João Pedro 11/08/2015Viagem espacial filosóficaQue dizer da minha primeira leitura de pura ficção científica?
A Cidade e as Estrelas se passa em uma Terra bilhões de anos à frente do nosso tempo, na qual a humanidade, após o declínio de seu poderio intergaláctico, se isolou em apenas uma única cidade, denominada Diaspar, enquanto todo o resto do planeta se vê encoberto por um deserto devastador.
Diaspar é uma cidade cercada por uma espécie de campo magnético, o que faz com que seu céu aparente estar sempre de tarde. Um Computador Central comanda todos os mecanismos da cidade, enquanto os seus habitantes, temerosos só em pensar na ideia de sair além dos muros da cidade, lograram uma espécie de imortalidade, uma vez que, aliado ao fato de viverem por cerca de mil anos cada um, não morrem, de fato, mas se transformam em Bancos de Dados, os quais, futuramente, se tornarão um novo habitante de Diaspar, com as suas principais memórias resguardadas.
É nesse ambiente plasmático e artificial que surge Alvin, um cidadão de Diaspar que é considerado um Único, pois não possui uma existência anterior, ou seja, não possui qualquer memória de vidas passadas registrada no Banco de Dados. Alvin não é diferente dos demais apenas nesse aspecto: ele parece não ter medo de sair da cidade e, na verdade, sente a necessidade de fazer isso.
Acompanhando as aventuras de Alvin somos guiados por uma magistral viagem, a qual desencadeia em revelações que me fizeram refletir acerca da pequenez da humanidade diante da totalidade do Universo desconhecido que nos permeia. Com um ar bastante reflexivo e uma narrativa vagarosa, mas muito bem construída, Arthur C. Clarke elaborou uma obra que considero densa, apesar de não ser demasiado extensa.
Confesso que estranhei um pouco o ritmo da obra, pois estava acostumado com obras mais contemporâneas em que a narrativa se dá de modo mais acelerado, com momentos de tirar o fôlego e reviravoltas chocantes. A Cidade e as Estrelas, porém, possui um ritmo mais lento, mas que não carece de revelações bombásticas, porém feitas em dosagem moderada, em consonância com toda a grandiosidade da obra.
A única ressalva que faço sobre essa edição é em relação aos inúmeros erros de ortografia encontrados.
No mais, recomendo demais para quem gosta de ficção científica.