Cley 07/02/2020Se tem alguém que esconde alguma coisa, esse alguém é Mia Warren, uma mulher que chega à Shaker Heights com sua filha para começar uma nova etapa de sua vida. O local é devidamente planejado e organizado. Mia se torna inquilina da Elena Richardson, mãe de quatro filhos e que tem um casamento aparentemente bem-sucedido.
Os filhos de Elena se encantam rapidamente pelas novas moradoras, então, Mia e Elena se tornam mais que inquilinas, só que algo surge para romper esse relacionamento afetivo, e Elena não deixará que uma estranha desordene a vida de outras pessoas, logo decide investigar o passado da Mia, e os efeitos disso serão devastadores.
"Ela havia aprendido ao longo da vida que a paixão era, assim como o fogo, uma coisa perigosa. Era muito fácil perder o controle."
Sob narração onisciente, Celeste oferta uma trama bem desenvolvida, com personagens bem construídos, os quais fui ficando mais atraído em descobrir quais segredos guardavam e o que seriam capazes de fazer por benefício próprio.
Nesta obra, nada é desperdiçado, quando pensei que algumas cenas eram irrelevantes, mais na frente percebi que houve sentido.
Mia é uma personagem enigmática, com um passado obscuro que ela tenta a todo custo esconder, mas nem sempre as coisas saem como planejamos e uma hora ou outra a verdade aparece.
Destaco as subtramas que ocorrem na história, através delas a autora trabalha assuntos relevantes como: bullying, aborto, adoção, entre outros.
Por vezes, os personagens adentram em pensamentos que narram o passado, por isso, é necessário atenção para que não haja confusão.
Os capítulos são longos, mas a escrita da Celeste é tão atraente que essa característica se torna até irrelevante.
Gostaria que houvesse mais embate entre Mia e Elena, mais diálogo trocado, mas infelizmente isso não ocorre.
Os momentos finais ficaram corridos e algumas coisas ficam em aberto.
"Pequenos incêndios por toda parte" é uma obra aparentemente simples, mas tem o suficiente para que, ao lermos a história, percebamos que nem sempre tudo é preto e branco, e que muitas coisas fogem do nosso controle. Seguir as regras também não significa muita coisa, porque quando o perigo se aproxima, algumas delas não valerão de nada.
"Mas o problema das regras, refletiu ele, era que subentendiam um jeito errado e um jeito certo de fazer as coisas, quando, na verdade, na maior parte do tempo havia apenas jeitos, sendo que nenhum deles era exatamente certo ou errado e nada podia indicar com certeza de que lado da linha você estava."