Léo 06/07/2012
Quatro histórias curtas sobre pessoas comuns que vivem em Nova Iorque, onde o mote principal é a dualidade entre coincidência e milagre, em contos cheios de amor, perda, traição, esperança e surpresa.
“O Milagre da Dignidade” conta uma história de cunho moralizante onde um homem tem sua ascensão e queda após agir de forma mesquinha e gananciosa com um sobrinho que o ajudou quando mais necessitava.
“Mágica de Rua” é a mais curta do álbum, contando a história de um rapaz que utiliza um ardil para escapar das agressões de um grupo de delinquentes.
“Um Novo Garoto no Quarteirão” traz a história de um misterioso rapaz, arredio e com problemas de comunicação, que traz esperança e valiosas mudanças a uma comunidade cheia de conflitos.
Por fim, “O Anel de Casamento”, mostra uma bela história de amor e perdão entre dois jovens judeus que têm seu casamento arranjado por suas mães.
Opinião:
O saudoso Will Eisner não se tornou um dos maiores ícones dos quadrinhos à toa. Seus desenhos eram brilhantes e vivos e sua narrativa era dinâmica e inovadora. O mestre sabia utilizar todo o potencial da nona arte como poucos, dando aulas de criatividade a cada novo trabalho. A importância do autor é tão grande que a maior premiação da indústria dos quadrinhos norte-americanos leva o seu nome: Eisner Awards.
Resgatando um pouco do que já havia feito em O Nome do Jogo e Avenida Dropsie, Eisner nos presenteou com esses quatro contos que abordam temas cotidianos da vida de moradores de Nova Iorque, onde a cultura judaica permanece tema recorrente. Mas apesar da qualidade de Pequenos Milagres, os outros dois livros supracitados ainda se destacam por trazerem histórias mais elaboradas, com maior riqueza de detalhes.
As melhores histórias desse álbum são justamente as duas maiores, “Um Novo Garoto no Quarteirão” e “O Anel de Casamento”, onde Eisner cria situações de uma sensibilidade ímpar, retirando ótimas histórias dos fatos mais corriqueiros. O mesmo acontece com seus desenhos, que em situações não raras são capazes de relatar muito em apenas um quadrinho, ao contrário do que fazem muitos desenhistas da grande indústria, que adoram desenhos de página inteira que nada acrescentam à narrativa.
(Publicado em: http://hqmaniacs.uol.com.br/principal.asp?acao=reviews&cod_review=690&lista=autor)