regifreitas 18/03/2018
A história dos africanos trazidos como escravos para o Brasil ao longo de mais de quatro séculos ainda representa uma grande lacuna em nossas escolas. Toda uma cultura, representante de uma parte essencial da nossa formação, ainda merece pouco espaço nos livros de história. Este trabalho de Marcelo D'Salete procura redimir em parte essa omissão.
Durante onze anos o autor pesquisou sobre Palmares (Angola Janga, ou "Pequena Angola" para seus habitantes), a fim de contar uma história que se tornou símbolo contra a escravidão em nosso país. Angola Janga, formada por escravos fugitivos a partir do final do século XVI, em Pernambuco, tornou-se, na época, um centro de resistência, defrontando-se tanto com os ataques militares das forças coloniais portuguesas, quanto dos militares holandeses.
Ao contrário do que se pensa, Palmares não era apenas uma localidade, mas sim constituído de diversos núcleos de povoamento (mocambos), sendo sua capital, Macaco, formada por uma população equivalente às maiores cidades brasileiras do período – cerca de seis mil habitantes. Para se ter uma ideia, o Rio de Janeiro, em 1660, tinha uma população de sete mil pessoas – incluindo aí os indígenas e africanos. Importantes figuras histórias estão associadas ao nome de Palmares, mas seu mais conhecido e lendário líder foi Zumbi, figura inspiradora para a criação do Dia da Consciência Negra.
O trabalho de D'Salete é uma obra importantíssima para entender sobre um dos momentos mais significativos e definidores (e pouco conhecido) da história do Brasil.