Marcos Nandi 24/07/2022
O ocidente criou o ódio
A autora, entre outros pontos, tenta desmistificar o preconceito ocidental sobre o islamismo, desde as cruzadas, o caso do escritor Salman Rushdie até o onze de setembro.
Há, como já sabido, um preconceito criado pelo ocidente por diversos motivos, seja por medo de uma religião diferente ou medo de um povo forte e dominador, uma grande potência mundial.Maomé sempre foi difamado por autores e pensadores europeus, em especial, durante o colonialismo europeu.
Interessante que na Espanha os muçulmanos conviviam em paz com cristãos e judeus, havia liberdade religiosa desde que Maomé não fosse atacado e também, havia o livre pensamento e tolerância ao ceticismo.
Até que, Eulógio e Álvaro, cristãos, começaram a dizer que Maomé e o islã era a personificação do anticristo. A partir disso, a autora aborda sobre o que Urbano II fez durante as cruzadas.
Maome, era lido com uma lenda, fictício, criavam-se lendas para difamar seu nome, diziam que suas experiências místicas eram causada pelos ataques de epilepsia. Além disso,os cristãos, que trabalham com ou para os muçulmanos, era perseguidos, perdiam bens e também, podiam ser excomungados.
Por volta de 610 (então com 40 anos), Maome estava com sua família peregrinando em Meca quando foi despertado por um anjo. O ego do povo muçulmano se elevou, pois, Deus resolveu se manifestar em árabe, já que "tinham sido excluídos do plano divino"
Porém, o mundo árabe estava desunido. Tendo assim Maome, uma árdua missão, conseguir que o povo se tornasse único e com uma nova e orgulhosa identidade.
Maome, considerado uma boa pessoa, não gostava de ser tratado por títulos pomposos, um homem tolerante, defensor das mulheres, escravos e contra agressão aos animais, um bom pai e esposo, teve uma grande dificuldade de unir o povo árabe. Apesar da biografia ser incerta, baseada na oralidade e em lendas sobre seus prodígios e seu nascimento miraculoso.
Durante 23 anos, a partir da revelação, o profeta foi criando o alcorão, o que é impressionante, já que em nenhum momento fora dito que o profeta era divino (igual Jesus Cristo).
Maome, assim criou uma das maiores religiões do mundo, criou uma obra literária, e unificou o mundo árabe transformando em uma grande potência.
Antes da unificação do mundo árabe por Maome, os árabes viviam de forma muito precária, nômades, tinham muita fome e viviam desnutridos. Mas viviam em grupos, de uma forma quase que ligadas por um cordão umbilical. Não exista a figura do indivíduo, tudo era a cerca da proteção do grupo. Tinha se como ética, o muruwah, que davam sentidos aos árabes para se proteger dos perigos que cercavam as tribos (até a chegada do dinheiro).
Quando Maome nasceu, a família dele passava por dificuldades financeiras e de poder, e desde seu nascimento, já se dizia que ele era profeta. Seu pai, morreu quando ele nasceu e sua mãe, morreu quando ele tinha seis anos, sendo assim, criado por seu avô até os oito anos, quando seu avô morreu, sendo criado por seu tio.
Apesar de ter um bom treinamento militar, até os vinte cinco anos não teve grandes feitos e nem grandes prodígios. Após a revelação, ele ficou tão assustado que pensou em suicídio.
O que começou apenas divulgando a mensagem de Deus começou a tornar uma grande confusão, a começar, que pregava contra o acúmulo exagerado de capitais e pregando pela doação de esmolas, alçando assim, novos convertidos que eram fracos,pobres e os jovens.
Começou então a dividir as famílias!
Mas o ato derradeiro foi quando Maome pregou contra a idolatria de outros deuses, sendo ameaçado de morte, tendo seu clã sofrido um bloqueio de alimentos e tendo que por fim, se refugiar em outro local. Apenas não morreu, devido a proteção de sua família, em especial seu tio.
Maome era visto como um ateu.
Com a morte do seu protetor, Maome, precisou fazer a conhecida Hijra, ou seja, o êxodo mulçumano de Meca para Medina. Se estabelecendo próximo aos judeus, que no começo eram pacíficos, mas que com o passar do tempo, começou a ter conflitos.
A famosa Hijra fora um divisor de águas para o islamismo, pois, quebrou aquela ideia tribal de sempre viver com seus parentes de sangue e logo, sem sua proteção.
Mas como o Profeta estava correndo risco de vida, foi a solução achada. O êxodo era opcional. Quem não fosse, não era considerado apóstata ou coisa que o valha. Mas, para o povo de Meca, os que partiram eram considerados traidores e sem princípios, já que romperam o sagrado laço sanguíneo.
A guerra santa, começou quando os muçulmanos iniciaram saques contra as caravanas que iriam pra Meca, como forma de estabelecer poder.
Em cinco anos, o profeta, conseguiu fundar uma religião, mudou a questão tribal e como o capitalismo era visto pelos árabes, sendo que, Maome nunca quis converter o mundo inteiro, mas sim, criar uma religião para a linhagem de Ismael (filho de Abraão com Hagar, sua escrava).
(Um adendo: o conflito entre judeus e muçulmanos nessa história é apenas político, nada tem a ver com o antissemitismo ocidental que desprezava os judeus como uma raça inferior)
Interessante quando a autora menciona sobre a poligamia, que foi uma forma de "adotar" mulheres viúvas com filhos. Além disso, interessante a questão dos jijab que era apenas usada pelas esposas do Maome e depois, outras mulheres quiseram usar. Também impressionante como a mulher e os escravos tinham valor na época, coisa que no mesmo período (e até hoje) são tratadas de forma desonrorada por cristãos. Inclusive, em relação ao dote, as mulheres tinham total liberdade pra usufruir desse benefício.
Depois de muita disputa entre Medina e Meca, Maome conseguiu um acordo de paz e um armistício que durou dez anos e consolidou a influência do profeta em unificar o mundo árabe em uma só irmandade.
Ele não era tido como santo ou imortal, e faleceu (a autora não diz qual o motivo da morte), só informa que tinha fortes dores de cabeça e teve desmaios. Com sua morte, começou a divisão entre xiitas e sunitas.
O livro é muito bom, porém, às vezes é uma leitura árida. Parece ser um pouco "chapa branca" já que a autora claramente quer mostrar a religião de forma racional. Mas é uma boa leitura.