Lids 11/02/2018Infelizmente, vou ter que dizer isso aquiApesar de bem escrito, novo livro da série Knitting in the City fala sobre medo de intimidade de maneira superficial e rasa.
Penny Reid anda explorando saúde mental em seus livros mais recentes, depois de Beard In Mind, no qual fala sobre TOC e ansiedade social. Marriage of Inconvenience também traz um olhar diferente sobre as relações íntimas, fazendo-nos pensar sobre assexualidade, medo de intimidade e o duplo padrão de sexualidade que temos para homens e para mulheres.
Em Marriage of Inconvenience , Kat é uma herdeira que precisa se casar para impedir que seu primo Caleb consiga sua interdição por incapacidade mental. Para isso, ela pede ajuda de seu amigo/conhecido Dan, por quem já teve (e ainda tem) uma queda. O conflito é todo sobre a briga jurídica entre ela e o primo, Kat tentando entender qual exatamente o relacionamento dela com o Dan e suas dificuldades psicológicas, visto que ela tem medo de intimidade e não consegue fazer sexo sem estar bêbada.
Com relação ao aspecto psicológico, os acertos de Beard In Mind não foram bem replicados neste livro. Quando no primeiro, vemos a protagonista indo a sessões de terapia com seu companheiro, é explicado as técnicas e procedimentos que estão sendo adotados para a melhora da personagem, sempre com um profissional auxiliando. Neste livro, a situação fica superficial, pois apesar de entendermos as situações que ela já viveu e porque ela age de determinada maneira, o tratamento é pouco explorado, parecendo rápido e fácil demais. Não mostra nenhuma técnica de controle de ansiedade e as orientações psicológicas são feitas principalmente por meio da amiga da protagonista, a personagem Sandra, que é psicóloga; e apenas por telefone com a terapeuta.
Os momentos bons são aqueles em que expõe os duplos padrões sociais sobre sexualidade feminina e masculina, visto que na sociedade é normal vermos propaganda de remédios como viagra, que ajudam na vida sexual masculina. Mas quando o assunto é a vida sexual feminina, as mulheres que não tem orgasmo são vistas como tendo problema biológico irreversível e rotuladas como "frígidas".
Outro momento interessante foi quando é falado sobre esquizofrenia, doença que a mãe de Kat tem e está internada em residência terapêutica devida à doença. Penny tenta desmistificar algumas coisas sobre a doença ao também falar sobre casos menos severos da doença, o que foi bom, apesar de curto e já no final do livro.
Os personagens são interessantes, porém todo o conflito e clímax são também superficiais, pouco perigosos e mal resolvidos. A relação de Dan com o irmão Seumus é ótima, uma relação de amor e ódio entre irmãos parecida com Thor e Loki dos filmes da Marvel. É claro, as personagens do grupo de costura estão muito bem. A Penny Reid tem um timing muito bom escrevendo eles em várias histórias, sem nunca descaracterizá-los.
Resumindo, Penny escreve muito bem sobre os personagens que ela já conhece e idealiza há anos, porém os conflitos e as resoluções dos mesmos parecem pobres quando comparados às suas outras obras, especialmente Beard In Mind. É um livro bom, rápido de ler e interessante o suficiente.
Recomendo para quem gostou de Encontro Marcado (Isis Fogaça) e Freakshow (Jaden Wilkes).
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