João Oliveira 24/11/2021
REFLEXÃO SOBRE O PERTENCIMENTO
David Levithan sabe como construir uma história envolvente e nos prender da primeira à última página, e, mais do que isso, como nos fazer repensar o nosso existir. Aqui, essa obra que encerra a saga Every Day nos apresenta os dramas vividos por A, que sem um corpo ao qual pertencer, todos os dias amanhece em uma vida diferente, coabitando com a alma daquele corpo sob o qual acordou.
Ele conhece X, alguém que, assim como ele, também vive esta mesma realidade, mas que não tem nenhum tipo de pudor ao se apossar dos corpos que habita, acreditando que sua vida vale tanto quanto a do corpo habitado por ele e que, assim, tem os mesmo direitos sob aquela vida. O problema aqui, de ordem filosófica, é justamente este: posso interferir na vida daquela pessoas, mesmo sabendo das consequências após deixar de habitar aquela pele?
É neste embate que a narrativa se constrói. Se no livro que abre a série eu tenho dilemas como o amor, aqui é temos a existência e o pertencimento. É um livro divertido, que apesar de nos apresentar uma narrativa relativamente simples, nos entrega camadas e mais camadas sob diversas questões já mencionadas no texto.
ALERTA DE SPOILER
Minha avaliação só não é melhor, porque acredito que tenha ficado algumas lacunas, entre elas, não há uma explicação do porquê nossa personagem enfrenta aquilo. quem são e por que sua vidas ocorrem daquela maneira. Não existe uma sensação de conclusividade do livro, o que também pode ser uma estratégia do autor para dar sequência à saga. Aguardemos