Paulo Renan 05/12/2015O Cristão e o cinema. O livro de Brian Godawa é um excelente sopro de reflexão sobre o cinema e a mensagem que cada filme se propõe a passar. Não são raras as situações em que vemos uma obra cinematográfica, mas não extraímos praticamente nada além do entretenimento de algumas horas (como uma forma de esquecimento da realidade).
A passividade perante o que assistimos é uma questão pertinente a cristãos e não-cristãos; porém, o livro foca na relação que a igreja cristã evangélica tem com as produções hollywoodianas, destacando dois extremos de atitudes: a glutonaria cultural (atitude que consiste na absorção irrefletida de toda sorte de produção cultural; não há filtros, tudo convém ser degustado) e a anorexia cultural (que seria a atitude de negação de qualquer elemento cultural secular por parte do crente). O alerta de Godawa é muito claro e permeia praticamente todo o livro: é preciso ter equilíbrio perante a cultura.
No restante do livro, o autor traz diversas visões de mundo que estão presentes nos filmes, invocando como ideia subjacente que todo e qualquer filme, do mais bobo até ao mais complexo, possui uma visão de mundo que busca espaço nas mentes e corações dos cinéfilos. Para ilustrar este ponto, o autor analisa diversos filmes e explica em poucas palavras como os filósofos e suas ideias impactam as obras que temos acesso. Demonstrando, definitivamente, que a sétima arte não é um campo neutro.
O livro ainda aponta as diferentes formas como a espiritualidade é abordada nos filmes, dedicando um capítulo sobre o cristianismo no cinema, indicando pontos fortes e fracos das premissas das obras, mediante à revelação das Escrituras.
Finalizando o livro, há dois apêndices que complementam o livro, dando-lhe um toque especial. O primeiro é "Sexo, violência e linguagem obscena na Bíblia", onde o autor "responde" às críticas cristãs à respeito do excesso de cenas "impróprias para menores" tomando como argumento o fato de que na Bíblia "há muito elementos impróprios para menores" e como o cristão deve lidar com isto. E o segundo apêndice "A paixão de Cristo", onde é analisado o filme de Mel Gibson, lançando luz sobre alguns pontos não muito bem recebidos pelo público evangélico.
Creio que a mensagem principal que fica ao término do livro é a de que o cristão deve envolver-se com a cultura, conhecer o que os não cristãos estão recebendo por meio dos filmes, literatura e das artes em geral. Isto deve ser feito, também como uma espécie de entretenimento, mas não um entretenimento cego, sem propósito; mas, sim, "analisando todas as coisas, retendo o que é bom" (1 Tessalonicenses 5.21); não se embriagando com a cultura, mas provando o seu vinho, de forma que possa, mediante conhecimento de causa, propor soluções para um mundo sem padrões, um mundo sem Cristo.