spoiler visualizarLandressa 04/04/2024
Li a sinopse e já esperava a bomba, mas gosto de me torturar
Como todo livro de "autoajuda" ou desenvolvimento pessoal (depende do quanto você tá disposto a sofrer bullying), eu sempre acho importante ler tudo e refletir sobre o material. As pessoas que escrevem esses livros não são perfeitas, muitas delas estão bem mais longe da perfeição do que as pessoas que estão buscando essas leituras para crescer por saberem que precisam melhorar.
Sendo assim, sempre acredito que o mais proveitoso seja guardar o que é útil (eu disse útil, não agradável) e descartar o resto. Se você ler um livro inteiro e só uma frase ressoar em você, tudo bem.
Eu vejo problemas nesse livro, mas é complicado reclamar pois é a história da autora. Por outro lado, ela escreveu o livo por que quis e a intensão é claramente te dizer o que fazer. Ela também nunca vai ler essa resenha, então acho difícil ofender a moça
Vamos ao livro: a autora conta que "tinha" mania de controle e por isso ficou sobrecarregada. Ela acreditava ser responsabilidade dela ser uma ótima mãe (e isso de acordo com o cenário imaginário ideal dela), uma ótima esposa, dona de casa e ainda ser bem-sucedida no trabalho. O que ela não tinha entendido é que isso é impossível. A única maneira de fazer isso tudo, é fazendo mal feito.
Daí ela decidiu (depois de muito sofrimento e discussão interna) que não poderia controlar tudo e que o marido dela deveria "AJUDAR" mais em casa e com os filhos. Eu não tô de sacanagem, foi essa palavra usada. AJUDAR.
Ué, ele "ajuda" em casa? Como ela gosta de dizer, "não recebi esse memorando".
Enfim, prosseguindo, ela resolve o problema do controle ... controlando tudo.
Ela bola planos mirabolantes (que funcionam, parabéns pra ela) pra fazer o marido "Ajudar".
Ela sugere que devemos ver onde a nossa energia é mais útil e focar nisso, o resto outra pessoa pode fazer.
Okay, bem legal. Vamos fazer esse exercício.
Eu acredito que a minha energia é bem gasta e que uma atividade que só eu posso fazer é estudar para me qualificar profissionalmente. Lavar o chão ou a roupa não é algo que só eu posso fazer.
Beleza! E o meu parceiro? Ele vai achar que a energia dele vai ser bem gasta lavando banheiro?
Não, não vai. Mas alguém precisa fazer isso.
Dai vem a questão de precisar conversar e cada um faz a SUA PARTE (ninguém "ajuda").
Ela fala que se as mulheres "só" pedirem para os homens fazerem parte das tarefas porque é o justo, correto e o que uma parceria significa... eles não ficarão MOTIVADOS a fazer as coisas e vão achar ruim. Nós, mulheres, devemos mostrar que eles estão investindo na esposa para nos permitir crescer, ser feliz e saudável.
Só um minutinho. E o que me motiva? A droga da pilha de louça já me basta.
"Muitas vezes, quando estou colocando o Kofi para dormir, ele me lembra:
? Mãe, você pode nos obrigar a deitar, mas não pode nos obrigar a dormir!
Essa lógica também se aplica a nossos companheiros. Levá-lo a fazer mais não é o mesmo que ele querer fazer mais. E a melhor estratégia para fazer com que nossos companheiros se comprometam com a peteca que deixamos cair é mostrar a eles o quanto isso nos permite prosperar".
Uma coisa que ele repete bastante é que devemos "delegar com alegria", não é só dizer "lava a louça, por favor", ainda precisa ser com um sorriso no rosto. Também devemos fazer o companheiro ver o quanto fazemos (claro, eles não têm olhos).
Ela passa muito tempo falando que os nossos parceiros são pessoas completas e não são incompetentes, mas ela não para de tratar o marido dela assim. Ela só começou a mandar ele fazer as coisas e depois de um tempo ele está treinado para ver as coisas com mais facilidade. Dai ela dá umas recompensas pra ele no processo (quase uma behaviorista).
A minha maior questão era "Por que é responsabilidade dela fazer isso?"
Ela fica afirmando como o marido é maravilhoso e blábláblá, mas precisa mostrar pra ele que não é legal ela cuidar da casa, dos filhos, ser esposa e trabalhar e ele apenas trabalhar e chegar em casa pra descansar.
Ela aborda esse tópico no final do livro e não me convenceu não. Na minha opinião a resposta é simples, ela gosta do marido e queria que desse certo. Realmente deu certo pois o marido também queria isso.
"Pode parecer contraditório sugerir que o segredo para libertar as mulheres da sobrecarga é responsabilizá-las pelo envolvimento de seus maridos. As mulheres já não foram responsabilizadas o bastante? Mas, na maioria dos lares, a dinâmica de poder na esfera privada é o inverso da dinâmica na esfera pública".
Ela segue falando sobre como devemos mudar as nossas expectativas, espendo menos de nós mesmas e mais dos nossos parceiros. Tudo bem, mas a vida não é um morango.
Eu acho que, resumindo, tu precisa de uma bela rede de apoio pra fazer o que ela sugere. Ou muito dinheiro, funciona também.
Acredito que o que eu vou levar desse livro é sobre a questão de escolher o que é importante e focar nisso. Mas não no nível que ela coloca (eu ainda vou ter que lavar o chão). O que muda é a mentalidade em relação ao trabalho doméstico: não é tudo responsabilidade só minha, se a casa tá uma zona de guerra o batalhão todo vai ter que ser recrutado pra luta.
Outros pontos interessantes: ela fala muito da questão profissional (claramente ela é muito boa nisso) e o que gostei foram alguns conselhos simples, como ter contatos (que precisam ser cultivados em eventos etc.). Um ponto muito legal é quando ela fala sobre a ciclicidade da vida, ou seja, hoje você é ajudada por alguém e amanhã você ajuda alguém que vai te ajudar e ajudar outras pessoas. É necessário conhecer as pessoas certas e isso não acontece no isolamento (uma pena).
Um ponto positivo (mas meio óbvio, como o livro todo) é que a divisão de tarefas não é estática. As coisas vão mudando conforme a vida muda.
É um livro simples, bom de ler (no sentido de ser fluido), meio repetitivo, nada inovador e revolucionário (alguns desses tópicos são abordados em outros livros) e que me deixou irritada na maior porte do tempo. É bem frustrante em alguns pontos, como quando ela conta sobre as cartas.
Ela aprendeu a gostar de escrever cartas com o pai dela que escrevia muito em momentos importantes para a filha. A autora escrevia cartas enormes para o parceiro no começo do casamento e achava que essa era uma das formas que ela melhor demostrava o amor dela por ele.
Quando ela questiona o marido sobre qual a forma que ela melhor demonstra o amor dela por ele o homem foi e respondeu "quando você me envia nudes quando tá viajando" ai ela fica chocada e e pergunta sobre as cartas e ele diz "ah isso também". Eu morreria ali mesmo.