Henrico.Iturriet 06/01/2023
Sobre a coleção feminismos plurais
Não estranharia a facilidade que muitos pseudo-intelectuais tem, principalmente liberais, na hora de questionar e atacar o posicionamento desses pequenos livros da coleção influenciada pela filósofa Djamila. É fácil demais dar volta entre os conceitos apresentados porque a demanda que esses livros atendem é a de simplificação do discurso na forma mais pausterizada possível. Há a crítica ao capitalismo, se clama pelas mudancas estruturais, mas é como se aceitasse piamente as sucessões de destruição de direitos trabalhistas da comunidade negra e da perpetuação desse sistema. Não é revolucionário.
Me incomoda num simples fato: pelos autores serem negros, é muito raro enxergar o posicionamento árduo de justiça social que nós carregamos na pele, e isso me incomoda.
O tema aqui é empoderamento, e essa palavra é, de fato, ambígua. Esvaziada no discurso, falta a proposição do simbólico, do imaginário da multidão. Ok, entendemos que há a crítica em relação ao seu esvaziamento, mas não basta explicar as origens do termo e suas funções nos aparatos sociais institucionais quando não sabemos qual é o processo que o apaga.
Não foi difícil entender o tema após a leitura de Freire, compreendo como a quantidade de coisas que o filósofo e pedagogo nos traz, é impossível não enxergar a ótica do empoderamento pela questão especificamente racial e de gênero. Inclusive, a comunidade LGBTQIAPN+ faltou a ser representada aqui, até porque diversas autoras que foram apresentada discutiram sobre o tema, lembrem-se que as mulheres pretas e lésbicas foram um grande expoente na segunda onda do feminismo, demonstrando a hipocrisia das mulheres brancas.
O texto me incomodou, senti falta de coesão entre as partes. Parece tudo tão recortado para ficar de fácil entendimento que o conteúdo em si se esvazia, não pela falta de profundidade dele, em si, mas pela forma que foi construído. Não há continuidade, apesar de tentar ter. O que vemos nessa coleção são livros muitas vezes de fácil rebatimento intelectual, pela falta de destreza de alguns autores de trabalhar os temas de maneira plena e explicativa das constituições dos processos sociais. Isso não aconteceu com ?Racismo Estrutural? de Silvio Almeida, atual ministro dos direitos humanos, e com ?Colorismo?, de Alexandra Devulsky.
Então, até agora, foi o mais fraco que eu li. Essa foi uma leitura para a faculdade.