Uma noite, Markovitch

Uma noite, Markovitch Ayelet Gundar-Goshen




Resenhas - Uma Noite, Markovitch


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Maria Fernanda Greiner 24/08/2020

Sinestesia e Maternidade
De início, lendo apenas a sinopse, pensei que seria um livro bobo, que Marcovitch iria negar o divórcio e no final das contas sua esposa acabaria por se apaixonar pelo mesmo. Não posso expressar o quão satisfeita fiquei por estar errada.
Após pegar o embalo a leitura é belíssima, com retratos lindos de maternidade, poder, determinação, tristeza, superação... É de fato encantador. A autora utiliza muito da sinestesia, a obra se torna uma experiência sensorial que frequentemente apela ao olfato.
Achei lindo ver a relação de outra cultura com frutas que para nós brasileiros são tão comuns, o jeito que os personagens demonstram extrema admiração e desejo por laranjas, maçãs e morangos colocou um sorriso no meu rosto.
Fico muito feliz de ter sido introduzida à obra pelo Clube de Leitura FEA USP.
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Jaguatirica 29/05/2020

Lindo lindo lindo ??
Sem exagero algum esse é um dos melhores livros que já li na vida e foi o melhor do ano até então. Sabe que ainda tento achar um defeito mas não tem! Ele é bem escrito do começo ao fim, não falha, não tem meio termo, não existe um momento "morno". Eu podia estar com toda a preguiça do mundo mas era só abrir o livro que a leitura já me tirava o fôlego de imediato.
E os personagens! Que bem feitos! Todos eles!! Sinto que se Ayelet fosse transformar uma porta num personagem ela faria isso com tanta maestria e beleza que nos apaixonariamos por essa porta. Nenhum, nenhum personagem é pouco desenvolvido. Um é mais querido que o outro. Todos me tocam.
E Iaakov Markovitch!! Gente que personagem especial, com os diálogos mais sensíveis, delicados. Me identifiquei profundamente com sua solidão, dor, abandono. Aprisionar uma mulher foi um ato babaca, cruel, e em nenhum momento a narrativa legitima isso mas o livro trata do profundo de cada personagem de modo que nem mesmo Iaakov consigo odiar. Pelo contrário, ele me comove em tudo!!! Me lembrou muito o personagem desprezado de Eric (o fantasma da ópera) só que Ayelet o desenvolve melhor! O seu toque de realismo mágico me lembra um pouquinho o Gabo (sutilmente), aquela coisa que torna a narrativa gostosa, faz do livro um amigo eterno, dá um perfume de laranja e pêssego à leitura, sabe? O ambiente, as cores, os cheiros, tudo isso numa sinestesia envolvente chama o leitor pra dentro dos corações dos personagens. Fui tragada, esse livro é imenso em profundidade.
Começo, meio e fim impecáveis. Sublinhei tantas citações do livro que seria impossível dize-las todas, mas aí vão umas que não vi citarem nas resenhas destaques.

"Desde o dia em que nascera, Iaakov Markovitch tinha a sensação de que não era senão uma figura secundária na história dos outros, um enredo marginal, uma lua distante recebendo a luz de algum sol."

"Iaakov Markovitch ficou calado. Ao cabo de um instante disse: 'Como vou aconselha-lo, Feinberg? Um amor como o de vocês eu só posso contemplar de fora, como um homem que olha para uma vitrine'.
'De que vitrine está falando?!', urrou Zeev Feinberg. 'É isso que pensa amor?'
'Sim', respondeu Iaakov Markovitch, numa voz tranquila e segura. 'É exatamente isso que penso do amor. E, acredite em mim, um homem que vive sem amor sabe reconhecê-lo de longe.'"

"'E depois que todos os seus amigos morreram você foi percorrer o país dessa maneira? Numa comitiva de condolências de um homem só?'
'Quis ter certeza de que para cada um dos meus amigos haveria um par de olhos derramando lágrimas.'
'Por que lágrimas são importantes para eles? Eles estão mortos.'
'Elas limpam a poeira que se acumula nos seus nomes.'"
Puts, esse diálogo aqui é tão profundo pra mim porque Iaakov é um homem tão "comum" e de rosto e personalidade esquecíveis. Ele passa pelos lugares como uma coisa invisível. Assim se torna um homem que, por viver sempre tão mergulhado em solidão, consegue ter a sensibilidade de captar qualquer ruído de amor no ambiente. Entende bem as pessoas. Como quem se afoga e procura um mísero ar que seja para preencher seus pulmões. E nessa esperança de ser amado um dia, ele aprisionou Bela e a si mesmo. (Bela e a fera.... mas sem suposta "síndrome de estocolmo", pelo contrário: Bela reage em ódio, desprezo e sonhos de liberdade. Esperança e desespero, tudo o que lhes restavam. Desespero inclusive é o que move boa parte dos personagens. Amor e desespero "Uma noite, Markovitch..."
Luísa @amochileiraliteraria 29/05/2020minha estante
Fiquei louca pra ler tua resenha! Parece muito bom.


Luísa @amochileiraliteraria 29/05/2020minha estante
Tua resenha me deixou louca pra ler o livro! Parece ser muito bom.


Jaguatirica 29/05/2020minha estante
Pois creio que você vai amar cada página também *-*




Jane 15/03/2022

Narração viciante.
Este livro é indicação da raspadinha da tag de livros e foi uma surpresa mais do que agradável.
O livro é muito bem narrado, as personagens são muito reais, encantadores com todos seus defeitos e qualidades. Impossível ficar indiferente.
O livro conta a história de algumas pessoas em.uma cidade agrícola da Palestina antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. A guerra, embora tenha mudado o rumo de todos não é o assunto principal,mas sim a vida dessas pessoas, os soldados, as esposas e filhos.
Somente senti falta de saber o desfecho de todos, uma vez que me apeguei a eles.
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Nana 06/07/2023

Livro nr 22 do projeto "A volta ao mundo através dos livros"
País sorteado : "Israel"

Essa leitura foi um desafio para mim e também uma ótima surpresa!
Vi várias indicações sobre ele e como não sou fã de realismo mágico, fui deixando passar. Até que chegou o momento de ler um autor Israelense, então resolvi dar uma chance a ele, e não é que adorei???

Uma escrita bonita, sensível e muito poética, com personagens bem desenhados e interessantes. Minha personagem favorita é Sônia, uma mulher forte, decidida e livre. O Iaakov Markovitch me despertou raiva, pena, angustia, e a solidão dele em muitos momentos me fez fez sofrer junto.

No geral eu gostei muito do livro. Minha única ressalva é que poderia ter umas cem páginas a menos, pois em alguns momentos a autora faz muitos floreios e para mim ficou um pouco cansativo, mas nada que tire a grandiosidade da obra.

Na minha opinião valeu muito a pena!
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Clara2490 26/08/2020

Um enredo com um quê poético, histórico, cômico e sarcástico. Uma leitura diferente, às vezes um pouco cansativa mas em outras muito estimulante! Vale a pena dedicar um tempo a Markovitch e seus amigos!
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Victoria.Salvini 19/08/2020

Pura poesia
Esse livro é tão lindo que nem sei explicar. Tenho que admitir que comecei a leitura tendo uma ideia totalmente diferente da história e por alguns instantes me senti meio perdida, tentando entender o rumo da escrita e dos acontecimentos. Mas tirando o breve desconcertamento inicial, comecei a me conectar com a história e com os personagens, sentindo coisas diferentes a cada momento, me envolvendo mais e mais com a vida de cada um e amando o ciclo interminável de vidas em constantes conexões que a autora propôs com sua escrita poética. Um livro lindo, em que os sentimentos são a base de tudo e que com certeza merece uma releitura num futuro próximo.
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Diego361 15/08/2019

Um 5 estrelas para ser apreciado
Que alegria eu poder dar 5 estrelas a um livro novamente (coisa que não é comum), o que significa, para meus critérios, que é um dos livros da minha vida, ou seja, que me fazem lembrar de coisas marcantes, às quais me moldaram do jeito que sou, e que me fazem me reconhecer (e a outros) em personagens e passagens.

Grande parte desse autoreconhecimento se deu com o protoganista, Iaakov Markovitch, "afável mas esquecível", sem presença marcante em qualquer meio que frequente, e esquisito também.
De conhecidos, um namorador extrovertido, situações do realismo fantástico, formação de grupo com outros esquisitos, jornada de redenção e autopiedade, e melancolia.

Pela autora ter formação em psicologia clínica e ser uma das convidadas da FLIP 2019, fiquei curioso com a obra, e não me arrependi em ler o livro, passando-o na frente de outros da minha lista.

Gosto quando os capítulos não são longos. Dessa forma, procurei ler o livro curtindo, devagar (dois ou três capítulos por dia) e degustando várias frases poéticas e de efeito que estão no enredo, muito bem encaixadas na estória que, apesar de valer uma pausa para a reflexão em vários momentos, não deixa de ser fluida e dinâmica. Nesse critério, não podemos deixar de dar crédito ao ótimo trabalho de tradução de Paulo Geiger, quase um coautor da obra.
Não sei por quê e nem como, mas esse livro me fez lembrar muito de "Cem anos de solidão", do Garcia Marquez. Se alguém sentiu o mesmo, por favor, manifeste-se rs.

Fiquei com vontade de ler algo da autora com enredo contemporâneo (nessa obra, grande parte da estória se passa durante a Segunda Guerra Mundial). Outros livros traduzidos da autora passarão na frente na minha lista.

"Em seu orgulho tinham pensado que seu amor ostensivo seria como uma chuva redentora, e na verdade fora um ácido corrosivo para o coração daquele homem solitário" (p. 89).
Thais 19/12/2019minha estante
Sabe que uma amiga me falou HOJE sobre como o realismo fantástico presente no livro tinha encantado ela? Acho que reside aí a associação com Gabo. Acabei de comprá-lo, já estou ansiosa pela leitura!


Diego361 20/12/2019minha estante
Muita gente tá falando sobre esse realismo fantástico na obra. Mas em outras obras que também têm realismo fantástico, não me veio nada parecido com o Gabo. Me diz depois, Thais, se suas impressões foram parecidas com as da sua amiga rs.


jota 18/06/2021minha estante
Acabei de ler. Concordo com seu ponto de vista. Também vou dar 5 estrelas: a partir de certo ponto o livro se tornou viciante. E aquelas semelhanças narrativas com Cem Anos de Solidão, como "conversamos" antes, não têm mesmo como negar.




Jean 02/08/2021

Amei o livro, principalmente que o gênero que a autora escreve é o Realismo Mágico.
A premissa de casamento arranjado para fugir dos nazistas é bem interessante. Os personagens são cativantes a ponto de entendermos muito do que eles passam no livro.
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kemi 07/09/2020

narrativa linda com cheiro de laranja
o livro encanta do início ao fim, com uma escrita detalhada e cheia de sinestesia. tudo na narrativa é lindo e a construção de personagem da autora é brilhante. ela desenvolve muito bem as transformações particulares e as personalidades de cada personagem na história.
comecei pensando que ia ser inteiramente sobre o casamento do markovitch, mas esse é só o pontapé. é mais sobre a vida desses heróis comuns nessa colônia, tenha isso em mente antes de começar, pois é uma leitura demorada (mas a narrativa bonita e detalhada compensa). me apaixonei por todos os principais da história, principalmente as mulheres. você torce por eles e se chateia com eles ao mesmo tempo durante todo o tempo.
só perdeu uma estrela porque eu não estava preparada pra uma leitura mais demorada e porque o final me deixou querendo mais explicações, mesmo não sendo necessário, já que ela deixou implícito.
um dos livros mais únicos que já li, minha primeira leitura israelense contemporânea. a guerra, seu impacto e um heroísmo judaico é muito presente na história. sensacional.
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little beesly 20/07/2021

História envolvente, surpreendente e escrita de uma forma linda! Me fez rir, chorar, aqueceu meu coração e me fez torcer pelos personagens, todos com seus defeitos, mas também com suas boas particularidades.

Por conta da rotina aperriada, demorei mais que o normal pra ler esse livro é até fiquei com medo da leitura esfriar, mas a cada vez que abria o livro me via envolvida novamente. O próprio início da leitura foi muito natural: assim que o livro chegou na minha casa e abri a primeira página não consegui mais parar de ler.

Sônia, Efraim e Zeev estarão no meu coração por muito tempo!
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Paloma 29/12/2020

Uma daquelas leituras que te coloca naquela sensação de que todo leitor ama, de estar lendo algo delicioso de tão bem escrito. E tem tudo que eu gosto, pano de fundo histórico, sarcasmo, ironia e dentro de uma atmosfera de realismo mágico.
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Paty Gazza 07/02/2023

Obrigada, Ayelet
Sabe aquela cena do Despertar da Força que o Luke tá quieto olhando pro nada? Foi assim que fiquei depois de terminar esse livro.

A escrita da Ayelet é sensacional, muito fluida e imagética, que evoca aromas e arranca risadas, e parece que a gente vai vendo a cena se construindo na página conforme vamos lendo.

A amizade do Zeev e do Markovitch é incrível de ler, mas, apesar de eles serem os personagens principais, quem brilha de verdade na narrativa são as mulheres, cada uma com uma força diferente, lutando batalhas diferentes, tomando as rédeas de sua vida e do caminho que trilham. Além disso, por ter como pano de fundo a Segunda Guerra Mundial e a Guerra de Independência de Israel, o livro é cultural e historicamente muito rico.

Um prato cheio para quem gosta de ficção histórica, narrativas geracionais e pitadas de realismo mágico.
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Samara @o_gato_leitor 29/12/2019

Leitura maravilhosa!
De todas as muitas leituras que poderiam ter me acompanhado nesse final de 2019, Uma noite, Markovitch foi sem dúvida a melhor escolha. Elaborado com uma escrita cuidadosa e muito bem trabalhada, o livro tem uma narrativa leve, fluida e poética. É surpreendente que se trate de um livro sobre a guerra, sobre o peso do Holocausto nos ombros dos judeus sobreviventes, sobre a formação do Estado de Israel. Sua temática poderia dar voz a uma história sombria, no entanto, o que Ayelet nos oferece é uma narrativa cheia de cores e cheiros. Uma verdadeira festa para os sentidos, vivida por personagens comuns, mas repletos de singularidades, que rapidamente vinculam o leitor .
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Iaakov Markovitch é um homem comum, sem quaisquer atrativos, daqueles que passam despercebidos pela vida, vivendo na Palestina durante o período pré segunda guerra mundial. Melhor amigo de Zeev Feinberg, personagem caricato perfeito conquistador, a dupla parte em direção à Europa junto a outros 18 jovens judeus, em uma missão de resgate de 20 mulheres judias que vivem na Alemanha de Hitler. Com o propósito de estabelecer um casamento de fachada, permitindo a fuga dessas jovens para a Palestina, a ideia é que todas recebam o divórcio e a liberdade ao chegar a Israel. No entanto, tal missão não obtém êxito completo à medida que Markovitch se recusa a conceder o divórcio a Bella, sua ?esposa? e a mulher mais bonita que ele já viu na vida .
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Diante dessa celeuma inicial, complexa e instigante, a história se desenvolve, bem como seus personagens, suas relações e o contexto histórico: entre esses elementos transita um vínculo forte e bem amarrado. De maneira muito simétrica, temos 3 personagens masculinas e 3 personagens femininas bastante interessantes que se complementam e se contrapõe, construídas a partir de certos estereótipos, mas que transcendem em muito essas imagens pré prontas. Amamos, sofremos, vibramos, nos identificamos com as histórias e seus rumos. É impossível não ser mobilizado por essa narrativa ímpar .
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Dentre as muitas surpresas que esse livro me trouxe, destaco a escolha da autora por narrar a vida de indivíduos comuns. Diante de um contexto histórico conturbado, que perpassa a segunda guerra mundial e a guerra de independência de Israel, Ayelet nos transmite o mundo pelos olhos do homem judeu comum, isento de heroísmos e de habilidades sobre-humanas. Nessa perspectiva, somos apresentados a dor do genocídio e o desconforto do não pertencimento, num contexto de indivíduos que sobrevivem numa terra hostil que ainda não os pertence, mas que para além disso vivem e amam .
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Uma obra inesquecível e singela, Uma noite, Markovitch é a materialização do indizível. Recomendo essa leitura muito intensamente. Aposto que, assim como eu, você será arrebatado por essa escrita mágica.
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Mariana 07/04/2023

Tocante e divertido
Esse livro já me conquistou nas primeiras linhas.
Tão bom conhecer uma voz nova como essa: com lirismo, bom-humor e sentimento.
É um tipo de livro que certamente vou reler no futuro.
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jota 19/06/2021

MUITO BOM: como escreveu o Sunday Telegraph, o livro de Ayelet Gundar-Goshen é mesmo “Uma fábula para o século XXI.”, interessante do início até o fim
Lido entre 03 e 18/06/2021. Avaliação da leitura: 4,8/5,0

Uma Noite, Markovitch, o título desse livro da israelense Ayelet Gundar-Goshen só fui entender completamente quando li o capítulo 7 de sua terceira parte: Depois (as duas primeiras são Antes e Durante e a última, Depois de Depois). Naquele capítulo, Bela, uma das personagens centrais da trama diz ao marido: “Uma noite, Markovitch. Uma noite vamos dormir juntos como marido e mulher.” Mas Bela e Iaakov Markovitch eram legalmente marido e mulher, então o que havia de errado com o casal? Aí se faz necessário ler a sinopse da editora Todavia para entendermos como as coisas chegaram a esse ponto, àquela fala de Bela:

“Às vésperas da Segunda Guerra, um grupo de jovens vai da Palestina à Europa. Lá, jovens judias que nunca conheceram os esperam. O objetivo: casamentos fictícios com os quais as meninas poderão escapar da Europa sob Hitler e alcançar a futura pátria judaica, então sob o domínio britânico. Dois dos jovens são amigos íntimos, mas muito diferentes. Zeev Feinberg, um sujeito alto e musculoso, acostumado a ter mulheres a seus pés. O outro, Iaakov Markovitch, é um cara monótono e sem carisma. No entanto, é Markovitch quem fica com a mulher mais bonita, e, quando eles alcançam Israel ele se recusa a se divorciar, com a esperança de que ela o amará algum dia.” Essa mulher bonita é Bela Markovitch, que em vez de ganhar a liberdade, razão de seu casamento fictício com Iaakov, se torna prisioneira do marido, que não lhe concede o divórcio, conforme prometido.

Outras destacadas personagens femininas criadas pela autora serão Sônia Feinberg e Rachel Mandelbaum. Aos personagens masculinos, os agricultores Zeev e Iaakov, se juntam o açougueiro Avraham Mandelbaum e Efraim Handel, vice-comandante do Irgum, que, como explica o glossário, era um “grupo operacional militar clandestino que lutava (como outros grupos semelhantes) contra o mandato inglês sobre a Palestina e pelo estabelecimento de um Estado judeu.” Toda ação se passa, portanto, antes de 14 de maio de 1948, que foi quando Israel proclamou sua independência. Aos personagens adultos depois se juntam três crianças notáveis: Iair Feinberg, Tzvi Markovitch e a pequena alemãzinha Naama, que entra para a trama numa sequência marcante. Os quatro homens e as três mulheres terão suas histórias contadas, seus relacionamentos esmiuçados, num clima que lembra muito as páginas de Cem Anos de Solidão, do colombiano Gabriel García Márquez, um dos principais expoentes do chamado realismo mágico ou fantástico na literatura.

Apesar disso, a história contada nesse livro, a questão dos casamentos fictícios para escapar da Europa nazista é, segundo a própria autora, real. A história de Markovitch, real ou não, com elementos fantásticos, fabulosos, é muito bem escrita, cheia de erotismo (principalmente nos capítulos iniciais), sensualidade, aventura, humor e também tristeza (a partir de certo suicídio e depois de uma morte). Além disso, tem como pano de fundo um pouco da história da criação do estado judeu. Ou seja, tem todos os elementos para manter o interesse do leitor do início ao fim do livro. Deve agradar bastante as leitoras porque Ayelet vai fundo na questão da sexualidade feminina. Tanto que se pode dizer dela que seja assim uma espécie de Jorge Amado de saias do Oriente Médio: vi numa entrevista durante a FLIP 2019 que ela aprecia bastante o autor baiano, Dona Flor, Gabriela...
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