Carous 24/02/2019Que suplício!!!"Era uma vez uma princesa, filha única do rei e da rainha, que narra como reencontrou, se apaixonou e casou com seu príncipe encantado (que era príncipe de verdade, mas não encantado) numa jornada que ambos foram obrigados a fazer quando a orincesa teve seu trono surrupiado. Precisou de mais de quinhentas, quase seiscentas páginas para isso.
Se esta parece uma história de aventura, fantasia e intrigas com uma pitada de romance, deixo de sobreaviso que trata-se mais de uma história de amor, como tantas que ja vimos e lemos, cujo pano de fundo (bem fundo mesmo) envolve batalhas, traições e planos para recuperar o trono roubado e restaurar a paz no reino.
Princesa Colette nos revela como ela não só é a melhor princesa de todo o seu reino e os demais. Ela também é a princesa que faz questão de cumprimentar todos do palácio independente de sua posição, diferente dos demais nobres (como ela nos lembra). Além disso, tenta memorizar o nome de todos que a servem, diferente dos demais nobres e famílias reais de outros reinos. Ela tambem é a melhor esgrimista de seu reino e dos Sete Reinos, diferente das demais mulheres, ela nos lembra novamente. Também luta melhor que muitos homens e mulheres do reino, escala árvores como ninguém, é mais ágil e habilidosa que qualquer um,tem uma mente afiada e estratégica, possui um domínio de todas as armas invejável disponíveis provavelmente diferente das demais pessoas.
E ainda é linda, graciosa. Só sua boca não mantém essa graciosidade ao proferir muitos palavrões.
Mais uma vez, diferente das pessoas do seu reino e dos outros, ela mantém o cabelo preto, hidratado e brilhoso, longo.
Não só isso, mas ela também tem o melhor cavalo do mundo, mais rápido e obediente.
O que me chamou atenção em princesa Colette foi sua confiança e humildade ao listar todas as suas qualidades mal a história ter começado. E ela as reforçou mais de uma vez ao longo da narração,caso o leitor tenha se esquecido.
Ela tem tantas qualidades que não compreendi como seu reino sofreu um golpe debaixo de seu nariz e ela SEQUER desconfiou.
Príncipe Darius, por outro lado, é um príncipe bem genérico de fantasias e contos de fadas. A principal informação de que precisamos saber é que ele é alto, atlético, possui muitos músculos, cabelos loiros e olhos claros. É branco, óbvio. E faz um pelo par com nossa princesa-narradora branca também.
Todas as mulheres de seu reino são apaixonadas por ele e outras tantas já tiveram o prazer de ser beijadas por ele e conhecer seus aposentos reais - se você entende o que eu quero dizer...
Após muitas semanas cavalgando pela floresta, flertes e lutas, princesa Colette vence os vilões, assume sua paixão pelo príncipe (e ela é recíproca, quem diria!) E eles vivem felizes para sempre. Fim"
"A princesa guerreira" é mais um livro de fantasia medieval jovem adulto e eu já li tantos parecidos repetindo os mesmos clichês que estou saturada. Eu literalmente li um mês passado com o mesmo enredo.
Tambem não aguento mais reclamar das mesmas coisas desses livros, embora deva admitir que aqui tivemos um pouco mais de representatividade do que esperava (zero), ainda que rasa, então é menos uma falha de histórias de fantasia que se repetem e eu vivo reclamando para criticar.
Colette só não caiu nas minhas graças porque logo de início ficava mostrando o quanto seu comportamento era diferente, melhor dizendo, superior a de todo mundo. Ninguém gosta de exibidos, Colette. Uma construção diferente de frases (ao invés de repetir que era diferente dos demais nobres, ou das demais princesas, ou dos demais reinos dizer "tão boa quanto qualquer homem do exército ou princesa de qualquer reino se a elas fosse permitido ousar tanto. Tão boa quanto qualquer nobre do reino seria se percebessem que ninguém é melhor que ninguém) deixaria mais óbvio a ideia que a autora queria passar: Colette tem orgulho de tudo que conquistou; e quanto a isso não tenho nada do que reclamar.
Sobre o príncipe, é aquilo que escrevi acima: salvo uma coisa ou outra, ele é igual a tantos que já li por aí. Pelo menos não é tóxico,isso eu admito com alívio e prazer.
Ele certamente caiu nas graças de Colette que o enaltecia pelas menores ações como enaltecia a si mesma por suas conquistas. Honestamente, ela poderia ser mais sutil.
O romance entre os dois também é algo que já vi antes em JA de fantasias. Algo morno e cheio de flertes, piadas sexuais disfarçadas, calores no corpo. Tal como a escrita da autora, achei que o flerte oscilava entre diálogos interessantes que prendiam a atenção e outros trechos longos e infantis demais que me faziam revirar os olhos e pular aquela parte sem dor na consciência.
Não sei se foi boa ideia colocar tanta cena de Colette pensando no torso nu do príncipe, nos olhos azuis dele olhando diretamente para os dela, sua mão quente tocando sua pele, etc e tal como se ela nunca tivesse visto a) um homem na vida, b) um príncipe, c) um pretendente dando em cima dela e d) um homem seminu.
E esses devaneios após piadas de cunho sexual proferidas por ela. Foca nos planos para salvar seu reino, querida, ou quem sabe nesse soldado que está vindo aí à sua esquerda te matar.
Esperava mais ação, aventura e principalmente magia. Esse último podemos dizer que ficou em terceiro plano, enquanto os demais em segundo. Achei que o foco desviou muito para o romance.
A forma de escrever da Naila é razoável. O enredo não é original, mas se ela tivesse ousado um pouco e tentado a todo custo fugir dos clichês, teríamos uma história fantástica. Mas ela optou pelo previsível.
Não sei se essa foi a causa para a leitura não ter rendido tanto. Eu lia, lia e lia e não acabava o livro.
Algo que ela fez direito foi o universo dos Sete Reinos, diferenciando cada país com suas leis. As cenas de ação que foram bem descritas e os cenários por onde os personagens passavam -como as florestas e tal.
Já as infodumbs no meio de leitura poderiam facilmente ser substituídas por notas de rodapé ou nota da autora ao final do livro (se algum leitor desconhece o significado de península ou o regimento militar, o Google está aí para isso).
Talvez isso desse uma enxugada no total de páginas. 571 foram muitas páginas para ler. E enquanto o fazia percebi que além das infodumbs muitos outros trechos repetitivos ou irrelevantes poderiam ser cortados. Capítulos inteiros, inclusive, em que nenhuma informação essencial nos era dada.
Há também muitos personagens e muitos nomes. E a personalidade deles são genéricas. Conclusão: não consegui ser surpreendida quando foram revelados quem permaneceu ao lado da princesa e quem a traiu porque sequer me lembrava deles direito
Talvez quem ame JA de Fantasia aproveite mais a leitura, mas como comentei, cansei da mesmice desse gênero que nunca foi meu favorito em primeiro lugar. Fica aqui minhas 2 estrelas e votos de boa leitura.