Enterre seus mortos

Enterre seus mortos Ana Paula Maia




Resenhas - Enterre Seus Mortos


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toledo 08/08/2022

Um delicioso estranhamento
... é isso que o livro de Ana Paula nos causa. Foi o meu primeiro livro da autora e já pus os demais para a fila.
Embora pequeno, este é um livro denso. A marca da autora, pelo que li. Te faz refletir, sentir... algo em você revirar.
É estranho pensar que muitas coisas nesse livro não saíram de sua imaginação, mas sim da realidade cotidiana de cidades abandonadas pelo Estado, sobrevivendo ao capitalismo selvagem e mais cruel que o visto em grandes cidades.
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Dany 07/08/2022

Enterre Seus Mortos, ou, "Assume Teus B.O."
Para mais resenhas e conteúdos literários, me siga no Instagram (@vontade.deler) e no Youtube (Vontade de Ler).
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Em Enterre Seus Mortos, Ana Paula Maia constrói uma narrativa sem floreios, com cenas curtas e que, às vezes, “pulam” de um take a outro, quase como um roteiro frio e calculista, sobre um homem chamado Edgar Wilson, e seu trabalho. Edgar é um removedor de animais mortos e vive nas estradas ermas de um lugar sem nome e, aparentemente, sem Deus e nem Estado.
Essa “ausência” se reflete no grupo religioso que tenta converter e batizar pessoas e são vistos com estranhamento, numa delegacia e IML sem viaturas nem estrutura, na fumaça de uma pedreira que adoece os moradores sem que ninguém mova uma palha para mudar a situação, e no próprio relógio da igreja, parado há anos no centro desse lugar que bem poderia ser qualquer interior do nosso país.
Junto de seu colega, um padre excomungado de nome Tomás, Edgar Wilson segue, dia após dia, seu trabalho invisível mas necessário, mais um dos tantos que compõem nosso país. Quase de forma mecânica, ele junta, transporta, mói e dá fim ao corpo de diversos animais mortos. Enquanto seu colega se preocupa com a alma, Edgar se preocupa apenas em tirar os corpos, “rejeitos” do caminho, para que a vida siga acontecendo.
Como tantos outros desse seu universo, Edgar Wilson não é de questionar, ao menos não com palavras. Apesar disso, sua vida mecânica lhe permitiu ser reflexivo e, diferente dos outros ao seu redor, talvez sem que ele mesmo tenha se dado conta, ele se converteu em uma engrenagem um pouco diferente das demais: enquanto cada um está preocupado em fazer, quando muito, “apenas seu trabalho”, Edgar não descansa até dar cabo da sua função, ou do que ele acredita que ela seja, até o asfalto da sua consciência estar tão limpo quanto o das estradas que ele limpa.
Tudo isso vem à tona quando ele se depara com o corpo de uma mulher enforcada, alguém que ninguém deu falta nem “reclamou”. A partir daí, Edgar e Tomás vão esbarrar nesse sistema falho e completamente ausente, onde as responsabilidades são passadas de mão em mão até que os problemas - ou, corpos -, se amontoem e sobrecarreguem aqueles que ainda tentam fazer, ao menos, a sua parte.
Uma espécie de faroeste noir que nos apresenta a realidade nua e crua do dia-a-dia de “homens brutos”, como é conhecida a trilogia da autora que sempre traz o personagem Edgar Wilson, em situações bizarras e lugares inóspitos, para dizer o mínimo. Ao mesmo tempo, brutal e metafórica, a obra que apelidei “Assume Teus B.O.s”, - numa tentativa de trazer uma leveza e um respiro pra mim mesma quando lembro desse livro - é o retrato do Brasil contemporâneo, que percorre estradas sinuosas, atropelando o que vê pela frente enquanto deixa os “restos” para os Edgar Wilsons da vida juntar.

site: https://www.instagram.com/vontade.deler/
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joana 05/08/2022

Só com muito café e cigarro
Antes de ler saiba que eu vou DEFENDER MUITO ESSE LIVRO AQUI.
Bem, esse foi o segundo livro que li de Ana Paula Maia e pude perceber que ela criou a própria cidade, o próprio espaço acima da realidade (pasmem, é uma ficção). Mesmo tendo feito isso, em alguns pontos conseguimos perceber a brasilidade na história, como na crítica geral da obra e quando relaciona a estação de julho.
Ao contrário do que li em algumas resenhas, não achei o livro chato ou parado. Em cada cena se nota progressão e um detalhe para os dois plots finais.
Quanto às personagens, Edgar Wilson é um cara prático e se mostra quase nada pensante. Ele cumpre ordens, não faz perguntas, é introspectivo, vive em seus pensamentos. Enquanto Tomás, um padre excomungado, é afetivo e tem o tato com as pessoas e os animais.
O tanto de café e cigarro que aparecem em todas as cenas me fez compreender mais ainda a personalidade. Em alguns momentos Edgar Wilson fala da dificuldade que foi/é lidar com a morte e estar sempre um passo atrás dela, então só com muito café e cigarro pra aguentar essa vida.
Por ser uma leitura curta, era de se esperar que fosse faltar alguns pontos e é claro que eu achei ruim alguns cortes, mas tudo bem, dá pra sobreviver.
Os plots finais valem MUITO a pena, deram uma acelerada na história de 0 a 220 em segundos, muito bom e fecha bem a história.
ALERTA ? só leia se você tiver estômago e não for tão sensível a mortes cruéis.
Boa leitura!
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@juliusverse 02/08/2022

Um livro que estava no meu radar há bastante tempo e que fez jus as expectativas. Numa narrativa não muito longa, onde a protagonista é a morte em seu estado mais mundano - os cadáveres - a autora entrega uma história de personagens muito interessantes. Com uma linguagem direta e sem floreios, ela cria cenas tensas de uma forma que o leitor fica impactado, mas os personagens seguem resignados, fazendo seu trabalho. Eu adorei e pretendo ir atrás de outras obras dela.
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Nara 31/07/2022

"Edgar Wilson nunca conheceu trabalho que não estivesse ligado à morte. Sempre esteve um passo atrás dela, que invariavelmente encontra todos os homens, de maneiras diferentes. Teme morrer porque acredita em Deus. Crer em Deus o leva a crer no inferno e em todas as suas consequências. Se não fosse isso, seria apenas mais um corpo com as mãos sobre o peito. Não sabe que espécie de fim está reservado a ele. Mas diante dos mortos, seja humano, seja animal, ele não se mantém insensível. Não existe sentimento de desprezo maior do que abandonar um morto, deixá-lo ao relento, às aves carniceiras, à vista alheia."
(pg. 59)

Há que se enterrar seus mortos na terra desoladora onde vive Edgar Wilson.

O nosso protagonista é um recolhedor de animais mortos em beiras de estradas... Caminhos ou qualquer encruzilhada pra onde ruma um grupo de abutres.

Edgar tem um parceiro, Tomás. Juntos eles partilham uma rotina um tanto repetitiva de ir até o moedor, abastecer suas próprias unidades e sair estrada a fora aguardando o próximo chamado de Nete no rádio.
Recolhem o ou os animais mortos, retornam ao moedor e despacham todo tipo de bicho. Menos corpos de homens. Esse não é o seu trabalho.

Um livro em que nada demais acontece, mas ao mesmo tempo, todo um universo árido e pacato é atingido pela miséria, fazendo parecer que pouco importa estar vivo ou morto nesse lugar.

Gostei da leitura, da construção das personagens. A pessoalidade conferida a Edgar, um homem tão simples e silencioso a ponto do leitor (pelo menos eu) não se perguntar/ preocupar muito sobre seu passado. É indiferente a quase tudo que o cerca e nem por isso alheio a própria realidade.

Tomás foi um dos personagens que eu amei. Mas, me irritou um pouco as cenas da segunda parte do livro.. Achei meio clichê e, tinha lido ele como a figura do eremita.
Um cara com certa sabedoria fruto de experiências que o leitor desconhece e sente curiosidade pelo caráter andarilho e passado misterioso. Eu preferia ter conhecido ele menos.
No mais gostei de aspectos religiosos sobre a morte mas achei que de fato podiam ser mais aprofundados na narrativa. Amei a estrutura de roteiro.
Curti. Super indico.
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KaillanyMorais 22/07/2022

Acho que não funcionou muito pra mim, achei que faltou desenvolvimento tanto dos personagens quanto da história em si, parecia que iria chegar a algum lugar, mas no fim, não chegou... ficou parecendo que "faltou" algo. Leitura bem pesada também, bem explícito e tem que ter estômago para ler! Enfim, acho que tinha potencial, mas não me agradou.
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Vanessa 21/07/2022

Gostinho de querer saber mais
Um livro que me lembrou um pouco a narrativa ou tom do filme Bacurau.

Uma escrita simples, poderosa e reflexiva. Alguns pontos e personagens poderiam ser melhores explicados, mas fica aí a nossa imaginação pra descobrir os rumos deles.

É uma aflição atrás de aflição, para quem gosta de suspense é um livro interessante.
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Carla 26/06/2022

Forte e triste
A trama escrita pela autora é forte, aborda o descaso com a morte, com os mortos, a banalidade da humanidade.

Impossível duvidar que tudo aquilo que a autora conta aconteceria ou acontece de fato.

A partir da trajetória do protagonista vamos nos desencantado do ser humano, vendo a degradação de todos os princípios e valores como respeito, fraternidade e empatia.

Mas tal qual o protagonista, ainda nos esforçamos para ver beleza na vida e acreditar que ser diferente é possível. Acho que essa é a marca que Edgar deixa em nós: não de deixe endurecer pela aspereza do mundo, pela maldade dos outros. Resista e faça o seu melhor.

Mas o tom do livro não nos conduz a isso e, sim, larga a nossa mão no final, em meio à desesperança.
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Livinha 19/06/2022

É um livro bem cru, parado, pesado....apesar de ser curto. Não se aprofunda muito nos problemas mas eu acho que também não deixa muito na superfície....acho que a ideia foi justamente fazer o leitor ficar pensando e pensando e pensando...
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Mariana 17/06/2022

Achei que faltou "acontecer". A leitura é rápida, crua, bruta e pode causar desconforto em alguns leitores mais sensíveis, é importante deixar avisado.
Em relação a trama, eu fiquei decepcionada, pra ser sincera, senti que não houve desenvolvimento suficiente dos personagens, muito menos da ambientação, que é exageradamente norte americana. Não há clímax, mas existe uma construção de tensão permanente, o que acaba causando essa sensação de "era só isso?".
Alguns temas muito interessantes foram introduzidos na obra, como o fanatismo religioso, e eu achei que teriam um papel maior do que de fato tiveram, acredito que motivações, pensamentos e sentimentos poderiam ter sido esmiuçados sem tirar a crudeza da obra.
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bardo 16/06/2022

Talvez fosse o caso desse livro vir com um aviso aos leitores, já que trata da morte com uma crueza perturbadora, as descrições que Ana Paula faz chegam a um hiper-realismo capaz de embrulhar o estômago de um leitor mais sensível. Entretanto, não se pode dizer que tal hiper-realismo é gratuito, conforme a leitura avança, percebemos que pelo contraponto de seus dois protagonistas, a autora convida o leitor a meditar sobre a fragilidade humana. Em seu microcosmo, nada distante da realidade de alguns lugares pelo país, a autora retrata com certa crueldade a vida dura e sem sentido de pessoas que foram reduzidas a algo inferior aos animais. Talvez alguns se incomodem com a mordacidade com que seus personagens evangélicos são retratados, inclusive em certo ponto tem-se a impressão de que a história vá se encaminhar para um certo rumo. Conforme os acontecimentos se sucedem, entretanto, percebemos que todos ali estão sob a mesma miséria e abandono, esquecidos tanto por Deus quanto pelo diabo.
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Curumin 30/05/2022

Instigante
É uma leitura rapida, mas densa. Muito densa. A autora brinca muito com os sentidos. Parece que suas mãos, em certo momento, pingam sangue e obscurantismo.

É uma leitura bem filosófica, mas sem a entregar em pratos. E Edgar é um personagem interessante.
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Fabiana 30/05/2022

Eu gosto
Eu gosto do estilo de Ana Paula Maia, apesar do universo apontado neste livro não se parecer com o Brasil. Há algumas passagens bem bizarras e hábitos dos personagens, entretanto, creio que a autora quis mostrar um pouco ou bastante da bizarrice que é a vida e se torna cada vez mais. A desumanização é latente e perpassa por toda a narrativa e a desumanização por si só já é algo bizarro, não interessa onde aconteça.
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@ALeituradeHoje 26/05/2022

Saio dessa leitura um pouco zonza
Que DURA realidade descrita. Ana Paula me fez sentir asco pelas imagens descritas. Era possível sentir o cheiro da podridão dos corpos se decompondo.

"Se o mal se ausentou é provável que o bem também o tenha feito."
Carla 25/06/2022minha estante
Peguei para ler por influência tua, amiga!


@ALeituradeHoje 29/06/2022minha estante
Eu viiiiii. Fiquei emocionada ?


Carla 30/06/2022minha estante
Que livro triste ne? Dura realidade mesmo, como vc disse!


@ALeituradeHoje 02/07/2022minha estante
Demais. Ele me impactou muito!




Iza (insta: @curadoriza) 25/05/2022

Criou expectativa e tensão, mas não houve um clímax
Enterre seus Mortos foi minha segunda leitura do ano, ele tem uma premissa interessante, mas foi uma experiência frustrante pra mim.
?
Eu queria muito ter gostado mais desse livro. Ele cria uma expectativa com uma atmosfera tensa e um protagonista resoluto, mas não passa daí, senti que não houve um clímax à altura do que foi proposto e em alguns momentos a narrativa ficou maçante.

Falei mais dele em uma resenha completa no meu insta: https://www.instagram.com/p/Cd9Ydu-rNSm/?igshid=YmMyMTA2M2Y=
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