Lara 10/06/2020
Começa por descrever as biografias dos condenados, e também de todos que de alguma forma estão envolvidos no crime, para tanto o jornalista e especialista em segurança pública, Rogério Pagnam, utiliza de todo tipo de fonte e informação, como reportagens à época, entrevistas que ele mesmo fez e também de outros profissionais, utiliza também do próprio processo e conta com a colaboração de muitos profissionais de renome de diversas "frentes" de atuação. Ele relata de maneira imparcial, como se espera, os fatos, contextualiza o leitor e o introduz na história em ritmo de thriller, em leitura cronologicamente agradável.
Mostra várias deficiências no discurso incriminatório construído à base de provas frágeis (muitas falsas) e laudos de profissionais, que a posteriori, mostrariam sua índole questionável, volátil e facilmente moldável quando diante de holofotes, ao molde popular.
Eu realmente não identifiquei no livro, influência da opinião pessoal do autor, por isso, 5 estrelas é a minha avaliação, por ter pego a coisa toda de uma perspectiva mais ampla também.
Há um capítulo denominado "quem matou Odete?" em referência a Odete Roitman (Vale tudo, novela da globo, que cravou históricos 81 pontos de audiência em seu capítulo final) onde ele faz analogia e tenta mostrar como o clamor popular e a imprensa, interessados em encontrar um culpado (qqr que seja) e lucrar, respectivamente, podem mudar o rumo das investigações, formar um consenso policial e interferir na decisão de magistrados.
Dentro outros detalhes, também muito relevantes, é uma obra principalmente para o público brasileiro, recomendadíssima, um caso que chocou o país, e que deixa dúvidas até hoje quantos aos verdadeiros culpados, fora isso, também é muito bom para nós desmistificarmos a ideia hollywoodiana que temos a respeito de como funciona o arcabouço policial-jurídico-midiático no país.
Valoriza o pensamento crítico, imparcial e empático.