Déborah 01/11/2022"Estávamos mortas naquela época"A sensibilidade de Kate Morton é inconfundível. Ela nos leva de volta à infância e traz lágrimas aos nossos olhos mesmo em um pequenino conto de 8 páginas. Esse conto me recordou quão criativas podem ser as fantasias infantis (como a máquina de lavar, que em um piscar de olhos pode ser uma máquina do tempo) e de quão frágil é a vida (como o Hughie, que deixou costas e costas marinhas cheias de peixes a pescar e jamais experimentou as mãos de suas netas fazendo penteados engraçados em seu cabelo). Ele também revela, de forma muito sutil, como Kate Morton é analítica com as convenções sociais e os padrões de exigência humanos, muitas vezes inconscientes e perpetrados sem maiores reflexões ou críticas, como a velha competição de "meus netos são mais habilidosos, veja suas conquistas e o quanto cresceram". Seu contar de histórias é sempre maravilhado com o passado, e eu amo isso, pois no meu dia-a-dia não penso muito no passado, mas a Kate Morton é uma jovem de alma velha, e eu amo suas histórias por isso.