AleixoItalo 26/09/2020"Um dia os trens deixam de passar."
As primeiras passagens de Glaxo já ditam o tom da obra: o trilho do trem sendo arrancado para a construção de uma rodovia não é um sinal de progresso, mas sim de que o tempo passou por ali. O que ficou pra trás, agora são apenas memórias de um estilo de vida que não existe mais.
Situado em algum lugar perdido dos Pampas argentinos, mas que poderia se passar em qualquer cidadezinha rural da América, Glaxo é uma obra melancólica, com personagens parados no tempo e abandonados pelo desenvolvimento, presos a lembranças de um ocorrido que em algum momento marcou suas vidas.
Apesar do clima Western, não tem espaço para ação em Glaxo, aqui até a violência onipresente parece tirar um descanso na sombra até fazer sua próxima vítima. O enfoque principal é no interior dos personagens que narram sua história através de suas lembranças.
Composto por 4 narrações distintas (dos 4 personagens) em momentos diferentes, a obra vai sendo montada através de retalhos, fragmentos do grande ocorrido e que o leitor vai descobrindo aos poucos.
Glaxo é curtinho e entrega o que propõe, as vezes minimalista e as vezes soando com um Faulkner, ele acerta ao se distanciar do "evento principal" e jogar os holofotes para os personagens e suas visões de mundo. Uma grata surpresa!