fubies 03/04/2024
Legal, i guess
Ao ler esse livro é muito importante entender que a cidade, Diaspar, é um personagem tanto quanto Alvin. Alvin é nosso personagem principal e, diferente de todos os outros habitantes da cidade, se encontra sempre inconformado com a realidade de estar trancado na cidade para toda a eternidade. Diaspar é totalmente futurística, com a tecnologia sendo a mantenedora de toda a cidade e de todas as vidas. Não existe mais morte ou nascimentos, e não existem crianças, não existe mais curiosidade ou necessidade de trabalhar para prover o próprio sustento. A cidade guarda as lembranças de todos os moradores e, de tempos em tempos, decide quem vive ou ?morre? (a morte, neste livro, é quando a pessoa é colocada novamente na memória da cidade e fica ?dormindo? para ressurgir/renascer no futuro).
Não sabia bem o que falar sobre o livro e, sinceramente, acho que li o livro errado ou não entendi de fato o que todos os outros entenderam. Sabe quando algo se encerra e você tem aquela sensação de que não entendeu tudo? É ainda pior perceber que todos em volta estão adorando e entendendo. Me sinto assim com o livro principalmente porque quase todas as resenhas que leio são super positivas: as pessoas amaram, desejaram, esperaram algo e receberam até a última página tudo o que queriam. Eu só sinto que: é, li o livro! E ok, ele foi legal (?), mas não foi tuuuuudo isso.
Saí de Fahrenheit com uma sensação muito semelhante, de que não entendi algo que todos estavam entendendo, pois nesse outro caso odiei o personagem principal. Neste livro aqui, pelo contrário, simpatizo com Alvin e meditando sobre todas as suas decisões controvérsias, infantis ou quase ingênuas, consigo compreender porque faz as coisas como faz, sendo fruto total do ambiente que vive e das coisas que ocorrem.
Há sentido, ao menos, nos seus desejos doidos, aventureiros e inconsequentes.
Ainda assim a história passa rapidamente por pontos que eu gostaria de ficar mais tempo, como a religião antiga rapidamente citada na metade do livro, a destruição de todo o resto da terra que torna a sobrevivência de Diaspar tão interessante ou até os outros planetas presentes na narrativa do livro. Cada vez havia mais interrogações na minha cabeça e eu sabia que o livro tinha páginas insuficientes para desenvolver tudo o que eu esperava, mas talvez eu só esteja mal acostumada por causa de Duna (Frank H. me contava até mesmo porque a areia era de tal e tal cor e poderia passar páginas me explicando como os trajes funcionavam).
Estou, sim, acostumada com livros que nos jogam informações relevantes junto com as irrelevantes e não nos explica nada, é quase normal quando falamos de ficção científica e clássicos, mas sinto que perdi algo nesse aqui.
Enfim, a nota reflete esse ?Ok, mas não extraordinário? que senti. Espero ler outros livros do autor!