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24/04/2023Deu um passo maior que a perna, e caiu.Este livro era um dos mais esperados lançamentos da editora pelo fandom de ficção científica. É o livro de estreia da autora, mas que já chegou dando tiro, porrada e bomba no gênero: além de ter um universo incrivelmente fascinante e complexo, a autora buscou construir um império diferente, a começar pela língua. Aqui todo mundo é referenciado ao artigo e pronomes femininos (ela/dela, a, etc). Basicamente a autora subverteu o padrão da sociedade hoje, onde o comum utilizado é o artigo masculino, mesmo quando há presença feminina em grupos.
Isso não incomoda em parte alguma, pelo contrário, é bastante interessante ter essa perspectiva linguística. O que incomoda no livro mesmo é a lentidão da narrativa e a confusão em entender quando a AI da nave tá em um ponto ou outro da narrativa.
O universo é instigante e bem construído, tem uma trama política bem estruturada e acredito que se fosse jogado em mãos habilidosas poderia virar um ótimo filme ou série de tv. Mas a história do livro deixou a desejar mesmo.
Há muita informação sendo jogada para o leitor ao mesmo tempo, dificultante o leitor a se situar dentro da narrativa. Além disso, a personagem que é uma AI de uma nave espacial é praticamente onipresente, ou seja, está em vários locais ao mesmo tempo, então acaba misturando vários arcos narrativos e momentos, com a ideia de construir algo maior, mas que no fim chega bem difícil de sintetizar.
Apesar da nota que eu dei, é um livro bom e que tem uma proposta nova, mas que não agrada pelo excesso de subtramas que tenta amarrar. Infelizmente para mim não deu. Quem sabe uma releitura, agora depois de uns 5 anos faça eu gostar do livro?
[RESENHA ORIGINAL POSTADA NO IG ESTANTE X EM 2018]
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