Resenhas - Muito Além Do Inverno

Marcianeysa 09/04/2021

A escrita de Isabel Allende é sensacional. Gostei bastante do livro e da construção dos personagens.

Marcio 11/03/2022

Muito Além do Inverno
Livro interessante, boa fluidez na leitura, história interessante, alguns fatos históricos vinculados... como só li da Allende "Eva Luna" não posso atrever-me a uma comparação. Vale a leitura.

Raul 28/03/2021

Essa livro tem duas linhas temporais: uma no presente e outra no passado. Eu prefiro analisar essa obra como dois livros distintos: ?
O que se passa no presente: Richard Bowmaster, um solitário professor de 60 anos de idade, que vive em Nova York, se vê envolvido em uma trama depois de um acidente em meio a uma nevasca, em que bate na traseira do carro da Evelyn Ortega, uma imigrante ilegal da Guatemala. Para ajudá-lo, ele pede ajuda a sua vizinha e colega de profissão, a chilena Lucía Maraz.

E o outro que se passa no passado: Nesse conhecemos a vida pregressa destes 3 personagens principais: um Richard intenso, que se apaixona por uma brasileira e que vê seu destino comprometido por essa relação. Evelyn, crescida no meio da violência de gangues da Guatemala, e que se vê obrigada a emigrar para salvar sua vida. E Lucía, que era jovem na época do golpe militar no Chile, que provocou consequências dentro de sua família.

O que aconteceu foi: eu não gostei nem um pouco da história do presente, e amei a história do passado. Pra mim foi como se fosse duas pessoas completamente diferentes escrevendo esse livro. Acho que a Isabel não conseguiu conectar as histórias e os personagens do passado com os do presente. O Richard e a Lucía de 60 anos tinham atitudes meio que anacrônicas e frias e até infantis, que não condiziam com o que eu estava lendo nos flashbacks. ?
Enquando que o enredo do presente é um "thriller" bem água com açúcar, previsível e brega, nos flashbacks eu encontrei a Isabel que tanto ouvi falar: com uma narrativa consistente, cheia de referências históricas e com personagens críveis, relacionáveis e empolgantes. ?
Antes de iniciar a leitura já sabia que esse é um livro tido como "fora da curva" da Isabel, que faz com que muitos não gostem, e eu entendo completamente. Também senti que só conheci a ponta do iceberg dessa escritora tão querida por muitas pessoas em quem eu confio demais no gosto literário. Então, que venham os próximos!

Emanuela 13/07/2021

História inesperada
Isabel Allende é uma exímia criadora de personagens e isso se vê novamente em ?Muito além do inverno?. Aqui ela nos apresenta três protagonistas totalmente distintos entre si que veem suas vidas unidas por um fato inesperado. Tudo começa com um leve acidente de trânsito, durante uma nevasca no Brooklin, envolvendo o professor universitário Richard e a imigrante ilegal Evelyn.

O que poderia ser um fato superado tem seus desdobramentos quando Evelyn chega na casa de Richard em busca de ajuda e ele tem que recorrer a sua inquilina, a chilena Lúcia, ajudar na comunicação com a imigrante.

Ninguém esperava é que Evelyn, no momento do acidente, estivesse usando o carro de seu patrão, conhecido por sua violência, e que houvesse um corpo no porta-malas. Tá passadah?

Os três saem para tentar desovar o corpo, pois, diante da situação de Evelyn, chamar as autoridades parece fora de questão.

Nesse ponto da história, devo admitir que os flashbacks de nossos personagens passaram a ser excessivos para mim, pois tudo o que eu queria saber era que corpo era esse, quem matou, no que isso ia dar...

O que posso adiantar, sem dar spoiler, é que o evento se torna num catalizador de uma tocante história de amor entre Richard e Lúcia que pensavam estar no inverno de suas vidas.

O livro foi publicado, em 2017, nos Estados Unidos e chegou aí Brasil em 2018. Ele traz temas recentes como a discussão da imigração ilegal no Estados Unidos, ao mesmo tempo em que contextualiza o passado dos personagens no passado recente do Chile, Brasil e Guatemala.

Rebeka 27/07/2022

Muito além do inverno
"-No meio do inverno aprendi, finalmente, que havia em mim um verão invencível."

Diferente da primeira obra que eu li de Isabel Allende, esta tem momentos de romance policial, que eu não gosto muito e que apesar de culpado e motivação relativamente óbvios, foi um bom instrumento de elo entre três pessoas de países,idades e histórias tão diferentes, mas que compartilhavam dores passadas e medos profundos.

A autora ilustra superficialmente os regimes ditatoriais, crises politicas e econômicas que atingiram a América do Sul quase que simultaneamente em meados dos anos 70, eu gostaria que ela tivesse aprofundado mais esse assunto, mas acredito que ela o aborde em outras obras.

MCRA 15/01/2023

Bom.
Muito Além do Inverno interliga a vida de três diferentes personagens em meio a um acidente, para tratar de questões importantes como refugiados, ditadura, perseguição política, gangues, tráfico e, inclusive, depressão e autodestruição. Allende narra mais uma vez com talento o sofrimento da América Latina.
O enredo, que vai alternando entre um passado muito triste dos 3 personagens, e o presente, apresenta a história da vida de cada um deles, e todas as suas dores, até se encontrarem no Brooklyn, durante "uma das maiores nevascas dos últimos anos".
Através da primeira personagem, uma professora chilena, vemos a história do golpe militar de Pinochet (1974 até 1990), que deixou mais de 3 mil mortos ou desaparecidos e forçou 200 mil chilenos ao exílio.
O segundo personagem, Richard, também professor, passou anos por um casamento marcado por depressão, autodestruição, alcool, drogas e se fecha em uma espécie de penitência.
E por fim o livro nos apresenta a terceira personagem, Evelyn, uma imigrante ilegal guatemalteca, que enfrentou um passado muito pobre e violento, e nos mostra o espinhoso caminho que os imigrantes ilegais enfrentam em busca de uma vida nos EUA, fugindo da violência na América Central.
Entre todos os livros que li de Allende (e vocês sabem que sou fã), este é o mais fraco e sem graça. Me prendi ao passado de cada personagem, porém a narrativa que se passa no presente deixa a desejar e em alguns momentos parece absurda demais, improvável demais. Ainda assim vale à pena ler, pelo fato de Allende tratar todos estes temas polêmicos com muita humanidade, delicadeza e o bom humor característico de sua narrativa.
Um livro que não tem a grandeza das outras obras da autora, mas ainda assim é bem interessante e uma boa opção de leitura.

Evy 01/07/2021

Surpreendente!
Confesso que essa leitura de Allende me surpreendeu muito. Me fez lembrar de alguns trillers de suspense como A Garota no Trem e A Mulher na janela, tanto pelos mistérios, como pela forma de narrar através de personagens diferentes, o que adoro! Mas, é claro que escrito por Allende, essa diva maravilhosa do realismo mágico e trazendo toda sua identidade de narrativa.

A história gira em torno de três personagens: Lúcia, Evelyn e Richard, cujas vidas se cruzam por causa de um acidente causado por distração e ruas escorregadias num inverno bastante rigoroso no Brooklyn. Aparentemente é só um acidente, mas quando Richard acorda com Evelyn batendo à sua porta tarde da noite e descobre ao lado de Lúcia o conteúdo inusitado do porta-malas, tudo muda e a história realmente começa.

Com sua genialidade, Allende consegue alternar em capítulos extremamente instigantes, o presente e seus mistérios com o passado de cada um dos personagens, nos fazendo conhecê-los aos poucos. Nessas viagens ao presente e passado, vai trazer, como é comum na sua narrativa, momentos políticos e sociais importantes dos países ligados à história: Chile, Guatemala, EUA e até o Brasil, perpassando pela ditadura, golpes militares, imigração ilegal e milícias.

Com sua sensibilidade característica, mescla de forma espetacular as histórias ficcionais dos personagens que envolvem dramas familiares, perdas cruéis e dificuldades aos contextos históricos reais da época. Fico sempre impressionada com a descrição perfeita dessa autora e a admiro cada vez mais. Ao longo da narrativa senti falta do realismo mágico, mas mesmo tímido e quase no final do livro, ele está lá e Allende finaliza amarrando tudo de forma brilhante.

Super recomendo a leitura!

@juliaavictorino 12/05/2021

Isabel Allende não decepciona!
A premissa parece simples, um romance entre um casal de meia idade ligado pelo acaso, mas Isabel não deixa de lado todo o panorama político que leva cada um dos três protagonistas a sua atual realidade.

De forma dinâmica e por meio de flashbacks, a autora explora muito bem a situação dos imigrantes e refugiados nos EUA e a xenofobia que enfrentam.

As perseguições políticas, violência, traumas e tragédias do passado de cada um mantém nosso interesse na trama até mesmo nos flashbacks. A narrativa é fluída, apesar das mudanças de linhas do tempo, e nos faz devorar cada página.

Carolina Corrêa 18/06/2023

Bom
Foi minha primeira leitura da autora e, por isso, não possuo parâmetros de comparação, considerando como se avalia sua obra-prima, "A Casa dos Espíritos".
No geral, é um bom livro, com narrativa agradável, trama razoável e detalhamento na medida, com cenário moderno.

natália rocha 03/07/2020

Se você espera encontrar uma história similar a ‘’Casa dos Espíritos’’ nesse livro, sinto em te avisar que pode ser uma decepção. Em ‘’Muito Além do Inverno’’, Isabel Allende abandona o realismo mágico e nos conta uma história com diversos fundos históricos diferentes e com personagens muito bem construídos, mas que, infelizmente, deixou a desejar no enredo.

A história começa nos apresentando Richard, um professor universitário de 60 anos, solitário e ranzinza, que vive em apartamento pouco mobiliado com seus gatos no Brooklyn. No meio de umas das mais violentas nevascas da história de Nova York, Richard se vê envolvido em um pequeno acidente de trânsito com Évelyn, jovem imigrante ilegal da Guatemala. A princípio não passava de uma leve colisão de veículos, até que a moça aparece no apartamento de Richard, fazendo com que a história tome um rumo preocupante e imprevisto. Para lidar com esse problema, o professor pede ajuda a sua vizinha, a chilena Lúcia, também docente na mesma universidade.

Ao longo do livro, a autora mistura passado e presente para nos contar a história dos personagens ao mesmo tempo em que discorre sobre o enredo principal do livro. Como os personagens têm histórias de vida e origens muito diferentes, viajamos por diversos países e eventos históricos e atuais, como a ditadura militar no Chile e no Brasil e as ameaças vividas pelos guatemalenses por uma das maiores gangues existentes: Mara Salvatrucha.

Outros assuntos tratados também são interessantes, como o drama da imigração ilegal e do desamparo de quem atravessa a fronteira do México para os Estados Unidos em busca de melhores condições de vida. Também achei interessante o fato de dois dos personagens principais terem mais de 60 anos, o que nos mostra outra perspectiva da vida.

Contudo, a impressão que tive é que Allende trouxe assuntos demais para um livro curto, de 290 páginas. É uma mistura de eventos históricos com romance e mistério que nos deixa um pouco perdido, sem saber direito em qual direção prestar atenção.

A escrita é boa e a leitura flui.

Não sei se gostei do livro.

#Anafox 28/12/2021

É sempre uma delícia de leitura o que a Isabel escreve. Sinto-me íntima dos pensamentos da protagonista, que neste caso é Lucía, uma mulher que reside atualmente nos EUA e que vai compartilhar seu passado e seu presente com Evelyn e com Richard. Com diferentes tristezas e alegrias para dividir, o trio que se forma por um evento inesperado e uma decisão audaciosa, segue por uma aventura. Trata-se de uma história mais curta, não há um mergulho na história familiar como a que vemos em A casa dos espíritos, mas as pinceladas que Isabel nos oferece da vida de cada personagem é um deleite.

Letícia 03/07/2021

Muito Além do Inverno foi o segundo livro de Isabel Allende que li, alguns anos depois de ter me apaixonado por A Casa dos Espíritos. Publicado em 2017, logo após a eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, o livro tem como temas centrais o exílio e o refúgio.

Ambientado no Brooklin, o romance tem início com a maior nevasca de quem se tem notícia em décadas. Acompanhamos a história da chilena Lucía Maraz, que passa uma temporada como professora visitante na Universidade de Nova Iorque, e de Richard Bowmaster, seu chefe de departamento e locador do porão em que ela reside. O destinos de ambos é entrelaçado com o de Evelyn Ortega, imigrante "ilegal" guatemalteca, por um acidente de trânsito que, embora leve, une os três em uma corrida para tentar acobertar um crime.

Os capítulos alternam entre o presente e o passado, apresentando as lembranças de Lucía no Chile dos anos 1970, de Richard no Brasil dos anos 1980 e de Evelyn na Guatemala dos anos 2000.

Infelizmente, o livro tem vários problemas, a começar por uma tradução que peca em diversas passagens, como constatei ao comparar com o original, e por uma revisão falha. O enredo também é cheio de furos, como o amigo de Richard que é quase um deus ex machina e tira-o de todas as enrascadas imagináveis; o romance mal construído e apressado de Lucía e Richard; e a carreira acadêmica inverossímil de ambos.

Contudo, para mim o mais difícil foi simpatizar com Richard, que, se a princípio parecia reservado e cheio de manias por conta de traumas da juventude, aos poucos se revela um personagem indefensável. Seus relatos sobre o Rio de Janeiro são completamente esteriotipados, praticamente culpando a cidade pelos seus vícios. A @thayqueir0z teve que me aturar reclamando muito disso!

Apesar de tudo, o livro não é de todo ruim. Como de costume, Allende faz um trabalho importante de reconto histórico e de denúncia política, rememorando as ditaduras civis-militares da América do Sul e lançando luz sobre a violência e a pobreza que assolam o Triângulo do Norte da América Central, formado por Guatemala, Honduras e El Salvador.

site: https://www.instagram.com/pulsaoliteraria/

Livros trechos e trecos 28/07/2022

Ler Isabel Allende é garantia de ler uma história muito bem contada, e esse livro não foi diferente. Amei a forma como vamos passeando pelas histórias dos protagonistas, como vemos o amor maduro se desenrolando entre Richard e Lúcia, e como a história de Evelyn leva a tópicos tão importantes como a situação dos imigrantes ilegais e o tráfico humano. E como todos os temas são desenvolvidos com maestria e se misturam ao presente dos personagens e sua odisseia em meio a uma nevasca histórica.
Eu abriria apenas um parênteses para aquele que seria um ponto sensível para nós brasileiros que é o reforço daquela imagem surreal que as pessoas costumam ter sobre nosso povo. A constante imagem de um país de férias despreocupada. De um eterno verão carioca cercado de excessos. Mas, ainda assim, é uma história muito boa!

Boneca sem manual 24/04/2021

Faz falta a ambientação histórica dos outros livros que li dela, mas esse livro é a prova de que Allende é uma boa contadora de história. Com um enredo simples de um corpo no porta malas, ela constrói uma boa narrativa sobre pessoas e solidão.

Pri Nunes @infinitoliterarioo 27/02/2020

Resenha @infinitoliterarioo
"Sua vida não era um sucessão de momentos separados, era uma história emaranhada, uma tapeçaria mutável, caótica, imperfeita, que fora tecendo dia a dia."

Essa foi uma leitura densa e difícil, não pela história ser chata ou parada, mas pelo conteúdo do livro. Aqui você descobre mais sobre a vida de uma chilena, um americano e uma Guatemalteca, que sofreram muito na vida, perderam muito mais do que seria possível e, mesmo quebrados, não desistiram de viver. Saber mais sobre a ditadura nesses Países e o quanto essas pessoas sofreram durante seu crescimento foi doloroso.
Doloroso pois sei que existiram coisas assim de verdade e piores ainda, sei que existem pessoas que perderam tanto quanto Richard perdeu e sofrem até hoje o que a Lúcia sofre.

Foi lindo perceber que algo tão complicado na história serviu para unir os cacos da vida dessas pessoas e aprenderam que existe muito mais do que tinham e que ainda merecem viver e aproveitar a vida, apesar de todos os percalços. A ditadura foi sofrida, a vida castiga sem dó e te tira qualquer felicidade, mas ela também pode te dar uma segunda chance de ser feliz, basta que você aprenda a enxergar esses momentos, aceitando a redenção e deixando o passado para trás, traçando um novo destino.

"Não faça um inventário do que lhe falta, mamãe, mas sim do que tem."

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