Vitória 29/12/2022
Ótima leitura
~ Citações favoritas ~
A megera domada (30/05/22 - 31/05/22)
Não tem proveito onde não há prazer:
Estude, enfim, aquilo de que gosta. - Trânio (Ato I, Cena I, Pág. 27)
Ficam comigo a música e os livros;
Com eles eu me ocupo, mesmo só. - Bianca (Ato I, Cena I, Pág. 29)
Sonhos de uma noite de verão (29/06/22)
Senhor, que assim eu cresça, viva e morra, Antes que eu ceda a minha virgindade
À opressão de um amo indesejado,
Que minh'alma não quer por soberano. - Hérmia (Ato I, Cena I, Pág. 142)
Em tudo aquilo que até hoje eu li,
Ou em lendas e histórias que eu ouvi,
O amor nunca trilhou caminhos fáceis - Lisandro (Ato I, Cena I, Pág. 144)
Uma boa moral para a história, senho: não basta falar, é preciso falar certo - Lisandro (Ato V, Cena I, Pág. 212)
Se nós, sombras, ofendemos,
Acertar tudo podemos:
É só pensar que dormiam
Se visões apareciam,
E que esse tema bisonho
Apenas criou um sonho.
Plateia, não repreenda;
Com perdão, tudo se emenda.
Puck afirma, sem mentir:
Se conseguirmos sair
Daqui sem ninguém vaiar,
Prometemos melhorar:
Juro que não 'stou mentindo;
Boa noite, eu vou saindo.
Se aplaudirem, como amigos,
Puck os salva de perigos. - Puck (Ato V, Cena I, Pág. 225)
O mercador de Veneza (30/07/22)
Garanto que não sei por que estou triste;
A tristeza me cansa, como a vós;
Mas como a apanhei ou contraí,
Do que é feita, ou do que terá nascido,
Ainda não sei.
A tristeza me fez um tolo tal
Que é difícil até saber quem sou. - Antônio (Ato I, Cena I, Pág. 237)
A Natureza faz gente esquisita!
Alguns têm olhos de sorriso eterno
E riem como papagaios loucos;
Há outros com aspecto tão azedo
Que não mostram os dentes num sorriso Mesmo que os céus garantam que haja graça... - Solânio (Ato I, Cena I, Pág. 238)
Signior Antônio, não tem bom aspecto;
É por levar o mundo tão a sério;
Ele não vale um preço assim tão caro. - Graziano (Ato I, Cena I, Pág. 239)
O mundo é mundo pra mim, Graziano:
Um palco, com um papel pra cada um;
E o meu é triste. - Antônio (Ato I, Cena I, Pág. 240)
Pois que eu seja o bobo!
Que as rugas cheguem com alegria e riso,
E que antes ferva o figado com vinho
Que gele o coração com penitência.
Se um homem tem nas veias sangue quente, Por que há de comportar - se como um velho, Sentado, qual estátua de alabastro?
Dormir, se está acordado? Apodrecer,
Só de teimoso? Pois lhe digo, Antônio
(E por amá - lo é que lhe falo assim),
Há homens que têm rostos tão parados
Que mais parecem lagos espelhados;
E que cultivam a imobilidade
Apenas pra, com isso, serem tidos
Por sábios, graves e conceituosos,
Como a dizer "Eu sou o só Oráculo,
E, quando falo, não há cão que ladre".
Ó meu Antônio, sei também de outros
Que só são conhecidos como sábios
Por seu silêncio; pois estou seguro
Que, falando, choveriam maldições,
Contra tais tolos, de quem os ouvisse;
Hei de contar - lhe mais de uma outra vez. Melancolia usada como isca
Traz pesca pobre; é o que lhe digo. Graziano (Ato I, Cena I, Pág. 240)
- Palavra de honra, Nerissa, que meu pequeno corpo está cansado deste imenso mundo.
- Estaria, senhora, se suas misérias fossem tão abundantes quanto são as suas bênçãos e fortunas: mas, pelo que vejo, os que se saturam com excessos ficam tão doentes quanto os que minguam por falta; sempre é mais tranquilo ter-se um pouco menos; dinheiro demais compra cabelos brancos; um modesto conforto garante melhor vida. (Ato I, Cena II, Pág. 244)
Se fazer fosse tão fácil quanto saber o que se deve fazer, as capelas seriam igrejas e as choupanas, palácios. Bom pregador é aquele que ouve e atende a seus próprios sermões; acho mais fácil dar bons conselhos a vinte pessoas do que seguir eu mesma um só deles; o cérebro é capaz de conceber leis para controlar o sangue, mas uma cabeça quente ignora todo e qualquer decreto frio. A juventude é louca como a lebre: foge aos pulos dos obstáculos que os bons conselhos custam para armar. - Pórcia (Ato I, Cena II, Pág. 244)
Repare bem, Bassânio, que o diabo
Cita em seu próprio bem as Escrituras!
A alma vil, com testemunho santo,
É igual ao vilão de rosto amável,
À maçã rubra que por dentro é podre.
Que aspecto encantador tem a mentira! - Antônio (Ato I, Cena II, Pág. 252)
Se o amor é cego, quem ama não vê
As ousadas loucuras que comete; - Jéssica (Ato II, Cena VI, Pág. 274)
A primeira é de ouro, com a inscrição:
" Eu tenho o que desejam muitos homens."
A segunda, de prata, aqui promete:
"Quem me escolher terá o que merece."
A terceira , de chumbo , afirma , rude:
" Escolhe a mim quem dá e arrisca tudo." Como saber qual é a escolha certa? (Ato II, Cena VIII, Pág. 276)
Esses seus olhos
Enfeitiçaram-me e dividiram-me:
Eu sou metade sua e o resto, sua;
Isto é , metade minha e, sendo assim,
Sou toda sua porque o meu é seu.
É triste que entre o dono e seu direito Existam condições e obstáculos!
E, sendo sua, não puder ser sua,
Terei sido maldita sem pecar. - Pórcia (Ato III, Cena II, Pág. 290)
Não há vício tão claro que não traga
Vislumbre de virtude em seu aspecto; - Bassânio (Ato III, Cena II, Pág. 292)
Eu nunca lamentei o bem que fiz.
Nem o farei agora, pois amigos
Com quem se fala pra passar o tempo,
Com cujas almas se partilha o amor, Precisam ter conosco semelhança
Em maneiras, critérios e em espírito; - Pórcia (Ato III, Cena IV, Pág. 304)
A graça do perdão não é forçada;
Desce dos céus como uma chuva fina
Sobre o solo: abençoada duplamente, Abençoa a quem dá e a quem recebe;
É mais forte que a força: ela guarnece
O monarca melhor que uma coroa;
O cetro mostra a força temporal,
Atributo de orgulho e majestade,
Onde assenta o temor devido aos reis;
Mas o perdão supera essa imponência:
É um atributo que pertence a Deus,
E o terreno poder se faz divino
Quando, à piedade, curva - se a justiça.
Assim, judeu, se clamas por justiça,
Pondera: na justiça não se alcança
Salvação; e se oramos por justiça,
Essa mesma oração ensina os gestos
E os atos do perdão. Falei , portanto, Mitigando a justiça dessa causa,
Pois, se a cumprir, a corte de Veneza
Dará sentença contra o mercador. - Pórcia (Ato IV, Cena I, Pág. 318)
Espere um pouco, que há mais uma coisa.
A multa não lhe dá direito a sangue;
" Uma libra de carne" é a expressão:
Cobre a multa, arrebanhe a sua carne,
Mas se, ao cortar, pingar uma só gota
Desse sangue cristão, seu patrimônio
Pelas leis de Veneza é confiscado, Revertendo ao Estado. - Pórcia (Ato IV, Cena I, Pág. 322)
Pode ver por si mesmo.
Pois pedindo a justiça, fique certo
Que terás mais justiça que pediu. - Pórcia (Ato IV, Cena I, Pág. 323)
GONZALO: Muito bem; mas lembrem-se de quem têm a bordo.
CONTRAMESTRE: Ninguém de quem eu goste mais do que de mim mesmo. O senhor é conselheiro; se puder calar os elementos e trazer paz ao presente, nós não tocamos mais numa só corda; use a sua autoridade. Mas se não puder, dê graças por ainda estar vivo e vá se preparar no camarote para os riscos do que pode acontecer numa hora dessas. Animo, meus corações! Já falei, saiam do caminho. (Ato I, Cena I, Pág. 356)
MIRANDA: Eu pecaria
Se não julgasse nobre a minha avó
Bons ventres dão maus filhos. (Ato I, Cena II, Pág. 363)
SEBASTIAN: Senhor, durma;
Não recuse o torpor que lhe oferecem,
É raro na tristeza; e quando ocorre,
Só trás conforto. (Ato II, Cena I, Pág. 390)
FERDINAND: No instante em que a vi, meu coração
Ficou ao seu serviço; ele lá vive
Pra me fazer escravo; e por você
Carrego lenha.
MIRANDA: Mas você me ama?
FERDINAND: Céus e terras, ouvi, quais testemunhas,
E coroai com bem o que professo,
Se o que digo é verdade! Se for falso,
Que vire mal o bem a mim fadado.
Eu, para além dos limites do mundo,
A amo, prezo e amo.
MIRANDA: E eu sou tola
Por chorar de alegria.
PRÓSPERO: Belo encontro
De raras afeições! Que chovam bênçãos
No que juntos criarem!
FERDINAND: Por que chora?
MIRANDA: O não ter méritos pra oferecer
O que desejo dar, nem pra aceitar
O que morro não tendo. Isso é tolice
Que quanto mais procura se esconder
Mais se mostra. Isso é ardil de sonsa!
Que me acuda a inocência pura e santa!
Sou sua esposa, se quiser casar:
Se não, morro sua serva: o ser igual
Você pode negar; mas vou servi-lo
Quer você queira ou não.
FERDINAND: Minha senhora;
E eu, humilde servo.
MIRANDA: Meu marido?
FERDINAND: Meu coração o quer tanto
Quanto o escravo o ser livre. Eis minha mão.
MIRANDA: A minha e o meu coração; adeus,
Até uma meia hora.
FERDINAND: Adeus mil vezes!
(Saem Miranda e Ferdinand, separadamente.)
PRÓSPERO: Não posso estar tão feliz quanto estão,
Assim surpreendidos; porém nada
Me alegraria tanto. Ao livro, agora;
Pois tenho de fazer, até a ceia,
Muita coisa que importa. (Ato III, Cena I, Pág. 407 a 408)
MIRANDA: É sonho!
Mas quanta gente bela está aqui!
Todos belos! Que bravo é o mundo novo!
Pra conter gente assim! (Ato V, Cena I, Pág. 440)
DITO POR PROSPERO
Os meus encantos se acabaram,
E as minhas forças, que restaram,
São fracas, e eu sei verdadeiro
Que ou cá me fazem prisionciro
Ou podem me mandar pro lar
Não me obriguem a ficar -
Já que ganhei o meu ducado
E quem fez mal foi perdoado -
Nesta ilha que é só deserto,
Lançando-me encontro esperto.
Quebrem os meus votos vãos
Com a ajuda de suas mãos;
Minhas velas, sem suas loas,
Já murcham as propostas boas,
Que eram de agradar. Não tenho
Mais arte, espírito ou engenho:
Meu fim será desesperação
Se não tiver sua oração,
Que pela força com que assalta
Obtém mercê pra toda falta
Quem peca e quer perdão na certa
Por indulgência me liberta. (Epílogo, Pág. 447)