A Máquina de Governar

A Máquina de Governar Philip K. Dick




Resenhas - A Máquina de Governar


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Nelson 25/12/2020

Uma máquina que poderia ser maior
A Máquina de Governar se situa entre as primeiras publicações de Philip K. Dick, que nos apresenta uma história bem voltada ao que se espera de uma ficção científica clássica. Aquele confronto entre o sentimentalismo humano e o racionalismo de uma máquina. Um pouco clichê, sem dúvidas, mas ainda assim um enredo interessante que consegue fazer o leitor se prender na leitura para saber o que acontecerá a seguir. Mas há pedras no caminho.

Apesar de seu bom começo, a noveleta tem uma quebra de ritmo logo após a morte de um agente a serviço da Unidade, uma instituição que governa o planeta segundo instruções de um supercomputador chamado Vulcan 3. Desse ponto até metade da obra, temos cenas de um desenrolar investigativo que vai compondo o worldbuilding do livro. É dentro desse intervalo que aprendemos sobre o funcionamento hierárquico da Unidade e do levante popular que luta contra ela, denominado de O Movimento.

Daí em diante inicia-se alguma ação e suspense na história, que é quando as coisas realmente ficam interessantes. Entretanto é quando a prosa fica menos "deglutível". É difícil determinar se isso acontece devido a edição ser em português de Portugal com aproximadamente 40 anos de idade, ou se pela própria maneira de PKD descrever cenas de ação, ou ainda as duas coisas juntas. Outra dificuldade também surge com a descrição de certas tecnologias, em maioria bélica, que se acrescentam em números e nomes apenas para desenrolarem as cenas de ação.

O funcionamento da sociedade que vive um conflito, exige que o leitor releve muitas questões sobre O Movimento, pois a trama é claramente focada na estrutura da Unidade. Como história é curta, toda a representação dos ideais do Movimento fica a cargo da figura do Padre Fields e suas filhas.

O melhor do livro é sua fase final, onde há uma reviravolta e o desencadeamento do último combate. Ao fim, ainda há um espaço para uma reflexão sobre a relação entre homens e máquinas ao melhor estilo "philipkdickiano", além dos questionamentos sobre a identidade de inteligências artificiais.

Entre pontos altos e baixos, é uma boa história com um bom enredo, valendo a pena a leitura. O título original em inglês, Vulcan's Hammer, acrescenta mais a história do que o título adaptado na tradução.
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Davenir - Diário de Anarres 25/02/2016

A máquina de governar (The Vulcan's Hammer) é um livro pouco conhecido de Philip K. Dick. Foi publicado pela primeira vez em 1960. Em língua portuguesa só existe a versão portuguesa da Coleção Argonauta. Para quem não gosta ou não está habituado a escrita ao modo dos lusitanos, é difícil acompanhar a história. Particularmente usei esta obra para me habituar as peculiaridades da língua características em toda a Coleção Argonauta, tendo em vista que é a única versão não tive muita escolha além do inglês. Como a trama não é complicada, ainda que não deixe de ser interessante, foi um bom começo. Bem, vamos falar da história dele.

O livro nos leva a um mundo futurista onde governos foram substituídos na arte de governar por um por um computador racional e que se autorrepara. Este computador se chama Vulcan e ele está na sua terceira versão, sendo o atual regente designado Vulcan 3. Para cuidar do computador fornecendo tudo que este designasse surgiu uma organização chamada "Unidade". Ela reorganizou o planeta em zonas administrativas, que suprimiram os países. Durante a história acompanhamos vários personagens, mas principalmente o diretor da zona Norte da América, William Barris e o Diretor Geral James Dill. Como todos os personagens principais de Dick tem falhas de caráter misturadas com qualidades, sempre fugindo do maniqueísmo na elaboração dos personagens.

A Unidade se assemelha bastante ao Partido Nazista, não apenas pelos uniformes elegantes, cinzentos e ornados com faixas vermelhas nos braços, mas também na organização piramidal e no constante clima de paranoia e denuncias entre os diretores com o simples objetivo de galgar degraus na organização. Para os civis trata-se de um mundo bastante opressivo, uma ditadura de fato, como podemos notar nas cenas iniciais em que Dill vai buscar uma menina especial em sua sala de aula e o diálogo que se segue entre os dois. O centro psicológico de Atlanta é sempre mencionado com medo por todos os personagens.

Como se trata de um romance bem curto e narrado de forma bastante frenética, principalmente do meio para o final, não quero entregar muito a história. O que acho que pode ser dito sem estragar a leitura é que temos uma organização que luta contra o governo de Vulcan 3, chamada Os Curandeiros, liderada pelo Padre Fields. Quando um diretor chamado Pitt é assassinado pelos curandeiros Barris resolve investigar sua morte. James Dill também faz a sua investigação, contudo ele se consulta secretamente com o computador antecessor a Vulcan 3, o Vulcan 2. O jogo de paranoia e poder se inicia a partir dai e os computadores são peças chave na trama.

Está e uma novela que considero fraca, em comparação as outras obras do autor. Algo que conta contra o livro é o tema tratado (Estado Totalitário) já havia sido abordado e as questões filosóficas do autor estarem pouco presentes, contudo, merece ser lido porque é um livro digamos "redondo", tem bastante ação e para quem é fã do autor vai notar o dilema do limite homem-maquina em meio a loucura e paranoia que tomam conta daquele mundo.

site: http://www.wilburdcontos.blogspot.com.br/2015/09/resenha-maquina-de-governar-philip-k.html
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