Lovecraft Country

Lovecraft Country Matt Ruff




Resenhas -


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Helô 25/01/2023

no começo achei bem legal, bem interessante. mas a medida que o livro continuava foram surgindo várias histórias paralelas, mas foi tudo costurado de um jeito muito esquisito.
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Toni 03/11/2020

Lovecraft country [2016]
Matt Ruff (EUA, 1965-)
Harper Perennial, 2016, 400 p. 📖

Algumas semanas atrás, num comentário sobre a coletânea de Lovecraft, deixei escrito que ainda era muito difícil tanto para a crítica quanto para a comunidade leitora lidar com escritores "bons ou importantes" apesar de racistas, lgbtqfóbicos, antissemitas, etc. Ainda na mesma postagem, sugeri que um dos poderes que temos enquanto consumidores e produtores de conteúdos da indústria cultural é precisamente questionar, subverter, não apagar o descompasso moral de obras e autores. E é isso o que faz Matt Ruff em “Território Lovecraft". 📖

Tomando emprestados elementos recorrentes nas narrativas de Lovecraft (situações, cenários, atmosfera, ordens secretas, monstros, viagens espaciais, livros de magia, etc), Ruff cria um romance de terror sobrenatural focado numa família preta estadunidense durante a década de 1950, quando as leis Jim Crow definiam a segregação racial, os linchamentos e toques de recolher para pessoas de cor. Cada capítulo de “Território Lovecraft” acompanha, então, um dos membros ou amigos dessa família a partir de diferentes aproximações ao gênero: da casa assombrada ao ritual de seita maligna, da viagem interplanetária à possessão de bonecas... Como é fácil de imaginar, as personagens de Ruff conseguem tirar de letra as situações aterrorizantes em que se encontram. Somente no contato com o racismo e o preconceito é que o horror cósmico lovecraftiano assume sua forma mais palpável; afinal, sobreviver ao ritual de invocação de uma entidade de outro mundo não é nada se, ao voltar para casa, seu carro for parado por um policial branco. 📖

Outro ponto positivo é que Ruff consegue alinhar muito bem uma leitura de diversão com certa responsabilidade ética. Cada personagem tem seu protagonismo, contribuindo, de alguma forma, ao desenlace, e as partes do romance são redondinhas, escritas para caber na estrutura de episódios de uma série de TV (em breve—produzida por J. Peele e J.J. Abrams). Pra quem gosta do gênero “leitura-rápida-que-prende-o-interesse", fica aqui esta bem-vinda recomendação dos queridos @roud @lecobastos e @astorigec .
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Ricardo.Vibranovski 04/08/2020

Negros extremamente casca grossa enfrentam todo o terror racial dos EUA na década de 1950, e de quebra o terror sobrenatural ao estilo de Lovecraft (que comparado com o primeiro, nem parece tão assustador assim). Essa é a grande sacada do livro, principalmente para quem não sofre diretamente com preconceito. Entender a constante sensação de perigo iminente que ele traz, através de histórias capazes de falar com um público maior, sem perder o humor e a sensação de absurdo sobrenatural.
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Isabela.Pery 05/06/2020

Gostei muito do livro! Ele já é interessante pelo formato da história: são vários contos protagonizados por diferentes personagens que são ligados entre si (inclusive aparecendo nos contos uns dos outros) que formam uma narrativa única no final. Não sei se expliquei bem, mas é muito bem feito. Além disso, o que se destaca no livro é usar o estilo lovecraftiano pra falar sobre racismo. Todo mundo sabe - eu espero - que Lovecraft era muito racista até pra época dele, então usar o estilo dele pra criticar esse sistema e, consequentemente, os escritos do próprio Lovecraft, é uma ótima saída já que não devemos fingir que não tem racismo nas obras do sujeito e também não dá mais pra negar a influência dele no gênero horror/terror.

Confesso que fiquei com um medinho do autor fazer besteira porque ele não é negro, mas pelo menos pra mim a pesquisa parece ter sido bem feita e uma coisa que fiquei com medo de acontecer, que era tornar o Caleb Braithwhite o herói white savior da história, não rolou. Ele é sim um white savior, mas isso não é posto sob uma luz positiva, ele não é posto como herói, pelo contrário.

Os personagens são ótimos, muito cativantes e bons de acompanhar. O terror real não está nos monstros de outros mundos ou dimensões (apesar de serem elementos que aparecem sim no correr do livro), mas no racismo dos EUA da década de 50, terror esse que só aumenta quando você lembra que essa história ainda não acabou. Nem nos EUA, nem aqui no Brasil.
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- J 03/02/2020

Uma mistura de realidade e ficção
Nos Estados Unidos segregacionista, Atticus e sua família terão que lidar com mais injustiças que "apenas" o preconceito. Virando alvos de uma família branca extremamente poderosa, suas listas de coisas a encarar incluirão também muitos horrores e mistérios.


Dividido em 7 grandes capítulos/contos e um epílogo, o livro pode, em algum momento, se tornar um pouco enfadonho e repetitivo, principalmente porque não é uma estrutura a que estamos acostumados. Além disso, pode causar também um distanciamento dos personagens, já que cada "mini estória" tem um narrador diferente da família. Entretanto, ao terminar o livro (ou quase), o leitor já identifica o motivo dessa estrutura: demonstrar o envolvimento dessa família com a mística e poderosa seita branca.


Um fator característico dessa obra é a relação com o terror de Lovecraft (como o próprio título demonstra). Talvez para alguém mais curioso sobre o assunto, esse teria sido um imenso crédito. Para mim, foi algo que, em alguns (porém raros) momentos, foi um pouco cansativo.


Fora esses aspectos, o livro é bastante bom e traz a ótima ideia de misturar o terror real vivido pelos negros nessa época com o terror sobrenatural das obras de Lovecraft. Essa ideia me atraiu bastante, mas confesso que sua execução não foi como eu esperava...


Preciso dizer que a temática do racismo foi muito bem colocada e me fez ficar indignada todas as vezes. Além disso, em muitos momentos, até me senti com medo do mundo e das pessoas ao meu redor. Me senti na pele deles, ou o máximo possível, dada a diferença de cores. As citações de textos da época no início de cada capítulo/conto me fizeram estremecer e chorar várias vezes. Foi uma das coisas de que mais gostei...


Enfim, recomendo este livro (que ainda não foi lançado no Brasil, mas que será em breve, pela Editora Intrínseca) a todos os apaixonados por ficção científica. Acredito que irão amar as referências (e entender bem mais que eu, com certeza).
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Carlos Rubio 25/10/2017

Histórias às vezes nos desapontam. Às vezes nos esfaqueiam o coração.
"...histórias são como pessoas , Atticus. Gostar delas não as fazem perfeitas. Você tenta exaltar suas virtudes e ignorar seus defeitos. Mas os defeitos continuam lá."

Matt Ruff entrou em minha vida por acaso. Li “Set this House in Order: A Romance of Souls” sem muitas expectativas, além do fato de encontrar na sinopse um livro em que o fio condutor era o transtorno dissociativo de identidade do protagonista me parecer bastante interessante. E terminada a leitura, de fato o livro surpreendeu sendo uma das melhores leituras que fiz este ano. Um romance engenhoso e muito bem escrito que te prende do inicio ao fim.

Fui atrás de outros títulos do autor e aproveitando o fato de estarmos em outubro, peguei este “Lovecraft Country” esperando ler um livro de terror (por motivos de Lovecraft no título) no mês do halloween. E não me decepcionei.

“Lovecraft Country” faz uma grande homenagem a autores como Stephen King, Kurt Vonnegut, Phillip K. Dick, Stevenson e claro ao próprio Lovecraft. Pequenas recorrências que se tornaram características clássicas destes autores funcionam como peças de um quebra cabeça que ajudam Ruff a dar corpo ao panorama geral, um grande mistério que leva a uma hermética cidadezinha do interior não muito amistosa com forasteiros - ainda mais se eles forem negros (chegarei nisso mais a frente), portais que uma vez abertos nos levam a planetas habitados por feras hostis e a paranoia que oprime a todas as personagens do livro que além de terem de lidar com perigos palpáveis sofrem também com uma entidade invisível, mas muito mais perigosa: O racismo.

O livro se passa em Chicago nos anos 50, a segregação entre negros e brancos era ainda mais explicita que nos dias de hoje. A história começa quando Atticus depois de receber um telegrama de seu pai parte com seu tio George e sua amiga de infância Letitia em uma viagem para um lugar que eles se referem como Lovecraft Country em busca de Montrose, pai de Atticus e meio irmão de George que sumiu. Montrose é obcecado com um mistério familiar que habita a árvore genealógica de sua finada esposa e seu sumiço é diretamente relacionado com essa busca que já dura mais de 20 anos.

Nesta viagem que culmina na mansão dos Braithwhite, família que esta diretamente ligada ao mistério que tanto intriga Montrose. O trio se depara com um culto misterioso e situações sobrenaturais que parecem saídos diretamente dos livros que Atticus e George tanto amam. Mas o terror mesmo fica por conta das situações preconceituosas que para as personagens do livro são situações corriqueiras e comuns na américa branca regida pela lei de Jim Crow. Mas durante a leitura toda violência sofrida por eles me deixou extremamente angustiado.

O livro é estruturado em capítulos onde o foco sempre muda para um personagem diferente. Então Letitia que aparece na primeira parte junto com Atticus, George e Montrose volta no segundo onde somos introduzidos a sua irmã Rose que volta em um próximo capítulo onde somos introduzidos a Hippolyta esposa de George e assim por diante. A cada capítulo um novo detalhe do grande plano de poder do líder do culto é revelado e a cada detalhe a trama fica mais viva e instigante.

“Lovecraft Country” ficou um pouco abaixo de “Set this House in Order” pois o uso de referencias literárias se tornou um pouco cansativo para mim. Mas isso não faz deste um livro ruim, pelo contrario. A trama engenhosa, a vivacidade com que as relações interpessoais são descritas e o tom leve e divertido, apesar da mensagem pesada por trás, só mostrou mais qualidades desse autor que com certeza seguirei acompanhando.
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