Daniel.Lima 07/07/2018
Este é um livro para ser lido várias vezes!
Confesso que, quando comprei, achei que se tratava de um simples livro infantil, e comprei justamente para ler para o meu filho. Ele adorou a história. Naquele momento também achei o livro divertido e recheado com algumas informações interessantes, mas nada demais. Basicamente uma fábula contando a história de um macaquinho de pelúcia que viajou pela Argentina e pelo Chile.
Minha visão sobre "A Viagem de Mucuvinha" mudou quando eu estava vendo um documentário na TV sobre santos católicos. Vi que falavam sobre um santo chamado "Gauchito Gil", e lembrei que já tinha ouvido falar nele em algum lugar. Peguei o livro do Mucuvinha e lá estava o Gil: o primeiro personagem que o Mucuvinha conheceu. No livro ele não é apresentado como um santo, mas como um soldado desertor. A história de Gil é fiel a do santo enquanto era vivo, inclusive os locais onde eles se encontraram e onde Gil supostamente morava. Animado com esta informação, li o livro de novo e pesquisei cada personagem encontrado pelo Mucuvinha. Karaí e Carayá, dois personagens que parecem ter sido criados somente para dar alguma animação na história, fazem parte do folclore Guarani, presente no nordeste da Argentina. A senhora que Mucuvinha conheceu costurando uma bandeira da Argentina em Rosário realmente existiu, e a ela é atribuída a criação da bandeira azul celeste. Mais para a frente ele conhece Ernesto e Alberto, que nada mais são que Ernesto Che Guevara e Alberto Granada em sua viagem de moto quando ainda eram adolescentes. Mucuvinha também conhece um dinossauro em uma região famosa por guardar fósseis na Patagônia. O pirata que ele conhece no Canal de Magalhães realmente existiu e viajava bastante por aqueles lados. A cidade fantasma? Real. Os mapuches chilenos? Reais. Ele também encontra com os poetas ganhadores do nobel: Pablo Neruda e Gabriela Mistral (na primeira lida, a Mistral me passou completamente despercebida, já que Mucuvinha supostamente a encontrou quando era criança). Até mesmo o local onde o Mucuvinha pega carona em um disco voador é famoso pela aparição de OVNIs.
Enfim, o livro não é apenas uma fábula, mas uma enciclopédia escrita na forma de uma fábula. Uma pena que o autor não tenha introduzido muitas notas explicativas, pois muitos que leem o livro podem acabar nem se dando conta de todas as informações importantes que ele contém.
O livro é disposto em capítulos curtos (na média de 4 a 6 páginas por capítulo), e cada capítulo traz uma curiosidade nova. Isso ajuda muito para que a leitura seja fluída e prazerosa para as crianças.
Em resumo, uma verdadeira obra-prima. Uma pena que nenhuma sequência foi escrita, e também se trata de um livro difícil de achar, já que aparentemente é uma produção independente.