Evasivas Admiráveis

Evasivas Admiráveis Theodore Dalrymple




Resenhas - Evasivas Admiráveis


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Clio0 09/05/2022

Esse livro parece ter sido escrito num momento de raiva. Como se todo o desgosto que o autor sente por justificativas (que ele nomeia como evasivas) fosse destilado nas frases mais mordazes possíveis, em que o desprezo jorra a cada parágrafo.

O título não coloca exatamente o dimensionamento da obra. Teria sido melhor usar algo parecido com "Como a Psicologia é usada para denegrir a Moralidade".

Não foi exatamente o objetivo do autor rebaixar a Psicologia como ciência... não que não haja numerosas alusões, alfinetadas e menções sobre o fato de que a Psicologia não é considerada, per se, ciência. Mas sim como as diferentes Escola de Pensamento criaram uma cultura de "justificativa/desculpa" que o sistema penal/social não pode absorver (ou absolver) dentro de uma sociedade.

Cada capítulo define como as abordagens de "teorias" psicológicas foram moldadas para criar uma noção ideal do "Eu". Assim, nas palavras do autor a população aderiu a ideia de que o "eu-real" é o eu "dopado", "não-institucionalizado", "condicionado", "não-traumatizado", "talvez-educado", etc.

É uma contra argumentação interessante acerca da formação do individuo.
Peter.AraAjo 18/01/2023minha estante
Não sou da área e me interessei pelo autor por razões políticas. Estou no capítulo 4 do livro e tenho exatamente essa mesma impressão: o autor parecia estar com bastante raiva de seus colegas e das "ciências da mente". ?




Karisma 20/08/2020

Raro achar um título que define tão bem um livro.
O livro demonstra um pouco da hipocrisia da indústria psiquiatra, psicológica e psicanalítica embutem na mentalidade cotidiana.

Leitura fluída e um contéudo que mesmo não sendo fictício, é interessante e prende a atenção.
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fabio.ribas.7 31/01/2023

Evasivas admiráveis
A culpa precisa ser de algo que não esteja sobre o meu controle: as estrelas, a neuroquímica, o ?outro? dentro de mim, vozes fora de mim ou um gene enlouquecido. Tudo isso transfere responsabilidade e nenhuma comprovação tem de fato. Como o próprio título do livro diz, são ?evasivas admiráveis?.

Como funcionam aqueles scanners de mapear cérebros? Se eu penso ou vejo uma imagem da minha mãe e a luz se acende, então aquela é a região responsável pelas emoções. E se um scanner for usado como prova de que uma parte do meu cérebro não poderia me controlar diante do meu crime, assim, a culpa é daquela parte do cérebro. Posso ser absolvido? Haverá atenuantes? E se pessoas que cometem crimes, essas máquinas revelarem que a parte de seus cérebros atribuídas a esses crimes está danificado ? uma luz não se acendeu ? então poderíamos segregar todas as pessoas que apresentassem isso?

No fim, Deus é o problema. O que os cientistas querem é explicar o inexplicável, mesmo que suas explicações sejam mera ilusão. Vocês acreditam que o Trivers, no prefácio de seu ?O gene egoísta?, dedica seu livro ao líder do grupo revolucionário Panteras negras! Realmente, no fim de tudo, é tudo uma guerra de religiões, um conflito de cosmovisões, sistemas de crenças na arena pública e privada: todos contra o Cristianismo. E Theodore Dalrymple faz questão de desmascarar essas ?evasivas admiráveis? dos neodarwinistas. Se agarram a explicações, mesmo que essas sejam absurdas.
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almeidalewis 17/12/2022

Opinião
DALRYMPLE Faz uma crítica a cerca que a compreensão de si mesmo não foi melhorada pelas escolas de psicologia e psicanálise ao invés disso elas podem até impedir o autoexame dificultando assim uma analise honesta de si mesmo que ele considera muito necessário a formação do caráter humano. Dalrymple considera que as psicologias vêm os comportamentos de maneira bem simplificada, inadequadas e também as vê como nocivas na medida que os que acreditam nelas não assumam responsabilidade pessoal por suas maneiras de agir e procuram colocar e ou responsabilizar os outros ( bodes expiatórios )

....essa é a opinião do psiquiatra THEODORE DALRYMPLE nessa sua obra.

Em 17de dezembro 2022, Alexsandro.
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Vinícius 05/12/2021

A psicologia subversiva
A psicologia e psicanálise são parte do foco do livro. O psiquiatra Anthony Daniels que usa o pseudônimo de Theodore Dalryple, mergulha a princípio na psicanálise freudiana e seus métodos de estudo controversos utilizando pacientes e familiares, as distorções causadas nos últimos anos nas abordagens da autoestima, testes neurológicos famosos que fizeram de pessoas comuns, potenciais torturadores sem escrúpulos, dentre comentários sobre o uso dos anti-depressivos que agem na serotonina e noradrenalina, avaliando a real necessidade destes em casos não tão complexos. Livro interessante para que trabalha na área de psicologia e psiquiatria.
Roberta 13/12/2021minha estante
Ótima dica!


Vinícius 13/12/2021minha estante
??




Alan kleber 14/04/2021

Nesse livro Dalrymple escreve sobre como a psicanálise está mais no campo da superstição do que no campo da ciência. E como várias correntes psicológicas que surgiram ao longo das épocas pioraram ao invés de ajudar a compreensão do homem sobre si mesmo, dando explicações falsas pra diversos comportamentos, atitudes, e formas de pensar equivocadas dos pacientes. Falhas de caráter são consideradas doenças, e assim precisam de tratamento e de remédios pra subverte-las, criando o consumo indiscrimindo de medicamentos.
A idéia do eu, do ego, da auto-estima, são formas de subverter a moralidade.
Mas Dalrymple não é contra a psicologia quando usada pra tratar coisas específicas como os transtornos de ansiedade e a depressão severa, ele critica quando a psicologia virá tratamento para o trivial.

" O behaviorismo era um sintoma da perpétua impaciência metafísica do homem.?
?Qualquer pessoa com acesso à internet, cuidado e determinação pode simular muitas das chamadas neuroses.?
" De acordo com os modos mais tradicionais de pensamento, aprender a se perdoar é aprender a agir sem escrúpulos, como forçar o próprio rumo sem se importar com as outras pessoas, como ? de fato ? se tornar um psicopata. Aliás, o multiculturalismo tem a mesma consequência lógica.?
?Ninguém pode dizer que qualquer conquista humana foi fruto da autoestima. Uma boa dose de dúvida sobre si mesmo é bem mais conducente (mas não suficiente) para tal conquista.?
" Faço aqui uma mera observação: pessoas muito ruins estão cheias de autoestima; criminosos famosos, por exemplo que se orgulham de seus feitos. Autoestima do mal é arrepiante.?
"Os rumores de grandes avanços na compreensão logo vazaram para a população geral, que desenvolveu grande apetite por drogas de autoajuda.?
" Creio que não há necessidade de apontarmos novamente a conveniência de uma hipótese de infelicidade e conduta indesejável para aqueles que buscam ?responsabilizar uma estrela por sua devassidão?. Em outras palavras, não sou eu, são meus meus transmissores.?

" Isso tudo é tão absurdo que nem precisa ou merece ser refutado. Mas podemos facilmente enxergar que esse tipo de baboseira, com sua cortina de fumaça de elaboração e sofisticação, serve para diminuir as dores da responsabilidade do homem sobre si mesmo de maneira individual e coletiva.?
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Danilo Andrade 23/06/2021

Ironicamente evasivo
Primeiramente, parabéns ao escritor e editores, por habilidosamente elaborarem um título que aparenta, em toda sua contundência, ruir com todo o arcabouço teórico da psicologia, construido e reavaliado por séculos, em pouco mais de cem páginas. Confesso que me enredei facilmente pelo chamariz do título, e devorei cada parágrafo do livro com intensidade jamais vista, esperando encontrar a tal moralidade que seria subvertida, e a tal "psicologia" que não valia uma patavina.

A frustração veio acompanhada de uma importante lição de exercício interpretativo, onde levar em consideração a intenção do autor em suas críticas, é de suma importância para delinear suas incongruências, visto que sua forma de tece-las baseia-se na hipersimplificação de conceitos e extrapolação para todas as demais áreas da psicologia, que ele insiste em agrupa-las como sendo homogêneas, ou seja, a sua intenção é a mesma de um piromaníaco numa loja de fogos de artíficio, movido pelo prazer de vê-la em chamas, e somente.

Algo que me impactou negativamente durante a leitura, foi o uso recorrente de argumentos ad hominem com a intenção de desqualificar pensamentos, teorias, ideias, usando exemplos pessoais que nada corroboram para uma análise honesta, o que demonstra inabilidade ou falta de consideração em estruturar suas críticas de forma responsável e sustentável.

Em meio à muitos acessos de raiva, o autor procura expor sua insatisfação em relação à forma nociva que alguns conceitos psicológicos são aplicados e capilarizados na forma de agir dos indivíduos em relação ao autoconhecimento, e na busca pela harmonia entre seus elementos psíquicos, o que é válido, em contextos recentes, de constante reforço da positividade, da fuga de responsabilidades, do investimento massivo em "receitas para a felicidade", que irremediavelmente conduzem indivíduos à condições mentais insalutíferas, com o bombardeamento de informações que o Zeitgeist atual se incumbe... entretanto, feito de forma simplória e reacionária, o que torna a obra pouco contundente na profundidade de suas considerações, visto que aborda a psicologia sem suas nuances e acaloradas divergências, presentes, muitas das vezes, nas mesmas correntes teóricas.

Esperava descritivas acerca da moralidade que ele busca conservar, e que a psicologia tende à destruir e subverter, mas me pareceu evasivo a falta deste tópico no livro.

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Kelvin 19/02/2021

Você é daquele tipo de pessoa que já falou "coach é merda, procure um psicólogo"? Pois é, eu já falei esse tipo de coisa, até que procurei uma psicóloga para falar sobre um problema que depois foi diagnosticado como TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade). Foi uma das piores experiências da minha vida, a psicóloga me enrolou das mais diversas formas, queria tentar achar a raiz do meu problema em traumas do passado e quase me fez pagar um número absurdo de sessões para tratar de um problema que nem era tratável pela abordagem que ela queria aplicar (a psicanálise). Depois, indo à psiquiatra, recebi o diagnóstico correto e fui alertado quanto ao charlatanismo de certos psicólogos. Desde então, tenho encarado a psicologia assim como o coaching, exceto por aqueles poucos profissionais realmente dedicados. Neste livro, o psiquiatra britânico Theodore Dalrymple (autor abordado no meu podcast "BBB 2021 e as consequências do sentimentalismo tóxico") procura mostrar como a psicologia contribuiu para o desgaste da moral, não tendo sido uma ciência verdadeira ou minimamente eficaz para curar os males da alma, contribuindo, na verdade, para uma piora generalizada desses mesmos males. Podemos perceber isso na ascensão de um tipo de moralidade enviesada e no crescimento do uso cada vez mais indiscriminado de antidepressivos e outros medicamentos.


Para desenhar sua visão, ele começa criticando os autores mais hypados da psicologia, como o o Sigmud Freud, que é revelado como um vigarista e um fabricador de provas falsas. Toda a sua teoria do inconsciente apela para um elemento vago, desconhecido e impossível de se estudar de forma obejetiva, o que no fim das contas se torna apenas desculpa para fazer as pessoas gastarem dinheiro em infinitas sessões de terapias inúteis tentando sondar um passado do qual nem o paciente e nem o psicólogo podem chegar a nenhuma conclusão certa. Dalrymple também expõe o absurdo da ideia de que patologias se originam de desejos reprimidos, explicando que, ao contrário do que diz a psicanálise, alguns desejos precisam mesmo ser reprimidos. Ele cita o exemplo de um rapaz que matou a namorada, pois não sabia o que teria feito se não a tivesse matado. "Algo grave, talvez", avalia sarcasticamente o psiquiatra. 


"Freud fabricava provas tanto quanto Henry Ford fabricava carros; era um plagiador que não só não reconhecia como deliberadamente negava a origem das suas ideias"


Outra corrente da psicologia que é fulminada de críticas é o behaviorismo de Skinner, que reduziu o ser humano apenas a um simples jogo de estímulo-resposta (um animal que pode ser adestrado), ignorando alguma dimensão metafísica que interfira no comportamento do indivíduo. Se, na literatura e no cinema, Laranja Mecânica (Anthony Burguess) evidenciava a impossibilidade de um psicopata se transformar em cidadão de bem por meio de procedimentos duvidosos, na história real presenciamos o uso de eletrochoques para tentar curar a homossexualidade. Tudo baseado em Skinner. Podemos ver mais limitações do behaviorismo no famoso caso Phineas Cage, que é a história de um homem que teve uma barra de aço atravessada no seu crânio em um acidente e sobreviveu. Depois de curado, no entanto, tornou-se um psicopata insensível aos valores morais. Embora, no geral, o behaviorismo seja efetivo no tratamento de fobias simples e muito específicas, é inútil para dizer algo sobre casos como o do Phineas Cage. 


"Talvez a maior conquista de Skinner tenha sido estimular a resposta de Anthony Burgess ao behaviorismo em Laranja Mecânica, em que Alex é condicionado a abandonar o seu amor pela música clássica por meio de choques elétricos administrados enquanto ele escuta a Nona Sinfonia, de Beethoven."


No terceiro capítulo, o alvo dele será a TCC (Terapia Cognitivo Comportamental), que tentou ao menos corrigir o erro do behaviorismo, adicionando uma nova dimensão: o pensamento. O problema é que isso acabou se transformando na famigerada auto-ajuda, com seus mantras de pensamento positivo. De fato, às vezes o pensamento pode convencê-lo de muitas coisas, é só observar as pessoas que acreditam ter doenças só de ler algo sobre uma doença da qual nunca ouviram antes (hipocondríacos). O problema é que isso cria uma classe de pessoas que começam a alimentar pensamentos no sentido de que não são responsáveis por seus atos, mas apenas alvos de uma doença (casos como o do Fiuk no BBB 2021 são emblemáticos). Nesse sentido, a maior arma para resolver problemas de sanidade mental no trabalho se tornou a canetada do médico, que colocará o paciente numa colônia de férias para curar seus males. Isso alimenta uma cultura de vitimismo que ele procura abordar em outro livro dele: "Podres de Mimados: as consequências do sentimentalismo tóxico". Dessa forma, nenhum comportamento é mais criticado, apenas "compreendido", e as pessoas devem "aprender a se perdoar", mesmo quando cometeram atos terríveis. O multiculturalismo nasce nesse bojo, culturas diferentes não podem mais ser criticadas só por serem diferentes, um índio que mata seus bebês ou o radicalismo islâmico deve apenas ser compreendido dentro do seu contexto. 


A TCC muitas vezes procura transformar uma pessoa patética num sujeito "faço e aconteço", mas o problema é que aumentar a autoestima não diz nada sobre os resultados concretos (em certas situações criam um indivíduo tão confiante e compreensivo com seus próprios defeitos que seus resultados pioram), ele conta até a história de um amigo professor que teve que deixar de corrigir provas em vermelho para não acabar com a autoestima dos alunos. A supervalorização da autoestima cria aberrações, pessoas que "responsabilizam as estrelas pela sua devassidão" (Rei Lear - Shakespeare), em criminosos terríveis (daqueles que assassinam e torturam dezenas de pessoas da forma mais vil) que se orgulham dos seus feitos e, depois, não são punidos, mas "reabilitados" por fazer livros em Braile para cegos (portanto, segundo a nova psicologia, tornam-se bonzinhos do dia para a noite). Isso subverte o primordial objetivo da prisão, que, no dizer de C.S Lewis, é proteger quem está lá fora e não cometeu nenhum crime e não necessariamente reabilitar o bandido. 


"Pessoas muito ruins estão cheias de autoestima; criminosos famosos, por exemplo, que se orgulham de seus feitos. A autoestima do mal é arrepiante."


A neurociência, por outro lado, apesar de mais objetiva e confiável, teve seus saldos negativos. A ideia de poder explicar comportamentos indesejáveis apenas pelo desequilíbrio químico cerebral nos levou a uma aparente explicação mágica, deixando outros fatores de lado. Nesse sentido, a depressão em uma época era deficiência de noradrenalina, em outra época já passa a ser deficiência em outro neurotransmissor. Atitudes que poderiam ser compreendidas como normais na literatura de ficção, como Gertrude, mãe de Hamlet, se casar com Claudius para superar a dor, agora se tornam sintoma de uma doença passível de cura por meio de algum remédio que altere a química cerebral. Dalrymple, sendo muito culto, vez por outra se serve dessas analogias brilhantes com a literatura universal para explicar o absurdo de algumas linhas de pensamento. 


Hoje em dia, a neurociência incutiu a ideia de que podemos desenhar nossas personalidades com o uso de químicos, adquirir autoconfiança, eliminar comportamentos irascíveis, tornar-se mais estudioso ou mesmo mais ativo socialmente. Na outra ponta, popularizou a ideia de que os genes podem explicar tudo, transformando o homem moderno no tipo de pessoa que "responsabiliza uma estrela por sua devassidão" (Shakespeare). É preciso, muitas vezes, apelar para exemplos extremos para compreendermos que muitos vícios são muito mais frescura (expressão que, quando utilizada nos dias de hoje, pode causar muita polêmica), como é o caso em que Mao Tsé Tung acabou facilmente com o vicio em cigarros usando medidas repressivas, algo que décadas de neurociência e fármacos não conseguiu fazer com muito sucesso. Esquadrinhar os genes humanos apenas com base em genética e química, portanto, o reduz ao nível de uma ameba. 


"O conceito de desequilíbrio na química do cérebro como a origem dos pensamentos, desejos, humor e comportamento, principalmente quando é mau comportamento, foi aceito pelos estudiosos do fim do século XX com a credulidade só excedida pelos camponeses medievais diante das relíquias religiosas."


Mais à frente, ele segue comentando alguns pensadores, como o sociólogo Émile Durkheim, que entendia o aumento do número de criminosos como essencial para aumentar a solidariedade social, como se já não houvessem criminosos demais para que esse pensamento pudesse ser considerado válido. O que percebemos é que, para explicar a criminalidade (algo que antes era explicado pelo existência do diabo), nada foi suficiente para aplacar nossas dúvidas quanto à sua verdadeira origem, seja ela hereditária, fruto de um complexo de Édipo mal resolvido ou o que quer que seja. Pior do que isso, a maioria das explicações pretendem reduzir o fenômeno da criminalidade invertendo o jogo e transformando criminosos em vítimas dignas de pena, ou seja, presenciamos um novo tipo de virtude calcada numa visão sentimentalista de mundo. 


Os evolucionistas procuram dar uma explicação mais refinada, mas esbarram no problema do gene egoísta (Richard Dawkins), em contraposição ao gene solidário (Robert Trivers). Este último tenta explicar a solidariedade com base nos insetos sociais, esquecendo-se de que seres humanos não criam colmeias. Esse panpsiquismo, tentativa de atribuir metas e propósitos ao inanimado (vírus e genes), esbarra em inúmeros outros problemas, como a moral. Se a moral puder ser explicada biologicamente é de se supor que seja atributo de uma inteligência maior; caso contrário, se a biologia não explica a moral, ela não é suficiente para esgotar certas perguntas fundamentais. 


A criminalidade e a maldade humana não são preto e branco, o experimento de Stanley Milgram, descrito no seu livro "Obediência à Autoridade", mostra como cidadãos comuns, aplicando eletrochoques em outros indivíduos sob a tutela de um especialista, podem ser cruéis aplicando choques cada vez mais severos que, se fossem verdadeiros, seriam suficientes para eletrocutar um indivíduo até a morte; entretanto, como acreditam cegamente na autoridade de um suposto especialista, não enxergam que nada demais em sua maldade ocasional. Como podemos perceber, explicações sobre a natureza humana são mais complexas do que sonham nossas vãs psicologias. Até por isso Shakespeare é o autor mais citado pelo psiquiatra britânico. A dimensão trágica da existência humana, de fato, é muito mais bem captada pela literatura, enquanto é negada pela psicologia.


"Lear em sua loucura afirma: "Oficial velhaco, suspende tua mão ensanguentada! Por que chicoteias essa prostituta? Desnuda tuas próprias costas. Pois ardes de desejo de cometer com ela o ato Pelo qual a chicoteias." Essas palavras de Shakespeare, escritas há quatrocentos anos, ilustram a maneira como podemos? não devemos? projetar sobre os outros nossos fracassos e malevolências, atribuindo a eles nossos desejos ilícitos ou pensamentos secretos.".
oLola 09/03/2021minha estante
Adorei a resenha, respeito, mas discordo de cada palavra, menos da afirmativa geral de que a psicologia é superestimada (pq é, cada ser humano é diferente; oq funciona para um pode não funcionar para outro, um dos maiores mistérios da humanidade). O livro em si se baseia em críticas a teorias cruas, ignorando décadas de problemas resolvidos com psicanálise, TCC, neurociência e outros: é extremamente fácil atacar a ideologia mantendo os resultados ocultos.

Importante ressaltar tbm que a psicologia é uma ciência, ela age para entender mistérios da mente, que muitas vezes vai permanecer misteriosa, mas meu ponto é: para exercer o cargo, temos que entrar na sala livres de nossa moral e nossos preconceitos, julgando pelo viés científico e através da realidade do julgado; sem traço de sentimentalismo. Por isso terapeutas não tratam familiares, amigos ou qualquer um com vínculo afetivo: como permaneceremos imparciais? E por isso terapeutas fazem terapia: como permaneceremos sãos?
É lógico, então, que não podemos julgar a realidade do outro através do prisma da nossa realidade. Pode parecer absurdo para quem não estuda psicologia, mas quanto mais se estuda sobre mais se entende: temos a história e temos o contexto, se analisamos fora do contexto, a história muda.
O que pode ser compreendido nem sempre será acordado, no entanto, como faço nesse comentário: compreendo o ponto de vista, mas discordo veementemente. O que você cita como "tirar a culpa do outro", criando pessoas que culpam fatores externos ou outras pessoas pelas suas atitudes, é uma inverdade descarada.
O que mais se faz em psico é se responsabilizar pelos próprios erros. Atenta-se, então, à diferença entre se culpar e se responsabilizar. A culpa nos paralisa, a responsabilidade nos move. Então, para haver mudança, há de se perdoar, sim; não podemos mudar o futuro carregando o peso do passado. Mas o perdão vem com o peso da responsabilidade. Engana-se quem acha que terapeuta passa a mão na cabeça e não faz o paciente voltar para casa chorando e com raiva do que escutou. A verdade dói e há de ser sabido que para curar precisa-se sofrer o male intensamente. Nenhum terapeuta estuda que pessoas são livres de culpa; isso se dá à falsa representatividade nos filmes e, mais tarde, aos terapeutas formados em charlatanismo.

Na questão do sociólogo: ele é sociólogo, não psicólogo.
Quanto às incongruências nas ciências estudadas na psicologia, existem pontos importantes. Na faculdade temos debates infinitos entre psicanalistas e behavioristas, por exemplo. Nós mesmos discordamos entre nós quanto à tratamento, por acreditarmos em absurdos ditos por famosos psicanalistas, psiquiatras; e discutimos casos em que ambos falham; por isso temos diversas especialidades. Cada terapeuta segue uma linha de tratamento, uma linha de especialidade, e não existe uma universal que vai funcionar para tudo.

Por isso se diz para procurar seu terapeuta até achar; TDAH é tratável com psicoterapia e remédio, podendo ser tratável sem remédio (casos reais); sua experiência com o primeiro terapeuta é completamente normal e não foi única: não temos super poderes, não é um exame de sangue. Se você foi em um psicanalista, você adquiriu o tratamento de psicanálise; como ele saberia qual problema antes de começar o tratamento? Existem casos em que pessoas começam tratamentos e depois descobrem que precisam mudar a abordagem terapêutica? SIM. Em TDAH o mais indicado seria TCC.
Diferentes pessoas, diferentes problemas, diferentes abordagens. Não tem como o paciente saber, e também não tem como o terapeuta saber. Assim como na medicina.

O fato de só o psiquiatra ter descoberto teu problema não encaixa a psicologia como o problema. Inclusive existem diversos casos de psiquiatras tratando transtornos (com compostos químicos) passíveis de psicoterapia; colocam band aid em um problema que pode ter cura! Os erros são igualmente proporcionais.
Mas não esqueceremos que o cérebro faz parte da nossa saúde. O valor que se dá à medicina, deve-se à psico, pois corpo e mente é uma coisa só e doenças físicas podem ter origens psicossomáticas, sendo o inverso também verdade.

Nem me refiro à neuro pq esse campo se defende sozinho, pelo resultado. As pessoas que usam de argumentos psicológicos e neuro científicos para não mudarem existem? De onde vem, do que se alimentam, como surgiram e porque fazem o que fazem? Se existem, não estão sentadas em um consultório, pois se estiverem passarão raiva. Não é para aceitar e propagar maus comportamentos que a psicologia existe.

Recomendo, se você tiver interesse, alguns documentários. Já que tu citou Milgram (um dos meus experimentos preferidos), aproveito para colocar o contexto desse experimento: de origem judaica, se intrigava com o fato de que, em julgamentos nazistas, diversos torturadores de patentes elevadas disseram que estavam apenas seguindo ordens; não fizeram nada de errado, a culpa não era deles. Será que eles não tinham consciência? Tudo isso traz reflexões muito interessantes sobre maldade humana, e estudando tudo que lemos, temos a exata contrária sensação de que pessoas são boazinhas: nem anjos, nem demônios. Pessoas são plurais. Você se assustaria com a complexidade com que sentimentos nos transformam. O experimento de milgram (2015).
Tem também um caso interessantíssimo sobre uma garota "psicopata" que foi tratada por um psiquiatra, e esse mesmo seguiu os ensinamentos de Freud sobre inconsciente e sobre os primeiros anos de vida; chama-se "a ira de um anjo (1992)".

Quanto à tudo o que disse, não falo e nunca falarei por todos os psicólogos do mundo; posso afirmar que não é nada disso que estudamos, mas pessoas são falhas, então com certeza há erros. Se olharmos pelo viés sociológico, os problemas apresentados estão certíssimos; mas há muitos outros pontos de vista e esse livro é só um recorte da visão geral.


Alan kleber 08/04/2021minha estante
Resenha muito boa.


Kelvin 08/04/2021minha estante
oLola, meu caro (ou será uma mulher?), atente à parte em que eu abro exceção àqueles psicólogos realmente dedicados -- que não me parecem ser a maioria, diga-se de passagem. Uma visão muito comum nos dias de hoje é ver psicólogos saírem da faculdade e abrirem instagrans com mensagens que parecem ter saído de coachs. Não me atrevo a dizer que são todos, mas são uma maioria medíocre. Uma boa parte deles pode estar fazendo muito mal ao paciente. Sobre a TCC para tratamento do TDAH, eu concordo contigo que TCC é uma área que evoluiu bastante, no entanto, há não muito tempo atrás ela era auto-ajuda (e os próprios livros voltados ao tema mencionam essa palavra, como se não fosse nenhum demérito). Nesse caso, ocorre tanto o problema mencionado por Dalrymple de tratar certos transtornos como se fossem mera questão bioquímica como também as terapias voltadas ao paciente "se aceitar mais". Basta ver o caso emblemático do Fiuk, onde qualquer crítica ao rapaz é vista como falta de empatia. Repito, isso se aplica a uma maioria, basta sair abrindo uma dezena instagrans de psicólogos recém formados para entender que charlatanismo é um problema muito sério nessa profissão.


oLola 10/04/2021minha estante
Well, babe, if you don't even know if I'm a woman, how can I take your argument seriously?? rs


oLola 10/04/2021minha estante
Well, babe, if you can't even tell me if I'm a woman, how will I take your argument seriously? rs


Kelvin 10/04/2021minha estante
Quê? Não foi um argumento, foi só uma pergunta, eu não tinha como saber no momento que digitei.




Marcella.Pimenta 30/09/2021

Ninguém explica o homem, nem a psicologia
Não é necessário conhecimentos prévios sobre as teorias da psicologia para compreender o que Dalrymple quer nos dizer.

Parte das ideias deste livro você encontra em outras obras dele, como "Podres de Mimados". A diferença é que aqui o autor defende que a psicologia ajuda o ser humano a criar desculpas para os seus problemas, evitando responsabilizar-se.

O cérebro, a genética, as condições sociais ou qualquer outra corrente científica, sozinha, não explica porque o indivíduo é como é.

Enquanto a psicologia se deixar levar pelo sentimentalismo e pelo que o paciente quer ouvir, não o ajudará.
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Fidel 22/12/2018

Evasivas Admiráveis, como a psicologia subverte a moralidade, obra do escritor e psiquiatra Theodore Darlrymple, é um ensaio sobre como a psicologia ajudou a arruinar valores seculares e como serviu de plataforma para as mais desastrosas experiências no campo da psique humana.

Neste grande livro, escrito em 100 páginas, Dalrymple vale-se da sua larga experiência acumulada em décadas de trabalhos como médico psiquiatra nos hospitais e presídios em muitas partes do mundo para fazer um alerta sobre a psicologia. Esta vivência, construída ao lidar com a demência e a monstruosidade latentes na mente humana, lhe confere autoridade para refletir sobre os equívocos e aberrações contidas e aplicadas a luz das teorias freudianas e as suas correlatas, com graves conseqüências para a humanidade.

Darymple chama a atenção nesta obra, para o fato do uso inapropriados e muitas vezes maldosos das descobertas do Dr. Freud sobre a natureza mental do homem e todas as teorias que surgiram depois desta, dando origem a milhares de ramos da psicologia em que não há provas científicas da sua eficácia, a não ser quando acompanhando de uma farmacopéia que muitas vezes traz efeitos colaterais piores do que o problema tratado: para o autor o behaviorismo é uma delas.

Isto não significa que a psicologia, após a leitura e reflexão do livro Evasivas Admiráveis, deve ser esquecida como estudo sério, dados que existem muitos resultados que comprovam a eficácia dos métodos e remédios que vem sendo utilizados há décadas.

Mas, é importante ter ciência que para tratar os problemas dos distúrbios emocionais, a psicologia é utilizada, desde a comprovação da eficácia de alguns dos seus métodos, para outros objetivos escusos como manipulação da vontade das massas. Esta talvez a mais perigosa das suas aplicações. O autor traz vários exemplos dos problemas causados pelas técnicas psicológicas e o uso de remédios e drogas no combate aos “problemas da alma”.

O autor adverte que ser infeliz, deprimir-se (salvo os casos mais graves, e este sim precisa de tratamento), faz parte da condição humana. Somos humanos uma vez que sofremos, nos angustiamos, sonhamos, amamos e odiamos. Isto coloca-nos diante do grande desafio que é viver. Portanto, aceitação e superação buscando em si as respostas para as perguntas que não ouvimos por covardia nossa, mas que nos angustia, são os caminhos para o tratamento, que não tem cura, diga-se de passagem, sobretudo na vida atual, mas que podem nos auxiliar a entender quem somos e porque sofremos.

Vale ressaltar, e isto fica evidente no livro Evasiva Admiráveis, que foi graças a estas angustias que a humanidade construiu o que há de mais belo: nos enriquecemos com obras de grandes músicos como Bach, grandes dramaturgos como Shakespeare e tantos outros que ao explorar o sofrimento da alma, a tornou-nos melhores.
Dentre os livros de Dalrymple que li até hoje, este foi sem dúvida o que mais me propôs uma experiência enriquecedora. Mas não deixei, por isso, de confiar nos tratamentos psicológicos, até porque sabemos da sua eficácia em muitos casos.

Porém, fica a lição: antes de procurar o tratamento especializado para expor o que há de pior em cada um de nós, (sim, refiro-me ao que há de pior, pois nunca ouvi falar de alguém que procurou um psicólogo para expor que se sente incomodado por ser feliz. O que seria um verdadeiro caso de estudo para a psicologia.), que tal olharmos para o fundo do poço que é a tragédia das nossas vidas e ter coragem de agitar a água que lá está cristalina e parada. Ao fazer assim, virão à tona quem somos realmente e com coragem de nos olhar pelo espelho das nossas almas, com a transparência, ainda que dolorosa, não só nos reconhecermos como seres humanos falíveis, mas acima de tudo, compreendermos que está em nós mesmos a solução dos nossos problemas. Na verdade, na maioria das vezes, somos vítimas de nós mesmos e por isso presos no nosso interior. Evasivas Admiráveis.

site: www.leiologopenso.com.br
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Roberto Soares 06/06/2021

Pode propor uma boa reflexão, mas com uma base seriamente pobre
Ou "Falácias Admiráveis: como Theodore Dalrymple subverte a Psicologia".

O autor parece compartilhar da ideia de que o homem moral é aquele que toma totalmente para si a responsabilidade por sua própria condição e ações, sem se esquivar "culpando as estrelas", como Edmundo denuncia em "Rei Lear". Com isso, entendo que o que ele chama de subversão à moralidade são certos discursos cada vez mais propagados que fazem um mal-uso de conceitos das psicologias para afrouxar a responsabilidade dos sujeitos com as próprias condições e comportamentos.
Seria uma discussão extremamente pertinente e rica, se o autor não a tivesse construído sobre uma base tão porca. Discordo de grande parte das visões de Dalrymple, mas ainda assim sou leitor constante de sua obra, pois sua vasta experiência sempre traz reflexões muito oportunas para minha atuação pessoal e profissional. Acho importantíssimo consumirmos materiais com opiniões e teses que diferem das nossas (por isso adquiri o livro), porém também acredito que toda opinião e tese deve estar baseada em argumentos sólidos, ou pelo menos sensatos, e não é o que acontece aqui. "Evasivas Admiráveis" realmente me decepcionou pela frustrante exibição de falta de conhecimento efetivo do autor no assunto que ele se propôs a discutir de maneira tão veemente (e desrespeitosa): a saber, as psicologias, usando críticas reducionistas, falaciosas e sem nenhuma fonte registrada para desmoralizar meia-dúzia de escolas da área, acreditando assim invalidar toda essa complexa ciência que possui dezenas de correntes diferentes.
Porém uma reflexão (talvez a única) que o livro suscitou em mim é em como certos termos psicológicos, como ansiedade, depressão, gatilho, etc., vêm se tornando cada vez mais popularizados, em especial nas redes sociais, de forma, a meu ver, simplista e irresponsável. Acho impossível negar que há um fenômeno de patologização das frustrações cotidianas inerentes à existência humana, mesmo as mais comuns. O mal-estar que tais frustrações causa é rápida e levianamente rotulado como manifestação de sofrimento mental e tratado como tal, e um sujeito de má-fé (ou "devassidão", conforme citado por Dalrymple da peça de Shakespeare) pode rapidamente usar desse diagnóstico, muitas vezes autoimbuído, para se evadir de tomar decisões e se haver com sua parcela de responsabilidade tanto por ter chegado na situação em que se encontra, quanto na de sair dela. Como uma evasiva cômoda para não ter de lidar com a angústia e a falta que tais escolhas e responsabilidades podem trazer, eu digo "Não sou eu, é minha ansiedade, e ela apenas, quem me impede de finalizar projetos, ter um emprego e me alimentar bem; por causa dela sou assim e sempre serei." Nem preciso discorrer sobre o perigo dessa forma de encarar a vida, principalmente quando se trata de crianças (o que o próprio Dalrymple ilustra bem em seu livro "Podre de Mimados")
Muitas vezes, estes discursos patologizantes são encorajados por profissionais da psicologia, que fazendo, como eu disse, um mal-uso de termos e teorias da área, parecem cair no modismo e propagar uma certa guerra à frustração, ao invés do reconhecimento da sua inexorabilidade e seu papel na vida humana.
Em outros casos, grande parte destes discursos pregam que a satisfação de todos os desejos individuais deve ser alcançada em nome da saúde mental própria e coletiva, e que se algo surge como um obstáculo ou crítica ao meu desejo de realizar todos os meus impulsos, este algo deve ser encarado com uma ameaça intolerante à minha liberdade de expressão e de "ser eu mesmo".
Logo, as condições básicas para uma vida civilizada, o pensamento coletivo e o controle dos impulsos, caem por terra sobre o peso do politicamente correto e da felicidade total como um direito inalienável.
Julgo que não é preciso, claro, expor aqui o óbvio: de que as configurações externas da vida humana hoje, em especial neste período de pandemia, sejam sim um cenário potencializador de sofrimento mental. Também defendo que toda essa reflexão deve ser encarada com bastante responsabilidade e discernimento, para não tornar "vitimismo" as manifestações genuínas do transtorno mental de um indivíduo e sua conscientização, bem como as reivindicações de certos grupos pelo respeito e a livre expressão de suas identidades individuais.
Porém também devemos nos atentar a não encarar como sintomas de adoecimento em si aquelas angústias e sofrimentos regulares que fazem parte da existência humana. Claro, acolhendo-os em nossos consultórios e dando ao sujeito todo o suporte para que consiga sair dessa situação, mas sem perder de vista os aspectos que distinguem estes sofrimentos daqueles realmente frutos de um quadro de transtorno mental grave (por exemplo, o "estar deprimido" não é o mesmo que "estar com depressão", etc.).
Entretanto, como escreveu o próprio Dalrymple, "é claro que se pode dizer que a deformação popular de uma ideia ou prática não invalida a ideia ou prática." Pena que o autor não seguiu a própria sugestão.
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skuser02844 07/10/2023

"Se a psicanálise tivesse sido invetada pelos homens das cavernas, ainda estaríamos vivendo nas cavernas"
Theodore Dalrymple, ou melhor, Anthony Daniels, que é o verdadeiro nome do autor, é uma das pessoas mais inteligentes e sensatas que já soube da existência. Ele é um médico psiquiatra, então ele sabe muito bem o que vai falar nesse livro que é curtíssimo, mas gigante em conteúdo.
Aqui o autor vai criticar a psicanálise e apontar todos os problemas presentes nos tratamentos usuais, em especial ao constante discurso sobre auto aceitação e comodismo que é a base da terapia.
Não que ele ache ou diga que tratamentos psicológicos são desnecessários ou algo do tipo, muito pelo contrário, mas ele vai mostrar que muitas vezes esse tratamento é mais uma massagem para o ego do que um tratamento, no sentido restrito da palavra.
Um dos maiores problemas atuais é a teoria de que a verdade é subjetiva e o que eu acho e sinto é mais importante do que a realidade, então balelas como siga o se coração e faça o que te faz feliz vão levando a humanidade cada vez mais para o fundo do poço, e é justamente isso que ele vai criticar aqui.
Já passou da hora de a psicologia fazer com que as pessoas assumam suas responsabilidades, saim da zona de conforto, reneguem o conformismo e enfrentem a realidade.

site: https://hiattos.blogspot.com/2023/08/opiniao-evasivas-admiraveis-theodore.html
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Nany.Barth 30/05/2020

Muito bom!
Um Livro que te faz pensar fora da caixa. Várias análises e reflexões que nos fazem ver a psicologia por um outro ângulo.
Não concordo, talvez, com tudo que o livro traz. Entretanto, percebi que muita coisa ali, faz sentido!
E isso nos instiga a pesquisar mais, ler mais e tentar ver muitas coisas pela nova perspectiva trazida pelo autor.
Eu adoro Dalrymple e esse foi um dos livros deles que sacudiu total minha cabeça.
Recomendo. Muito bom!
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Paulo 31/10/2023

Mais literatura, menos psicologia
Um livrinho pequeno com 11 ensaios críticos à psicologia, uma onda inútil e superficial segundo o autor, mais mordaz do que nunca. Todas as diversas correntes da psicologia, no fundo, pretendem o mesmo: afrouxar o senso de responsabilidade do homem para com as próprias ações.
Embora admita que a TCC (terapia cognitiva-comportamental) pode ser benéfica em alguns casos de obsessões ou depressão moderada, o autor diz que ela é superestimada por muitos como uma panaceia para a grande maioria dos males da humanidade.
O sistema de seguridade social é severamente criticado por pretender tratar os transtornos psicológicos como doenças físicas. Por meio dele, o governo cria uma nova classe de dependentes e reduz artificialmente a taxa de desemprego. Afinal, uma pessoa doente não está desempregada, está doente.
O autor também critica a moderna tendência de justificar a conduta humana em razão de supostos desequilíbrios químicos do cérebro, que são tratados com inibidores de serotonina. Houve um afrouxamento do diagnóstico de depressão para abranger todas as formas de infelicidade humana, de maneira que hoje poucos admitem ser infelizes e não deprimidos.
Ao invés da psicologia, Dalrymple indica a literatura como ajuda para o verdadeiro autoconhecimento humano e cita Shakespeare e Samuel Johnson.
Ao final, o autor reafirma a dimensão inerentemente trágica da condição humana, a qual a psicologia pretende negar e ocultar com o verniz da ciência.
Um dos melhores livros do autor. Cada ensaio é precioso.
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