denis.caldas 31/10/2023Uma ode aos livros e aos seus leitoresO livrinho é dividido em três partes, onde o autor filosofa um pouco sobre a leitura de livros, sobre as mudanças que ocorrem em uma pessoa a partir da leitura de um único exemplar convincente e como ideologias divinas e humanas dependeram da escrita para ter uma estrutura de poder e convencimento; tanto que o autor ensina que, a palavra autoridade tem a mesma raiz de autor, por exemplo, no campo científico se você não tiver escrito artigos e livros, como "autor", você nunca terá autoridade. Também discorre como a leitura sempre foi um privilégio, pois a humanidade sempre teve que ser prática e nunca teve tempo de ler, exceto os estudiosos bancados por mecenas ou os aristocratas, que tinham um séquito de serviçais para manter as bibliotecas limpas e o seu cantinho de leitura impecável longe do frenesi da turba (1. Aqueles que queimam livros).
Em 2. Povo do livro, o autor usa aquela alcunha no Alcorão onde Maomé escreve que os judeus são o povo do Livro, ou seja, a Bíblia, para demonstrar que a identidade criada pelos israelitas vieram da tradição escrita e estudada em livros (papiros), ao contrário da tradição grega oral em Sócrates e Platão, que mais fala e discute do que escreve, embora Aristóteles tenha escrito. Uma coisa que não concordei foi o autor dizer que Jesus possivelmente tenha sido iletrado, pois os Evangelhos foram escritos por terceiros e que somente há uma alusão da escrita de Cristo quando Ele escreveu na areia. O autor frisa que Jesus pregava pela fala, usando de parábolas para que o povo iletrado apreendesse a mensagem; oras, mas não passagens em que Jesus ia à sinagoga aos Sábados pregar, era tratado como Rabi (mestre) e se utilizava dos papiros para ler aos presentes? Então, de fato Jesus usava a palavra falada para pregar às massas, mas usava a palavra escrita para ler, interpretar e conversar com os Doutores da Lei.
Em 3. Dissidentes do livro, o autor atravessa muitos povos que usavam a escrita, mas também discorre como a Igreja Católica tinha o poder proibindo a leitura popular da Bíblia, mas veio um reformista (Lutero), junto com o avanço da impressão (Gutenberg), popularizá-La e promover a discussão de dogmas e tradições impostas pelo poder papal.
Enfim, é um livrinho pequeno que faz a gente pensar e apreciar o nosso hobby querido que nos une aqui no Skoob: o livro e as suas leituras.