Dicionário de história e cultura da Era Viking

Dicionário de história e cultura da Era Viking Johnni Langer




Resenhas - Dicionário de história e cultura da Era Viking


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$Rotciv$ 20/03/2024

Faltou o Asterix!
Para quem não conhece nada sobre o tema, o que era o meu caso, é uma ótima fonte de conhecimento sobre a Era Viking. Lá é possível entender muitas coisas sobre os normandos conhecidos também como os nórdicos, entender como viviam, o que faziam e como se relacionavam, no entanto, devo confessar que minha impressão acerca do livro em si é que nele contém muitas informações repetitivas, podendo quem sabe, ter sido um pouco mais resumido.
Agora se você caro leitor(a), tiver interesse, um pouco tempo e paciência, então valerá a pena ler esta obra.
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Antero Silveira 24/03/2023

Depois de muitos meses, consegui terminar o livro. É maçante não pelo número de páginas mas sim pelo formato de dicionário, que eu não estou habituado ainda. Porém, o livro contém excelentes informações e ótimas fontes/referências!
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Rodrigo 17/01/2023

Dicionário da Era Viking
Muito bom o livro, abordando em forma de dicionário em uma linguagem compreensível e objetiva diversos aspectos da sociedade e cultura desse povo que mexe muito com o imaginário da população em geral.

Devido ao formato de dicionário o leitor pode procurar pontualmente os mais variados temas como armamentos, batalhas, personalidades, entre tantos outros, inclusive comparando o que de fato é histórico com o que é fantasioso. Enfim o livro aborda os mais relevantes acontecimentos da história dos Vikings.
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Lista de Livros 04/07/2022

Dicionário de história e cultura da Era Viking, de Johnni Langer (org.)
Parte I:

“A religião adotada pela Dinamarca da Era Viking, o paganismo nórdico, não possuía um corpo dogmático centralizado. A própria ideia de religião não circulava entre os dinamarqueses, que sequer tinham uma palavra que representasse esse conceito. Ao invés disso, circulava a palavra sidr, que significava algo como “costume”. Nenhum dogma específico, chefes religiosos ou templos são mencionados até um período mais tardio e provavelmente pertencem já ao fim da Era Viking, fruto de um movimento de resposta ao crescente cristianismo e à construção de igrejas – e, portanto, não representavam o jeito costumeiro dos dinamarqueses conceberem sua crença.
Como não possuía um corpo unificado, a religiosidade viking apresentava diferenças sociais, temporais e geográficas. Outra razão para que isso acontecesse era o fato de que os rituais pré-cristãos eram conduzidos de maneira pessoal, numa relação diretamente situada entre os homens e os deuses, sendo costumeiro que oferendas e a comunicação com o divino fossem conduzidas particularmente. Não existiam regras a respeito de como a pessoa deveria se dirigir ao sobrenatural, aos deuses, ou como entrar em contato com eles, apesar de alguns encantamentos e entoações desse período terem sido preservados. Era comum que casamentos, rituais de passagem, juramentos e punições fossem testemunhados de maneira mais pública e comunitária, acompanhados por rituais religiosos específicos.”
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Parte II:

“GUERRA E SIMBOLISMO

Bastante conhecidos por valorizarem suas proezas militares, para Keegan, os nórdicos estavam entre os povos mais belicosos e resistentes que tomaram de assalto o mundo europeu continental. Com sua disposição para a luta corpo a corpo intensificada no século de disputas por terras que precedeu sua era de viagens, os vikings constituíram uma atividade bélica das mais famosas da Idade Média. Os seus feitos em batalhas, em pirataria e nas expedições pelo mundo colaboraram para fazer a sua fama até nossos dias. Algumas proezas e o ímpeto marcial estão destacados em alguns relatos, assim como a figura do “furor guerreiro” no transcurso de diversas batalhas, o que acabou fazendo com que fossem, além de outros aspectos, caracterizados como povos bárbaros.

Organizada, devastadora e muitas vezes rápida: assim era a forma de guerra praticada pelos escandinavos durante a Era Viking. Isso fica claro na literatura que vai ser escrita sobre eles, sempre contendo algum aspecto relacionado à guerra. Antes de se lançar em incursões, os vikings se preparavam para os combates usando, entre outras coisas, táticas militares que depois seriam vistas sendo utilizadas por exércitos na Era Moderna.

A preparação para a guerra se constituía desde considerações sobre o tipo de embarcação que seria utilizada, passando pelos rituais oferecidos e favores pedidos aos deuses, e chegando ao equipamento que seria usado. Usavam, principalmente nas pilhagens, pequenas tropas com conhecimento prévio do terreno e do inimigo. Os ataques relâmpagos e o sucesso nas pilhagens, todavia, eram possíveis não só pela estratégia ou pelo conhecimento do terreno do inimigo, mas também pelo tipo de embarcação usada pelos vikings nas incursões. O langrskip era um navio longo, que chegava até 55 metros, e que era usado especificamente para a guerra. Com velocidade média de até 18 km/h, era vantajoso no tamanho, velocidade e na facilidade de transporte.

Além de estratégia e transporte, os armamentos usados na guerra também eram fundamentais. Basicamente, os vikings usavam espadas, lanças, facas, arco e flecha, machados, elmos e escudos. As espadas eram mais comumente usadas por nobres, pelo alto custo pago para a forja, mas não se restringia a eles – a diferença se dava nos adornos de cada uma, denotando o status do guerreiro (as espadas ricamente adornadas desde o punho até a bainha pertenciam aos guerreiros de status mais elevado). As espadas eram bastante eficazes não só pelo alcance, mas pelo ferimento causado. Elas eram bens bastantes preciosos e que iam muito além do caráter puramente bélico. Foram intimamente associadas à justiça, soberania e poder, fazendo-se extremamente significativas nas relações entre os homens que as portavam. Elas definiam o valor de um homem, individual e coletivamente. Algumas eram passadas de geração a geração e outras cremadas junto com o guerreiro, segundo a crença de que todos os objetos queimados na pira com seus donos seguiam com eles até Valhala, dando a oportunidade de o guerreiro morto em batalha lutar ao lado de Odin no Ragnarök.

Os guerreiros mantinham com as espadas uma relação que era de extrema confiança e até respeito, já que toda a sobrevivência nas batalhas advinha de seus armamentos, e principalmente porque para os povos germânicos a batalha era uma questão individual. Daí algumas espadas terem um nome (muitos nomes vão ser preservados em sagas e poemas) e até mesmo uma personalidade, criando uma relação com o seu dono e chegando mesmo a serem consideradas como uma extensão do próprio guerreiro. As espadas podem ser consideradas um reflexo e até mesmo uma parte da identidade desse povo, e vão estar sempre atreladas a cada dono. A espada pode carregar vários discursos como, por exemplo, de ordem, justiça e até mesmo desordem. Adquirem virtudes, personificam-se e podem até encarnar países, dando corpo a valores ou ideais. Vão possuir vários significados, costumes e seus donos terão um relacionamento íntimo e até mesmo emocional com elas. Não poder contar com sua própria arma era uma terrível maldição. A espada era vista como árbitro entre os homens. Até nos casamentos germânicos realizados na Era Pré-cristã, ela estava presente. Neles fincava-se uma espada em um tronco de árvore e o noivo deveria retirá-la como símbolo de virilidade, associada à fertilidade também.

As facas eram de uso cotidiano, sendo portadas pelas mulheres. No campo de batalha, a eficácia se dava somente em combates mais próximos homem a homem. As lanças eram usadas principalmente na ofensiva. E como quase tudo que se fazia na guerra, ela também tinha ligação com a religiosidade: logo no início da batalha arremessava-se uma lança com o intuito de obter favores de Odin (deus associado à guerra). Os escandinavos acreditavam que espadas, escudos e capacetes podiam ser abençoados pelas divindades pagãs. O arco e a flecha, apesar de marginalizados, tiveram bastante uso e importância nas batalhas por comporem um armamento estratégico nas formações de batalha.

O machado era o armamento mais associado aos guerreiros vikings por estar ligado aos berserkir e ser bastante usado nas incursões marítimas e na pirataria, ainda que não fosse tão utilizado nas frentes de batalha. Elmos e escudos eram equipamentos de defesa. Os primeiros eram em formato cônico, esférico e alguns apresentavam proteção nasal, nada de asas ou chifres como se retrata frequentemente em HQs, livros, revistas e filmes. Os escudos eram em formato circular, feitos de madeira com uma faixa de ferro ao redor para dar maior segurança – estes, sim, são retrados com realismo na arte e mídia contemporânea. Nesse âmbito de guerra, os berserkir (berserkr no singular) são os exemplos mais famosos de guerreiros vikings. Estavam associados principalmente a animais como o urso e o lobo (ao lobo se associavam os úlfhednar, úlfhedinn no singular). O urso e o lobo foram vistos como símbolos de guerreiros valentes. Os berserkir lutavam com fúria assassina, possessos, sem qualquer proteção, urrando e mordendo seus escudos tão “loucos” como lobos, avançando contra seus inimigos usando machados (somente de uma face; era uma arma sobretudo de ataque, sem defesa opcional), causavam um efeito psicológico devastador no inimigo. Provocavam medo extremo com uma agressão em estado puro, terrivelmente assustadora e de moldes “suicidas”. O culto ao deus Odin (o próprio nome estava associado à fúria, tanto no nórdico Ódr quanto no germânico antigo Wodan), a fé em um deus xamânico, relacionado à magia, ao êxtase e à metamorfose humana em animais, explicaria tal comportamento agressivo. Não só os berserkir causavam medo: outros guerreiros traziam cabeças decapitadas de seus inimigos com o intuito de aterrorizar seus oponentes.

A cabeça possui um grande valor para muitos povos, simbolizando a autoridade de governar, de ordenar e esclarecer. A cabeça simboliza a força e o valor guerreiro do adversário e a decapitação garantia também a morte desse mesmo adversário. Fala-se também de um poder de cura, em algumas sociedades. Na literatura nórdica, homens eram frequentemente decapitados em batalha ou em um ato de vingança, após serem feitos prisioneiros. O culto ou a preservação de cabeças humanas e crânios não foi observado somente entre os germânicos; entre os celtas, as cabeças dos inimigos de grande valor eram conservadas em azeites e trazidas em carros de guerra. Para eles, simbolizava força e o valor do oponente que passava para quem a possuísse.

Entre os nórdicos, a relação com cabeças decapitadas pode ser verificada em algumas sagas. Muitas menções são feitas em contextos de guerra, vingança ou busca de conhecimento. Em algumas, as cabeças falam com seus portadores ou no campo de batalha, causando amedrontamento. Em uma profecia na Njáls saga, um ser sobrenatural evoca as imagens de várias cabeças cortadas no campo de batalha. Usar cabeças cortadas como meio adquirir conhecimento vem de uma tradição antiga de que Odin teria consultado a cabeça de Mimir, que, segundo a Ynglinga saga, teria sido decapitada após este vanir ser feito prisioneiro. Após sua decapitação, a cabeça foi enviada de volta pra Odin, que a conservou com ervas para que não apodrecesse e realizou uma magia para que ela lhe falasse sobre questões ocultas. O poder de uma cabeça cortada e sua capacidade de falar após a separação do corpo foi observado tanto na cultura germânica quanto na céltica.

Também germanos e celtas preservavam não só as cabeças, mas os crânios dos mortos. Eles simbolizavam a sede do pensamento e do poder supremo. Em algumas lendas europeias e asiáticas, os crânios humanos foram considerados homólogos à abóbada celeste. No Grímnismál, o crânio do gigante Ymir se converteu, após sua morte, na abóbada do céu. Além da busca por conhecimento, alguns crânios também foram usados para vinganças. Em uma passagem da Saga dos Volsungos, Gudrun utiliza os crânios de seus filhos com o rei Atli para se vingar dele e humilhá-lo por tê-la utilizado para matar seus irmãos. O crânio representa, ainda, o símbolo da mortalidade humana, mas também do que sobrevive depois da morte, de modo que possuir o crânio do inimigo é mais que um troféu, é a conquista do há de mais alto e de todo germe de existência.

A importância desse uso da cabeça como sede de inteligência, juntamente com seu uso como um troféu de batalha, trazendo a sorte e aumentando a reputação de seu possuidor, é percebida nas primeiras tradições ligadas a guerreiros e a batalhas entre os celtas e os germânicos; e ainda essa concepção da cabeça como detentora de conhecimento e uso em campos de batalha como forma de amedrontamento e troféus foi preservada na arte (há muitas cabeças esculpidas e rostos semelhantes a máscaras como uma força aterrorizante), nas sagas e nas lendas. Entre os povos germânicos, a concepção do enforcado como meio de adquirir conhecimento oculto ganhou maior proeminência, em relação aos celtas.” (Guerra e simbolismo – Monicy Araujo Silva)
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Mais em:
https://listadelivros-doney.blogspot.com/2022/05/dicionario-de-historia-e-cultura-da-era_34.html


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Parte III:

“As explicações para as frequentes vitórias escandinavas sobre os carolíngios já foram (e ainda são) muito debatidas pela historiografia. Segundo Albert d’Haenens, as causas do sucesso viking foram a mobilidade de suas tropas (tanto na terra quanto nos mares/rios) e as estratégias militares, como o ataque surpresa. Janet L. Nelson, por sua vez, aponta certos motivos, como a escolha do momento propício para a ofensiva (à noite, p. ex.), a destreza naval e, talvez o mais importante, a capacidade para construir boas fortificações. Numa visão recente, Coupland afirma que as razões capitais foram as divisões políticas entre os francos, bem como a tática dos vikings de erguer acampamentos em locais de difícil acesso (como em ilhas) e evitar uma batalha aberta e demorada para reagrupar, reorganizar e, depois, voltar a lutar – sempre em ataques rápidos.

Seja como for, esses triunfos vikings construíram ao longo dos séculos uma imagem de “catástrofe” do mundo franco, em decorrência de profundas e duradouras crises socioeconômicas e políticas que teriam ocorrido. Devemos, no entanto, salientar de antemão que a ideia de um “catastrofismo” deriva sobretudo do exagero das fontes textuais daquela época, escritas quase sempre por clérigos. De fato, elas apresentam muitas vezes uma dicotomia religiosa entre “pagãos” (vikings) e “cristãos” (francos), num discurso que via os nórdicos como “ameaças apocalípticas”, o “flagelo” enviado por Deus para punir os pecados dos carolíngios. As testemunhas oculares também registravam exageros numéricos, muitos deles relacionados à quantidade de inimigos – em 885, por exemplo, o monge Abbon Cernuus (c. 850-923) afirma que Paris foi atacada por “mais de mil vezes quarenta homens”, cifra que não faz sentido quando confrontada à demografia (franca e viking) e às possibilidades limitadas de transporte e manutenção da tropa em território hostil.”
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Mais em:
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Parte IV:

“Obviamente, qualquer fonte sempre falará mais de seu tempo do que sobre tempo a que se refere.”
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“Outra questão é o intenso hibridismo cultural derivado do contato dos nórdicos com os povos de outras regiões, obtido pelas migrações sucessivas e originando novas identidades. Os vikings da Rússia e Ucrânia fundiram-se aos elementos da sociedade eslava, báltica e oriental, enquanto que na Normandia eles foram rapidamente inseridos na cultura dos francos. Em Dublin a fusão das culturas gaélicas e escandinava foi testemunhada pela onomástica, arte e religiosidade. A hibridização cultural é uma das marcas do século X. Em outras áreas a identidade viking persistiu por mais tempo, como a Islândia e as ilhas Faroé. A Era Viking teve um impacto significante em muitas identidades locais da Europa medieval. Ao mesmo tempo, porém, essa identidade viking foi ampla e multifacetada, com muitas variações locais e algumas estruturas em comum, como a linguagem. As pessoas que viviam na Escandinávia não tinham consciência de nossas periodizações modernas e nem teriam considerado os vikings como fatores cruciais em suas vidas, mas ao mesmo tempo a Era Viking testemunhou a diáspora nórdica, bem como grandes transformações culturais, econômicas e políticas por toda a Europa. O sucesso dos vikings como fenômeno estava relacionado com suas habilidades de adaptação e modificação de acordo com as circunstâncias locais.”
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Mais do blog Lista de Livros em:

site: https://listadelivros-doney.blogspot.com/2022/05/dicionario-de-historia-e-cultura-da-era_75.html
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