spoiler visualizarJorge Luís Stocker Jr. 15/10/2012
Livro mediano de um grande escritor brasileiro
"A Mortalha de Alzira" faz parte da metade menos conhecida da obra de Aluísio Azevedo. Grande autor naturalista, Azevedo precisava viver e por isso, submetia-se a escrever romances novelescos de rodapé para jornais. Não é a toa que amargurou-se da literatura e retirou-se dela no final de sua vida.
Ainda assim, pode-se dizer que essas "obras menores" tem uma boa dose de genialidade diluída em meio ao conteúdo com irresponsabilidade típica de romances populares. Este A Mortalha de Alzira parte de uma premissa impressionante, e é impossível não ficar imaginando o que Aluísio poderia fazer com tal história sem lidar com o fantasma de agradar ao grande público. Ainda assim, apesar de achar o enredo mediano até a metade, achei surpreendente o desenrolar.
Esperava uma história mais simples de amor proibido entre padre e cortesã, tema recorrente na nossa literatura. Aluísio vai bem além disso, e a divisão da vida do padre em duas personalidades, a vida paralela nos sonhos, enfim, as coisas tem um desenrolar muito acima do esperado. Perde o encanto, ainda, pelo final exagerado e novelesco. Apenas reforça a inclinação do escritor para criar ambientes-personagem (neste caso o sonho).
Considerando todo contexto, é o melhor que se poderia esperar, e apesar de algumas partes dispensáveis e cansativas, vale a pena a leitura, pois um "Aluísio menor" ainda assim é muito maior do que muita literatura brasileira.