatorial do SADDAM HUSSEIN.

ZILL é o macho do bando, é o "conformado", torce para que algo os liberte de sua prisão, porém se não conseguir sua liberdade se contenta em passar o resto de sua vida na sua cela, e de acordo com BRIAN faz paralelo ao cidadão "oportunista benevolente" iraquiano.

NOOR é uma fêmea com o ímpeto de liberdade, lembra pouco de sua infância fora do cativeiro mas tem certeza que a liberdade é a melhor opção e representa a geração iraquiana reformista mais jovem, que lutam pela verdadeira democracia.

SAFA é a anciã, viveu boa parte da vida fora do cativeiro porém teve experiências horríveis, por isso está de acordo e aceita o conforto de sua prisão em troca da liberdade, e representa os cidadãos que se aliam voluntariamente ao ditador em troca da relativa paz e comodidade que ele oferece.

E por fim temos o pequeno ALI, um filhote imperativo que nasceu no cativeiro e não conhece nada do mundo exterior, e representa as crianças iraquianas inocentes que estão no meio desse conflito.

Após a leitura, refleti muito sobre questões políticas, como as guerras, regimes ditatoriais, o papel do cidadão e dos soldados e acima de tudo procurei entender qual o sentido de uma guerra? E os inocentes que morreram? Que são os verdadeiros culpados? Qual o preço da liberdade? Qual a verdadeira liberdade? Essas e outras questões fizeram parte do meu pensamento logo após a leitura, e creio que isso foi o objetivo central do autor.

Antes de terminar minha resenha preciso falar dos desenhos, que por sinal são soberbos! NIKO além de conseguir transparecer emoções nos leões através de suas faces, consegue perambular entre o belo de Bagdá e o sujo da guerra, com cores na medida certa, forte e vistosa quando precisa, e escura e caótica em momentos mais tensos.

Uma Graphics Novel linda, trágica e importante que além de entreter nos faz pensar e repensar em várias questões.
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Cilmara Lopes 15/10/2018

Poderosa em toda sua forma
Àquele material lançado há mais de uma década elogiado por todos e esgotado...O que tem de tão especial?
A guerra dos EUA e Iraque de uma perspectiva que você nunca imaginou.
Em meio aos bombardeios, um zoológico em Bagdá é destruído e todos animais fogem.
Dentre estes acompanhamos a jornada de quatro leões, em busca de alimento e refúgio.
Diálogos extremamente bem desenvolvidos e pertinentes à todo acontecimento ao redor deles.
Assim como em "A Revolução os Bichos" e "Maus", os animais são representações de pessoas marcantes no desencadeamento de dado infortúnio.
Cada leão ou leoa trás consigo pensamentos e atitudes de muitos iraquianos durante a guerra.
Apesar de um enredo hipnotizante e frenético, levanta questionamentos complexos sobre política, como por exemplo: O que é realmente liberalismo? É melhor viver em cativeiro ou morrer em liberdade?
A liberdade pode ser dada ou somente conquistada?
Questões que podem elucidar incertezas sobre sua própria nação.
Uma grafic novel obrigatória para todo leitor!
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Paulo 07/10/2018

Parando pra olhar os comentários por aqui, fica claro que Leões de Bagdá, apesar de ser unaminidade entre a crítica especializada, divide a opinião dos leitores. E acho que isso é fácil de entender. Eu mesmo li a HQ duas vezes, na mesma semana. Na primeira, achei uma história OK, legalzinha, mas nada demais, uma dessas aventuras de animais na vida real, como o filme A Incrível Jornada, e não compreendi todo o “hype” em cima deste material. Porém, na minha segunda leitura, entendi o porquê de todo esse “auê”, e compreendi a genialidade por trás da obra de Brian K. Vaughan, saboreando, dessa vez, cada diálogo do roteiro do jovem roteirisita. O que aconteceu entre as minhas duas leituras? Simples, eu li os comentários do autor sobre quem cada um de seus personagens representavam dentro do contexto da sociedade iraquiana, e li um pouco sobre a Guerra do Iraque. Me senti novamente na escola, e tenho a humildade de reconhecer que me faltou a sensibilidade de captar essas minúcias durante minha primeira empreitada, e que, ler o material reconhecendo quem os leões, os macacos, o urso, a tartaruga, os antílopes, etc. representam naquela sociedade modificada pelo regime de Saddam, transforma, sim, a experiência de leitura.
Leões de Bagdá conta a história de um bando de leões que escapou do Zoológico de Bagdá durante um bombardeio norte-americano, na primavera de 2003. Perdidos, confusos, famintos e finalmente livres, os quatro leões perambulam pelas ruas de Bagdá, numa batalha desesperada pela sobrevivência. Inspirando-se numa história real (em abril de 2003, um bando de leões famintos de fato escapou do Zoológico de Bagdá após bombardeios norte-americanos...), Brian escreve uma fábula contada da perspectiva de um bando de leões para questionar algumas coisas sobre a recente guerra dos EUA contra o Iraque. Nossos leões são dois machos e duas fêmeas. Zill é o “oportunista benevolente”, um leão que secretamente reza para que o iminente cataclisma o liberte de sua cela, apesar de pragmaticamente se preparar pra mais do mesmo. El-Awra é a mais velha do bando, uma leoa que quase morreu nas mãos de outro leão quando estava na vida selvagem, e não consegue entender como alguém pode querer deixar o zoológico, pois nele o único preço pela segurança é um pouco de liberdade. El-Awra representa os iraquianos que lembram das barbáries e crueldades das tensões sectárias e pobreza extrema que presenciaram durante a juventude e que alegremente se sujeitam ao regime de Saddam em troca da relativa estabilidade que ele ajudou a criar. Halima é uma leoa que fora tirada ainda muito jovem da vida selvagem e mal lembra da vida em liberdade, mas tem certeza que é melhor do que o cativeiro. A leoa representa os jovens reformistas iraquianos, aqueles que querem democracia de fato no seu país. Já Bukra é um filhote nascido em cativeiro, que não conhece nada da vida fora do zoológico e representa as crianças iraquianas inocentes, que não tem opinião sobre Saddam, George Bush ou sobre qualquer coisa além de sua própria família e amigos. Todos os outros animais representam as diversas facções sectárias da sociedade iraquina, incluindo o urso Fajer, uma metáfora para os fiéis a Saddam, que usam da violência na esperança de manter o status quo.
E, é claro, não podemos deixar de citar o próprio zoológico, que também é um personagem importante desta história, representando o regime ditatorial de Saddam. Da mesma forma que o Iraque pré-guerra era para seus cidadãos comuns, o zoo é uma prisão para os animais que o chamam de lar. Eles têm negadas diversas liberdades que seus irmãos selvagens desfrutam, e enquanto alguns animais passam muito bem, outros sofrem e até morrem em cativeiro. Ainda assim, garante um certo nível de conforto e segurança que os animais temem perder se ousarem abandonar suas jaulas.
Dito isso, enquanto na superfície a história possa parecer uma dessas aventuras de animais na vida real, como o filme A Incrível Jornada, o subtexto e o tema principal são adultos. Qual o verdadeiro significado de liberdade? É mesmo melhor morrer um homem livre do que viver escravizado, por pior que seja essa vida como homem livre? A liberdade pode ser dada ou apenas conqiustada por meio de luta e sacrifício? Será que os EUA ajudaram a acabar com o terrorismo declarando guerra ao Iraque.. ou apenas ajudaram a criar uma nova geração de terroristas? Algumas mensagens são passadas de maneira melhores do que outras, mas Leões de Bagdá é definitivamente uma obra ímpar, que deve ser lida e relida mais de uma vez, pois cada releitura desperta novos pontos de reflexão e ajudam a entender melhor o contexto da guerra do Iraque. O trabalho, inclusive, daria um excelente material complementar para os estudantes do Ensino Médio, servindo de material para discussões em sala de aula.

Nota: 9.00
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paulajanay 15/02/2009

Muito lindo. Adorei.
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Matheus G. 09/02/2017

Gostei da intenção do autor, mas a execução ao contrário não me agradou tanto. Ainda assim foi uma boa leitura descompromissada, mas tá longe de ser uma das melhores coisas que li.
As ilustrações à parte são o que há de melhor nesse material, lindas.
Enfim, tinha potencial, mas não entregou o prometido. Fraco demais, pena.
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Natalia 02/09/2014

Os Leões de Bagdá
Os leões de Bagdá é uma graphic novel com roteiro de Brian K. Vaughan e ilustrações de Niko Henrichon, a história se passa durante a guerra do Iraque.

A primeira coisa que preciso mencionar sobre essa HQ é a arte, o desenhista Niko Henrichon fez ilustrações maravilhosas nesse livro, tanto que tem horas que eu até me esquecia dos diálogos e ficava prestando atenção em cada detalhe dos desenhos.

Mas vamos à história. O roteiro de Brian K. Vaughan é baseado na história real de quatro leões que fugiram de um zoológico em Bagdá durante um bombardeio dos EUA em 2003.

Esse leões são os personagens principais da história, cada um deles com uma personalidade bem distinta. Safa, a leoa fêmea anciã que nasceu e viveu por muitos anos na vida selvagem, Noor, a fêmea mais jovem que também nasceu na selva, porém, foi criada no zoológico, Zill, o macho e Ali, um filhote que é forçado a enfrentar o mundo fora da jaula da noite para o dia.

Após fugirem do zoológico os leões encontram outros personagens como um grupo de macacos que tenta se dar bem em cima deles, uma tartaruga muito velha e sábia que diz que já viu o “céu cair” uma vez, pois ela é da época da Segunda Guerra Mundial e um urso que usa da força bruta pra amedrontar os mais fracos e devorá-los.

O roteiro é incrível, e usa elementos comuns à fábula para contar uma história verdadeiramente humana, o drama da busca da liberdade em tempos de guerra.

Um trecho especial é muito emocionante é quando os leões conseguem ver o pôr do sol. Só não conto mais para não estragar a surpresa de quem ainda pretende ler essa maravilhosa história.

Enfim, super recomendo Os leões de Bagdá para quem se interessa por grandes histórias de guerra, mesmo aqueles ainda não acostumados com o formato dos quadrinhos com certeza irão se emocionar com a história e a arte.


site: http://natalia.blog.br/2014/09/02/resenha-do-22o-livro-do-ano-os-leoes-de-bagda/
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z..... 19/02/2014

Legal a HQ e concordo também que os diálogos tornam o desenrolar da trama um pouco maçante, mas não deixa de ser uma bela metáfora sobre o valor da liberdade.
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Luiz Antonio 09/10/2013

A guerra aos olhos dos animais.
Enquanto os seres humanos fazem guerras por território, dinheiro e autoridade; os animais observam tudo sem compreender o que está acontecendo, e felizmente, com seus diferentes instintos, conseguem sobreviver a luzes, fumaças, balas e outras armar químicas que não podem compreender mas sabem que devem se afastar ao máximo.
Os leões, os protagonistas, seguem com a propostas de serem ps reis da selva, mas pelo contrário, numa guerra onde não há piedade e nem misericórdia, devem fugir e brigar com outros animais para sobreviverem.
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Marinho 24/03/2012

Filme da Pixar versão adulta-sangrenta-metafórica
A idéia inicial de dar voz e racionalidade a animais faz camuflar a mesma como infantil e fantasiosa. Ok, talvez a segunda até se aplique, mas Brian K. Vaughan passou longe de suavizar seu roteiro devido à condição animalesca dos personagens, mesmo com um filhote e sua visão inocente do mundo. Por trás dessa licença poética existe uma história metafórica envolvendo a liberdade.

Graficamente a graphic novel é impecável. Seus traços coerentes e suas cores predominantemente alaranjadas dão um clima quente na maior parte da história, dando a impressão que tudo está em fogo. De fato, é a intenção. Pois todo o desenrolar acontece devido ao bombardeio do Iraque pelos EUA, apesar do evento não ser compreendido pelos leões. Esses, apesar da racionalidade, mantém os seus instintos principais, que é a procura por comida e perpetuação da espécie. As diferenças características dos sexos também não foi esquecida, sendo mostrado que os leões são poligâmicos, sendo a leoa responsável pela caça e cuidado parental, e o leão pela fecundação e defesa. Zill, o macho-alfa (nesse caso, o unico) é covarde, mas seu instinto pode falar mais alto quando necessário. Nesse meio-tempo, são as leoas que esbravejam e cuidam do filhote.

É bem difícil falar do final sem dar spoilers, mas podemos dizer que ele confirma o caráter metafórico da história. Dando voz aos felinos, cujo ponto de vista é indiferente, o autor deu voz aos civis inocentes que tanto ansiavam por liberdade sob o regime de Saddam Hussein. A tão desejada liberdade pelo governo americano veio para os civis, assim como para os leões, carregadas de muitos outros males, para alguns até piores. É o pensamento "Estamos livres. O que devemos fazer agora?". Não que a liberdade seja ruim, mas isso aqui é guerra, e são os mais alheios os que mais sofrem, e essa liberdade tem cheiro de sangue recém-derramado.

Para curtir "Os Leões de Bagdá" é necessário fazer o mesmo que assistir um filme Pixar (ou Disney, ou Dreamworks, ou pá): despir-se de preconceito e aceitar que uma história não precisa ser carregada de realismo para ser boa. Nem que animar o inanimado é um conceito para crianças. Aqui os leões falam, mas se você manter a mente aberta para ouvir o que eles falam, perceberá que não são palavras de alegria, mas sim de sobrevivência. A HQ não foi lançada pela Vertigo (selo adulto) à toa: até estupro tem. Mas é a a idéia principal, a de choque entre o mundo instintivo dos animais e a racionalidade dos homens, e a aproximação da mentalidade dos dois, o que te conquistará.

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Leonardo1263 23/09/2023

Acredite... é baseado em uma história real
Sou fã confesso de Brian Vaughan, já li Saga (ainda aguardando a décima edição) e Y - O último homem e gosto da forma como ele escolhe contar histórias.

Em Leões de Bagdá, acompanhamos a história antropomórfica de 4 leões residentes de um zoológico em Bagdá. Em determinado dia, um pássaro anuncia que o céu está caindo ao ver um caça passar voando bem baixinho próximo da cidade. A história se passa em 2003, e aborda a invasão americana ao Iraque. Após muitos bombardeios na cidade, o zoológico é depredado e todos os animais fogem para a cidade. Agora, com a liberdade em suas patas, traçam planos de como e onde sobreviver em meio ao fogo cruzado de uma guerra.

Eu com certeza deveria ter lido isso antes, uma edição completa, que agrega muito, MUITO valor nos créditos e apresenta a ideia do porque escolher contar essa história. Cada personagem simboliza uma classe de pensamento social da época, o antagonista extremamente amedrontador, passa muito sobre o clima do lugar nesta época. E nesse ambiente desesperançoso torcemos para que os animais possam viver em um lugar tranquilo e natural, já que desconhecem os motivos de tanto sofrimento causado pelos homens.

O melhor de tudo, é que sim, foi baseado em fatos reais... Com pessoas ou animais?... Com animais mesmo! Só lendo a história e o pós fácil para entender as muitas camadas desta história tão simples, e tão aclamada em meio ao público fã de quadrinhos. Leia!!!
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evenancio 11/07/2010

Os Leões de Bagdá
Não é de hoje que eu digo que quadrinhos não é mais somente coisa de criança, afinal as crianças de outrora cresceram e adaptaram algumas diversões da infância para os seus dias - a história se repete com o videogame. Grandes celebridades intelectuais, reconhecidos inclusive pela literatura, estão presentes neste meio, como é o caso dos britânicos Alan Moore (criador do aterrorizante e apocaliptico V de Vingança) e Neil Gaiman, que colocou uma HQ (história em quadrinhos) pela primeira vez na lista dos livros mais vendidos da New York Times.

Atualmente temos uma série de escritores de HQ que desenvolvem histórias com temáticas adultas e complexas, que vão desde critícas ao sistema político americano até a extremidade da crueldade e violência entre os homens. Um destes escritores é Brian K.Vaughan, que já colocou um ex-superherói como presidente da república (Na série Ex-Machina) e um mundo onde existe apenas um homem e o restante da população é composta por mulheres (Y - The Last Man). Neste mês, a editora italiana Panini soltou em bancas e livrarias especializadas a sua obra "Os Leões de Bagdá", brilhantemente desenhada por Niko Henrichon. Esta é uma das grandes obras da literatura em quadrinhos, onde podemos tirar inúmeras lições e nos permite uma série de reflexões.

A história é baseada em acontecimentos reais, quando em 2003 quatro leões, sedentos e esfomeados, fugiram do zoológico, em plena ocupação americana, para as ruas de Bagdá. Seguindo esta premissa Brian K. Vaughan cria uma obra de características existencialistas e que faz valer a pena a leitura cuidadosa de cada página da graphic novel.

Continua em:
http://www.evenancio.com/2008/06/os-leoes-de-bagda-uma-leitura.html
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AleixoItalo 04/01/2011

Em 2003, durante o bombardeio dos EUA, em território iraquiano, o Zoológico de Bagdá, acabou destruído, e vários animais sumiram ou foram roubados. Entre esses, quatro leões, escaparam e vagaram livres e famintos pelas ruas de Bagdá. A história da Guerra do Iraque você já conhece, mas agora é contada sob um ponto de vista completamente diferente... O ponto de vista dos leões...

Quatro leões cativos do Zoológico de Bagdá, se vêem livres depois que bombardeiros americanos destroem o lugar. Agora sem as regalias ou limites aos quais estavam acostumados, devem se acostumar as novas situações pelo destino impostas, sobreviver a esse selvagem mundo novo.

Brian K. Vaughan que já tinha se consagrado com a excelente história de sobrevivência abordada em “Y, O Ultimo Homem”, agora ataca com essa excelente fábula do mundo moderno. Zill, o macho conformado e indeciso; Safa, a anciã que já provou como a vida é difícil e prefere a tranqüilidade do cárcere; Noor, uma jovem leoa que “Born To be Wild!” – ahá, essa foi massa; e Ali, um filhote que não conhece a vida fora do cativeiro, e está ansioso para conhecer o mundo – parece muito com um certo leãozinho que arrebentou no cinema uns anos atrás – são os quatro leões que compõe o grupo de protagonistas da trama. Com pitadas de George Orwell, Vaughan dá características bastante humanas para os animais, e dessa forma compõe sua excelente viagem rumo ao horizonte, numa verdadeira jornada em busca da liberdade e com tantos problemas – seja de origem humana ou animal – em seu caminho, sentiram o quão caro é o seu preço.

Á exemplo de A Revolução dos Bichos de George Orwell, Os Leões de Bagdá conta com um forte enredo psicológico, étnico e político, tornando-se não só uma crítica sobre a interferência do homem na natureza, como também uma critica ao sistema, se baseando na própria falta de liberdade do povo iraquiano. Apesar da analogia com a raça humana, os animais de Vaughan ainda mantêm todas as características do mundo animal, como temperamento, comportamento e organização, característica essa que fica fantástica não só nos leões, como em todos os outros animais usados na trama.

Para uma Graphic Novel tão inteligente e cativante, não poderia deixar de mencionar um fator substancial para a vida da obra: as ilustrações. Desenhada por Niko Henrichon, a história ganha uma dimensão fantástica, e muita profundidade. Os traços ficaram fantásticos, tanques de guerras, casas e prédios em ruínas e o sombreamento são estupendos, a anatomia dos animais é precisa e brilhante, e cabe as expressões faciais das criaturas conferirem dramaticidade e realismo à trama. Tudo isso foi imortalizado por Niko Henrichon, que fez dos quatro leões personagens inesquecíveis – destaque para Ali, que com o mesmo temperamento e mesma aparência, é uma cópia de Simba, de O Rei Leão.

“Baseada em fatos reais”, a obra vencedora do Harvey Awards como melhor Graphic Novel, é forte e dramática, cheia de lições que o homem deveria aprender. Assim como algumas belas obras de Esopo, Os Leões de Bagdá, é uma magnífica fábula moderna.
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Rodrigo 09/12/2009

Leões de Bagdá foi lançado aqui no Brasil em 2008, mas só esse ano pude lê-lo, depois de comprar pela internet, já que a distribuição da Panini deixou a desejar. Sem mais delongas, vamos ao review.

Não da pra começar a falar da graphic novel “Os Leões de Bagdá” sem mencionar a arte da revista, e que arte. O desenhista Niko Henrichon da um show, há uma pequena obra de arte em cada página, e eu fiquei sem saber se lia os diálogos primeiro ou se primeiro via os desenhos. O certo é que é um pecado passar as páginas sem parar para apreciar os detalhes de cada uma. E Leões de Bagdá é apenas a primeira graphic novel desenhada por Niko. Aonde ele se escondeu até hoje?

O roteiro ficou por conta de Brian K. Vaughan, que tem no seu currículo “apenas” Y: The Last Man e Ex Machina. Brian se inspirou numa história real (pelo menos é o que afirmam na revista, mas eu nunca ouvi tal história) de quatro leões que fugiram do zoológico de Bagdá durante um bombardeio americano, em 2003.

O tema central dessa obra é a liberdade. Vale a pena abrir mão da segurança por liberdade? A liberdade é realmente tão boa assim ou não passa de discursso de jovens imaturos que não conhecem a dureza do mundo? A liberdade pode ser dada ou apenas conquistada?

Brian, sabiamente, não procura responder nenhuma dessas perguntas e as deixa todas em aberto. Durante a narrativa ele mostra ao leitor as vantagens e disvantagens da liberdade. A jovem leoa Noor, que ainda muito jovem foi capturada e lavada ao cativeiro, sonha com a liberdade a todo custo, enquando a leoa Safa, que viveu muito tempo livre, defende ferozmente que a liberdade não paga a segurança e conforto que tem em cativeiro. Há ainda os leões Ali e Zill. Ali é muito jovem e já nasceu no zoológico e Zill tem uma lembrança vaga da liberdade, mas prefere mesmo pe ser alimentado com carnes suculentas ao invés de ter que caçar.

Eu gostei muita da história, embora há um personagem, o leão Rashid, que pouco ou mesmo nada acrescenta a trama. Não que isso comprometa, mas achei bem estranho, porque nada em Leões de Bagdá é gratuito. Talvez eu não tenha entendido bem a “essência” do personagem. Fica pra uma segunda leitura da obra. Além disso eu criei uma expectativa muito grande por essa graphic novel, e fiquei um pouco decepcionado com o final, porque esperava que houvesse mais história a ser contada. Mas na verdade acho que todo mundo sente isso ao chegar ao final de uma grande história, fica sempre aquele gostinho de “quero mais”.

Leitura recomendadíssima, aprecie sem moderação!
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Matheus Lins 06/05/2009

http://battlenerds.wordpress.com/2009/05/03/os-leoes-de-bagda/
Os Leões de Bagdá remete, a princípio, a O Rei Leão, famosa animação da Disney, por também ser protagonizado por leões com comportamentos homólogos ao do Homem, e por um dos seus personagens - o infante do grupo, Ali - ser claramente inspirado no jovem Simba. Essa impressão, todavia, logo se dissipa quando o leitor é posto a presenciar, em caráter de flashback, uma forte cena de estupro de uma de suas protagonistas, a hoje idosa Safa. Posteriomente, as cenas de violência gráfica e o semblante dos corroboram: este não é um livro para crianças.

Os Leões de Bagdá é uma fábula de forte tom político que narra o cotidiano do grupo de lões do título, que enfim alcançam a tão almejada liberdade quando o zoológico em que se encontram é bombardeado e destruído por caças americanos. A trama, então, muda de ambiente; do zoológico para a destroçada cidade de Bagdá, onde eles se virão forçados a superar muitos empecilhos e desafios se quiserem sobreviver, mostrando que a tão sonhada liberdade pode vir com um preço alto demais.

O bando de leões é composto por quatro indivíduos, cada um com personalidades muito bem delineadas e imbuídos de idelogias e crenças distintas, decorrentes dos diferentes contextos de que cada um veio: Safa, a anciã, nasceu e viveu na mata, da qual ela guarda amargas lembranças e, por isso mesmo, é a menos excitada com a ideia de regressar ao mundo selvagem; Noor, a “cabeça” do grupo, também nasceu nas selvas mas cresceu no Zoológico, portanto, uma visão idealista do que é viver lá fora, ansiando pelo dia em que poderá enfim caçar a sua comida ao invés de simplesmente ganhá dos tratadores; Zill é O leão do grupo, ele assume uma postura zen a maior parte do tempo, intervendo apenas quando absolutamente necessário; e Ali, o filhote de Noor com Zill, cuja ingenuidade, vitalidade e bom-espírito são postos à prova perante o cruel mundo que o espera fora das jaulas.

Brian K. Vaughan prova-se mais uma vez um roteirista talentosíssimo, demonstrando um tato formidável tanto para a construção dos personagens, que rapidamente cativam e ganham a nossa simpatia, quanto pelo storytelling, dotado de um subtexto político bem evidente, mas sutil o suficiente para permitir múltiplas interpretações dos muitos simbolismos que permeiam a obra.

Aliada à extraordinária escrita de Vaughan, encontra-se a inspirada arte de Niko Henrichon, nome desconhecido dos quadrinhos alternativos canadenses que, aqui, faz o seu debut nos quadrinhos asmericanos da melhor forma possível. Seu traço é levemente rabiscado, porém rico em detalhes, capaz de transmitr com exatidão as emoções dos personagens por meio de feições bastante expressivas. Impressiona, também, o fato de esta ser a sua segunda graphic novel, sinalizando que ele ainda tem bastante potencial de crescimento como artista.
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Guilherme F. 28/03/2009

Uma história tocante sem precisar personificar os animais, o que torna a historia um pouco mais real. O desenho é show. E a historia é de fácil e rápida.
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