Garotas & Sexo

Garotas & Sexo Peggy Orenstein




Resenhas - Garotas & Sexo


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elis 11/02/2024

Mostra realmente como a educação sexual é uma parte fundamental da vida, o livro diz tudo sobre tudo mas ainda sim não achei que teve um tema que te prende, achei que fala muito superficialmente e com algumas sem sentido.
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Marcella.Pimenta 07/02/2023

Os efeitos colaterais da Revolução Sexual entre os jovens
O livro mistura as conversas da autora com jovens meninas (entre 15 e 20 anos) dos Estados Unidos, opiniões de especialistas e a de Orenstein sobre sexo afinal, a obra surgiu da preocupação dela como mãe de uma menina. Daí um estilo fácil e acessível de leitura.

Entre os assuntos que orbitam o tema sexo incluem-se: estupro e agressão sexual, homossexualidade, prazer e virgindade. Se não ficar claro no decorrer dos capítulos, no último a autora explicita sua visão feminista e progressista.

Percebe-se que ela tem uma real preocupação com os problemas que as meninas enfrentam, pois reconhece os males da pornografia, que as festas universitárias facilitam o estupro (a bebida alcoólica deixa a mulher mais vulnerável, porque mulher metaboliza o álcool diferente do homem, e fica bêbada mais facilmente) e que a mídia sexualiza demais as mulheres.

Tudo isso popularizado pelo feminismo, o que ela falha em identificar. Ainda, ela fala que os jovens estão mais confusos, e até deixa subentendido que isto é um reflexo da proposta do sexo casual e sem compromisso que a Revolução Sexual "conquistou".

Uma menina pode fazer sexo oral num cara que mal conhece porque não quer transar com ele (a intenção dela é que ele "fique satisfeito" e pare por aí) ou porque quer algo mais. Até as definições de estupro e de consentimento são imprecisas, ou seja, inexistentes.

Outro ponto interessante é a decepção de meninas que fizeram "sexo sem compromisso", porque entraram na onda do "não precisa de sentimento, pode ser só diversão" e terminaram feridas porque o cara a dispensou ou estava saindo com outra garota. A ideia do "sem compromisso" não é justamente a ausência de exclusividade e de laço afetivo?

Enfim, o livro coloca muitas questões relevantes e preocupantes sobre o sexo entre os jovens, efeitos colaterais da Revolução Sexual. Não adianta negar que o sexo é diferente para meninos e meninas. Um livro parecido sob a ótica masculina seria muito bem-vindo.
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Otávio - @vendavaldelivros 01/12/2022

“Existe uma coisa útil acerca do consentimento: todo bom amante é um bom ouvinte. E um mau ouvinte é, na melhor das hipóteses, um mau amante, e, na pior, um estuprador.”

Para mim, é muito claro que a sexualidade humana é um tema infestado de tabus retrógrados, de medos absurdos e desinformação constante. O pânico moral que se instala atualmente na sociedade, em especial no Brasil, passa muito pelas questões de gênero e sexo e refletem, categoricamente, como desenvolvemos mal esse assunto desde sempre. Mais do que isso, o machismo, a misoginia e a violência contra mulheres, cis ou trans, só reafirmam como a sexualidade precisa ser um tema constante, em um debate construído com informação e segurança.

Publicado em 2016, Garotas & sexo é escrito pela americana Peggy Orenstein, jornalista, dedicada a escrever e pesquisar sobre temas que envolvem a sexualidade, especialmente no contexto dos EUA. Em Garotas & sexo, a autora traz o resultado de uma série de entrevistas realizadas por ela com meninas americanas de diversas origens e regiões. Essas entrevistas tinham como objetivo entender e decifrar como essas meninas enxergam e tratam a sexualidade e quais os efeitos que diversos contextos causam nessa questão.

Fluído, sensível e extremamente racional, o livro é um retrato extremamente interessante da sociedade americana e de como um conservadorismo tacanho e histórico criou diversas distorções no que diz respeito à sexualidade. De mulheres que se sentem obrigadas a praticar sexo por pura pressão social até os atos de sexo forçado, percebemos que a distância não é tão grande. Pelo contrário, são caminhos assustadoramente próximos.

Recheado de relatos, alguns extremamente dolorosos e emocionantes, Garotas e sexo cumpre o papel de nos alertar para a urgente necessidade de termos diálogos francos, abertos, sinceros e verdadeiros com nossas meninas e meninos. Não sou pai ainda, mas sempre acreditei que uma relação de pais e filhos deva ser fundamentada também no diálogo aberto sobre todo e qualquer assunto, esse em especial. Aqui, Peggy só reafirma minhas convicções.
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Biblioteca Álvaro Guerra 25/09/2018

Garotas & Sexo
" Garotas & Sexo, é uma reflexão sobre o empoderamento feminino hoje e sobre como o prazer sexual das mulheres - ou a falta dele - se relaciona com isso. É também um chamado para que os pais comecem a conversar com os adolescentes sobre sexualidade - incluindo o direito das mulheres ao prazer sexual." MOTHER

Livro disponível para empréstimo nas Bibliotecas Municipais de São Paulo. De graça!

site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/978-85-378-17049
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Delirium Nerd 21/08/2018

Uma investigação profunda e honesta sobre a sexualidade feminina
A educação sexual de jovens e adolescentes foi e continua sendo um terreno de disputas acaloradas. Depois de décadas de uma educação voltada à abstinência e a pouca informação disseminada sobre sexualidade e biologia, enfrentamos agora um problema que se tornou um monstro: Os índices de estupro nas universidades americanas atingiram números epidêmicos, ao mesmo tempo que a justiça falha em responsabilizar os perpetradores. O consumo de pornografia entre jovens, além de sua crescente expansão, está se tornando natural para garotos cada vez mais novos. Problemas sociais como a disseminação de doenças sexualmente transmissíveis e as altas taxas de gravidez na adolescência ainda são questões irresolvidas.

A abordagem das escolas, dos educadores e dos pais não foi eficaz em informar os jovens das responsabilidades que a vida sexual exige, nem de guiá-los a uma sexualidade não-predatória, igualitária, prazerosa e compartilhada. No meio de todas essas questões estão os jovens e adolescentes, carentes por experiências, por aceitação e por visibilidade, e que muitas vezes encontram esse nicho de sentimentos na cultura da mídia, nas redes sociais e na pornografia.

Peggy Orenstein baseou seu livro Garotas & Sexo em conversas que teve com 100 garotas dos Estados Unidos. Variando entre localidades, classes sociais, orientação sexual e etnias, ela conversou abertamente com cada uma sobre sexualidade, cultura e relações amorosas. A primeira coisa que escritora reparou foi a grande predisposição das meninas de engajar em conversas pessoais sobre esses temas. As jovens querem falar de suas experiências, ser ouvidas e compreendidas e, no geral, estão sedentas de informação e dispostas a questionar o padrões de comportamento vigente.

Muitas delas carecem de ambientes familiares em que perguntas e informações sobre sexo sejam trocadas entre pais e filhos com honestidade, e outras que mesmo observando uma abertura entre os pais para falar do assunto, não se sentem à vontade ou não desejam ter essas conversas com os pais.

Em Garotas & Sexo, Peggy utiliza o conhecimento e dados sobre a história social dos EUA, e aprende com o passado das políticas públicas e de educação sobre as consequências observáveis no comportamento dos jovens de hoje. Por que as garotas permanecem sendo um grupo extremamente vulnerável à violência sexual? O que nossa cultura hipersexualizada e pornificada está ensinando aos jovens e adolescentes sobre sexualidade? Como as criações da mídia influenciam o comportamento sexual dos jovens? Por que a Universidade, entre todos os lugares, é um ambiente propício para violência sexual? São essas perguntas que ela tenta responder ao conversar com as meninas sobre a cultura do álcool nas Universidades, sobre as novas “ficadas” que agora incluem sexo oral antes do beijo e do romance, e sobre a auto-estima e experiências dessas meninas, que muitas vezes estão sujeitas a uma objetificação tanto social quanto auto-criada e desenvolvida por meio da exposição às mensagens midiáticas, que atribuem o valor de uma mulher à sua aparência e comportamento.

Peggy busca exemplos na indústria da música, como Miley Cyrus, para analisar como sua imagem e sua narrativa de sexualidade — ”É minha escolha”, “Eu QUERO ser uma vadia” — imputaram comportamentos nas jovens de hoje, sem adotar uma perspectiva conservadora, mas ao contrário, bastante crítica e progressista, Peggy Orenstein observa como esse discurso se difundiu entre as garotas e se tornou o padrão de comportamento esperado. Ela oferece uma perspectiva crítica, questionando como essa liberdade em celebrar o “sim” acaba com as defesas das garotas perante situações de abuso, e como os garotos são levados a enxergar as negativas das garotas como um convite à insistência ao analisar situações reais vividas pelas garotas entrevistadas.

A autora relata em Garotas & Sexo que muitas das meninas estavam bastante conformadas com a ideia de que seu valor era condizente unicamente com sua sexualidade, expondo um duplo padrão que é imposto à elas: se você não transa, você é frígida, e se você transa, você é uma p*ta. É comum entre elas uma pressão social para que as atividades sexuais comecem logo, o que mostra que muitas garotas iniciam suas vidas sexuais sem que seu desejo e suas vontades sejam levadas em consideração. O prazer e a sexualidade feminina parecem estar em segundo plano na cultura das ficadas: o importante é garantir uma performance sexual atrativa e agradável aos garotos.

É interessante como ela faz a conexão entre a socialização dos garotos, que funciona no sentido de destruir suas sensibilidades, impedir que eles desenvolvam empatia pelas garotas, que os ensina ativamente a considerar as meninas e mulheres como seres inferiores, úteis principalmente por sua capacidade de oferecer sexo, com os números astronômicos de violência sexual que os EUA apresentam hoje. O estupro também é normalizado via cultura, em que os meninos aprendem que há poucas punições para quem violenta sexualmente, e que a vítima tem parte da culpa do ato de violência. Para as meninas, entretanto, a socialização funciona no sentido de se tornar incapaz de reconhecer situações de violência e abuso, porque durante boa parte de suas vidas elas aprendem que os sentimentos dos homens têm valor, enquanto um corpo violado de uma mulher é geralmente culpa dela mesma.

Peggy relata em Garotas & Sexo a dificuldade das jovens garotas em agir contra abusos e violências como sintoma dessa educação objetificada. Muitas delas feministas e adaptadas aos novos termos e discursos da luta das mulheres, ainda assim essas garotas têm poucas ferramentas emocionais para identificar situações perigosas e a reagir perante à violência sexual, justamente pelo apelo cultural de normalização de abusos.

A autora investiga e traz à tona outros modelos de educação que tratam da sexualidade com adolescentes de formas mais honestas e abertas, e compara os modelos americanos e holandeses demonstrando a importância do envolvimento da educação, de educadores, pais e mães e na criação de um diálogo que vise a conscientização e prevenção. Enquanto a política americana foi – durante as longas décadas conservadoras de Reagan e Bush – focada na abstinência e na culpabilização dos jovens que se interessavam por sua sexualidade, produzindo um campo aberto para a disseminação da pornografia, além de não diminuir os índices de contaminação e de gravidez indesejada; a Holanda desenvolveu um modelo educacional focado na prevenção e no diálogo. O resultado é que os jovens holandeses começam sua vida sexual relativamente mais tarde que os americanos, levam mais a sério a prevenção, têm índices mais baixos de gravidez na adolescência, de doenças sexualmente transmissíveis e constroem relações mais duradoras e satisfatórias.

É claro que independentemente do modelo adotado para educação dos jovens sobre sexualidade ao redor do mundo, a violência sexual ainda é uma constante a ser combatida. A crítica de Peggy Orenstein em Garotas & Sexo, entretanto, é otimista no papel da educação e de uma mudança cultural que possa endereçar os problemas que enfrentamos na questão da sexualidade atualmente. O trabalho é de base, assim como é global. Começa na educação de jovens juntamente com as gerações anteriores, e demanda um esforço conjunto, mas que têm consequências que podem, de fato, ajudar na libertação das mulheres e garotas de todo o mundo.

site: http://deliriumnerd.com/2018/08/14/garotas-sexo-peggy-orenstein-sexualidade-resenha/
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