Aisiel 05/05/2021
Em tempos sombrios, resolvi buscar alternativas nos instrumentos que me estão postos. Depois de ler 'Ensinando a transgredir' sinto-me tocada pela energia intelectual, inquieta e inesgotável de Bell Hooks. Fiquei impressionada com o olhar sensível para as lutas feministas e a educação, e como ela nos convida a partilhar suas ideias. Escritora, educadora, feminista, intelectual negra e insurgente. Influenciada por Paulo Freire, Bell Hooks propõe uma pedagogia feminista de enfrentamento a todos às estratégias de opressão racista, sexista e classista, fundamentando e descrevendo suas práticas pedagógicas nas Universidades estadunidenses, espaços de tensões e rupturas difíceis.
O livro me fez pensar na necessidade de uma reinvenção do construtivismo, no repensar a escola, considerando que se trata de uma instituição desgastante, fundamentalista, patriarcal e que, as teorias de aprendizagem não são possíveis fora do contexto de uma pedagogia antirracista, anti-sexista e anti-classista. Entretanto, focar o 'transgredir' apenas na pessoa do educador é um erro. A escola é composta por um grupo colegiado, gestores, orientadores educacionais, coordenadores, alunos, pais e sociedade civil. Nossos encontros não podem continuar restritos a 'conversas de corredores', precisamos reconhecer que somos parte desta instituição patriarcal, classista, excludente, racista, sexista e violenta, e que precisamos pensar juntos, desconstruir conceitos e preconceitos.
Educadores de todos os segmentos e disciplinas, vejo em Bell Hooks uma possibilidade. Como bem disse Conceição Evaristo, "é tempo de nos aquilombar". A educação feminista é urgente e necessária. O feminismo é libertador e benéfico a todos.