CuraLeitura 05/01/2019
Resenha do blog CuraLeitura
Amor, Opressão e Liberdade continua exatamente onde o primeiro volume terminou.
Começamos com Celina e os filhos indo ao enterro do marido Afonso e todas as dificuldades burocráticas para se conseguir a pensão e o seguro de vidas (algumas coisas atualmente continuam com a mesma morosidade, infelizmente).
Neste período complicado ela tem o apoio de Toninho e os dois continuam sua relação. As crianças, Nelson e Ana Beatriz, gostam muito dele e até querem que a mãe o namore. Mas existem dois empecilhos para Celina oficializar o relacionamento: o primeiro é que Toninho, apesar de gostar dos filhos dela, deseja ter os seus próprios filhos, e Celina, aos 38 anos e com os filhos quase criados, não deseja voltar a viver tudo de novo; o segundo empecilho é que Toninho é muito machista e possessivo e vai contra tudo aquilo que ela viveu com Afonso, toda a liberdade que o falecido marido lhe dera.
Paralelo aos encontros tórridos de amor, temos uma narrativa dos acontecimentos dentro e fora do Brasil, como golpes, guerras, presidentes eleitos, inflação... E, em 1972, a Copa do Mundo.
"Celina começava a entender a razão de Afonso criticar tanto o futebol. Estava difícil para ela compreender como as pessoas davam mais importância aos jogos, enquanto fatos de maior gravidade política estavam acontecendo. Esse foi um tema de conversa dela com Nelson, porque tocar nesse assunto com Toninho era perda de tempo."
p. 110
Com o passar do tempo, Celina resolve terminar tudo com Toninho, pois suas personalidades e desejos para o futuro são incompatíveis para levá-los a um casamento.
Enquanto o tempo passa, acompanhamos o crescimento do Nelson e da Ana Beatriz e suas descobertas amorosas e sexuais.
Enquanto o Nelson é aluno dedicado e ingressou na universidade de História para seguir os passos do pai como professor, Ana Beatriz é desligada dos estudos e passa "nas coxas", como ela mesma diz.
Os dois, apesar de bem carismáticos, possuem personalidades totalmente diferentes: enquanto o Nelson é tranquilo, focado e caladão, a Bia é agitada, alto astral e "bocuda" - totalmente indiscreta. O que me rendeu boas risadas.
O ponto alto do livro, para mim, foi a forma como o autor introduziu os assuntos históricos da época mesclando com a narrativa do cotidiano das famílias, através de notícias em jornais, na TV e em revistas. Uma forma diferente e interessante de ver os acontecimentos e como isso afetou a vida da população.
O livro é pequeno e, como no primeiro, a escrita do Ricardo nos prende desde a primeira página. Apesar de ser um livro sobre liberdade sexual e ter bastantes cenas de sexo, nós temos uma história se desenrolando por trás, o livro não é focado somente no sexo, o que para mim foi excelente.
O material utilizado na confecção do livro é de excelente qualidade, melhor do que o do primeiro. As folhas são grossas e amareladas, com fonte e espaçamento bons, que proporcionaram uma leitura confortável e rápida. A capa é lindíssima, um luxo!
É uma leitura que eu recomendo, principalmente pelo conteúdo histórico e por nos dar uma visão mais ampla sobre a nossa liberdade, de corpo e de alma.
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