Vidas secas

Vidas secas Graciliano Ramos




Resenhas - Vidas Secas


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Ariella11 21/04/2024

Pois não estavam vendo que ele era de carne e osso?
Que livro! Que escrita! Que brilhantismo! Quantas ideias e quantos sonhos contidos em uma mesma história. De uma beleza e crítica social enorme!

É um livro duro por essência, um verdadeiro soco no estômago. Fala sobre degradação, pobreza e trabalho. Mas, também fala sobre afetos, humanidade, sonhos e esperança de um futuro melhor, digno e próspero.

O autor, Graciliano Ramos, ao escrever acerca do sertão nordestino e a família composta por Fabiano, Sinha Vitória, os dois filhos e a cadela Baleia, convida o leitor a conhecer o Brasil negligenciado, marginalizado e abandonado para morrer de fome na caatinga seca.

É um livro precisamente crítico ao capitalismo, pois, por meio da figura do Soldado Amarelo, dos Fiscais e do Patrão, propõe como questão central a desigualdade social, um projeto sistêmico que submete as pessoas a miséria e a própria ruína.

Ademais, que misto de emoções é capaz de provocar uma história que jamais desiste de acreditar no lado bom das coisas ainda que as condições sejam as mais difíceis e sufocantes do mundo?

Soa como uma proposta para o exercício de acreditar que o melhor é possível e pode ser real, mas que para isso são necessárias pessoas capazes de desafiar as imposições dadas pelas autoridades que até então permanecem pisando e mandando nas camadas mais populares socialmente submetidas ao sistema econômico de exploração do capital.
lukecoura 23/04/2024minha estante
o Brasil negligenciado descrito por você é o retrato do Brasil real. sertanejos, ribeirinhos, quilombolas e tantos outros povos marginalizados e impostos a viver com pouca ou se quer nenhuma dignidade.

a manutenção do ostracismo social que esses povos protagonizam se dá por intermédio do sistema. é o acúmulo obsceno de capital a restringir a riqueza somente aos grandes centros urbanos que provoca a aniquilação das populações do Brasil profundo.

as violências não se restringem tão somente a impô-los a fome e a miséria, mas também a violência verbal e física proporcionada pelo braço armado do Estado.

"Então por que um sem-vergonha desordeiro se arrelia, bota-se um cabra na cadeia, dá-se pancada nele? Sabia perfeitamente que era assim, acostumara-se a todas as violências, a todas as injustiças."

a vida acaba resumindo-se a peregrinação eterna em busca de felicidade. continuar remando em alto-mar em direção de sabe-se lá o que na tentativa de encontrar terra firme. a esperança é bela e incentivável, mas ao mesmo tempo há muita crueldade envolvida. se visa a superação de um cenário de completo caos, no qual esse caos nem se quer deveria existir, pra início de conversa.

"Aparentemente resignado, sentia um ódio imenso a qualquer coisa que era ao mesmo tempo a campina seca, o patrão, os soldados e os agentes da prefeitura. Tudo na verdade era contra ele. Estava acostumado, tinha a casca muito grossa, mas às vezes se arreliava. Não havia paciência que suportasse tanta coisa"

além de humilhado, explorado. "aquele negócio de juros", descrito por Fabiano, é o retrato do completo esmagamento do trabalhador. dinâmicas de trabalho a impor-lhe uma cela e antolhos.

"Fabiano, encaiporado, fechou as mãos e deu murros na coxa. Diabo. Esforçava-se por esquecer uma infelicidade, e vinham outras infelicidades. Não queria lembrar-se do patrão nem do soldado amarelo. Mas lembrava-se, com desespero, enroscando-se como uma cascavel assanhada. Era um infeliz, era a criatura mais infeliz do mundo."

para nos libertarmos, sejamos Seu Tomás da Bolandeira. nos informemos, adquiramos saber, compartilhemos. conectando-se ao povo e as demandas por eles comunicadas, encontraremos o triunfo.

venceremos.


Ariella11 23/04/2024minha estante
Que colocação fascinante, companheiro!

Acredito que Ramos foi muito bem sucedido em exprimir uma gama de questões que atravessam a experiência do Brasil esquecido, como bem dissestes.

Nesse sentido, as periferias urbanas se confundem com as periferias rurais, com as comunidades tradicionais e as minorias sociais, pressionadas por um imperativo dominante de caráter racionalista, burocrático e capitalista.

Com essa reflexão, lembrei-me de ?Quarto de Despejo? da fantástica Carolina Maria de Jesus, que é uma verdadeira e escancarada denúncia em forma de relato pessoal. Obra essa que, por sua vez, assim como Vidas Secas, é um grito de desespero que por vezes é abafado e capturado pela lógica comercial desse sistema, perdendo consideravelmente seu propósito real de provocar uma reação de resposta diante de tais investidas que promovem o silenciamento dos desapropriados.

Portanto, diante desse cenário, companheiro, sejamos Seu Tomás da Bolandeira. Que possamos nos unir em torno do conhecimento e travar as boas lutas.

Assim, certamente venceremos.




Ana Nobre 20/04/2024

"Numa sociedade como a nossa, em que o outro (de classe, de gênero, de etnia) está soterrado, uma obra como a de Graciliano Ramos é algo quase único. Mas que não se busque aí o canto da alteridade como coisa dada, pois o que temos é difícil ou quase impossível alteridade. É no limite que ela se compõe. O modo de compor abre a narrativa a busca do outro." Hermenegildo Bastos

A cada nova obra de autores nacionais fico perplexa e penso que urgentemente devemos valorizar o nosso.

Graciliano Ramos foi um gênio na escrita de Vidas Secas, narrando a vida difícil de Baleia, Fabiano, Sinhá Vitória, menino mais velho e menino mais novo...

Baleia muito sábia. Fabiano ciente de sua rudeza. Sinhá Vitória forte. Menino mais velho curioso. Menino mais novo ainda por descobertas.

Em ambientes de seca e exploração.
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Lutexana 19/04/2024

A cachorra Baleia é gente
Com a escrita seca e um enredo bem amarrado e amargo, o escritor alagoano Graciliano Ramos nos leva a acompanhar um pouco da vida de Fabiano e sua família. Algo que se destacou muito pra mim foi como a cachorra Baleia é trabalhada porque, em um ambiente de sobrevivência constante, os homens começam a se comparar aos animais ( Como Fabiano ressaltada diversas vezes que é: Bicho, cabra, que não é gente...). A Baleia representa o povo maltratado pela seca, pelo descaso governamental e pelo coronelismo.
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bruna 18/04/2024

Meio obrigado pelo ensino médio, a gente lê os clássicos e acaba pegando ódio deles de graça. no meu caso, felizmente, fui fazendo o processo contrário. comecei a amar eles, um a um, do romantismo ao modernismo. vidas secas foi mais um desses, que, por mais que foi recomendação da escola mesmo, eu me apaixonei logo no primeiro capítulo. chorei que nem retardada com a morte de Baleia e simpatizei tanto com Fabiano e sinhá Vitória que até agora eu tô achando que eles viveram de verdade. Uma linguagem que dança bem demais entre o difícil, o profundo e o bonito e uma delícia de cortar o coração.
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Paula 18/04/2024

Classico
Classico, atemporal, necessário, reflexivo?
Literatura brasileira com referências da vida dura do sertanejo, escrita por quem sabe o que está dizendo.
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Romário 18/04/2024

Legado da literatura brasileira
Vidas Secas retrata a dura realidade do sertanejo nordestino, imerso em um ambiente árido e desolador. Através da jornada da família de Fabiano, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia, o autor expõe as agruras da vida no sertão, marcada pelas secas, a miséria e a opressão.

Graciliano utiliza uma linguagem singular e direta, sem rodeios, para descrever a luta diária pela sobrevivência em meio à seca implacável. A narrativa, permeada por uma atmosfera de desesperança e resignação, revela a impotência dos personagens diante de um destino cruel e injusto. A opressão não é apenas o ambiente da seca, mas também o patrão, o soldado amarelo, as contas.

A relação entre os membros da família e a cachorra Baleia é comovente, destacando a humanidade e a compaixão em meio à adversidade. A busca por uma vida melhor é constantemente frustrada, evidenciando a condição de abandono a qual o sertanejo está sujeito e apesar disso ele não desiste e um pequeno filete de esperança é o suficiente para reavivar a vontade de lutar por algo melhor.

Vidas Secas é uma obra que transcende o tempo, oferecendo uma reflexão profunda sobre as desigualdades sociais e as condições desumanas enfrentadas por muitos brasileiros no interior do país, mas muito além disso trata de forma visceral diversas camadas que compõe esse cenário.
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Gabi 18/04/2024

Definitivamente não é meu tipo de livro mas como fui forçada a ler sinto na obrigação de marcar ele como lido esse ano para ao menos me servir como páginas lidas/livro lido no ano
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Raony.Lima 17/04/2024

Tão antigo e tão atual
Um clássico da nossa literatura. Livro da década de 30, mas tão atual. Li esse livro há 16 anos na época da escola estudando para o vestibular e decidi ler novamente pq com certeza minha percepção e meu entendimento não seriam o mesmo.

Que livro!!! Uma família que como Graciliano diz, falam muito pouco. Uma verdade crua e real de uma família de retirantes lutando contra a seca e a fome. Baleia sempre estará no meu coração ?
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Thalita.Almeida 17/04/2024

Vidas secas traz a história de uma família composta pelo pai, a mãe, dois filhos e uma cachorrinha chamada baleia (amada como parte da família, mas ironicamente muito magra).
Todo o cenário se passa na caatinga, onde precisam lidar com a seca e viver fugindo dela. "Seca" aqui vai além da falta de água, mas expressa a miséria, a falta do saber dessas pessoas por viverem completamente à margem da sociedade, sendo ludibriadas e enganadas. Vivem com tão pouco, que seus desejos e anseios são muito simples, como uma cama melhor para dormir. Além disso, precisam encarar a tão dura seca nordestina, vivem temerosos e sabem que ela vai chegar.
A linguagem é dura, traduz com verdade a vida sofrida dessa família. Mesmo quem não vive essa realidade, consegue se aproximar pela narração crua dos pensamentos e anseios dos personagens.
O capítulo da cachorra baleia foi um punhal no meu peito, um dos capítulos mais duros que já li.
Triste, duro e até cruel, Graciliano Ramos traz sua tradução da realidade de tantas vidas secas na caatinga.

"Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos, enormes."

- Baleia (vidas secas)
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Gabi.Costa 17/04/2024

Eu já sabia
Eu tinha plena consciência que essa leitura ia acabar comigo mas 🤬 #$%!& não tem como tá preparado pra isso aqui não. Eu nunca mais vou ser feliz.
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Alexya. 17/04/2024

Comovente e emocionante.
Quando comecei a ler Vidas Secas, eu imaginei a tristeza que poderia ser o livro. Afinal, o nome não é dado atoa, a vida aqui de fato é pura secura.

Se carece de tudo, alimento, verde, vida, carinho, cama, mas uma coisa que não se finda neste livro: a esperança por um dia melhor.

Eu pensei em não ler ele, fiquei pensando ?de tristeza já basta a vida da gente?, mas eu digo: nossa vida (pelo menos a minha) de triste não tem nada. Depois que você ler o livro, só pensa numa coisa: obrigada pela cama que durmo e pela comida que como.

Graciliano Ramos arrebata a gente nessa vida cheia de miséria e desconforto. Você pensa o tempo todo ?como eu queria tirar esse povo dali? e pior de tudo, quantas pessoas não viveram semelhante desgraça neste mundo?

Fabiano, o pai, marido, que foi marcado pela dor da criação, da seca, da pobreza, era um homem duro, mas de um coração bom que por vezes eu pensei ?oxe, se fosse eu, fazia era coisa ruim?, mas ele não, se via como covarde, mas na verdade só era boa gente.

Cada personagem aqui é descrito de uma forma maravilhosa, mas confesso que Baleia me pegou no coração. E se preparem, porque tem uma parte específica aqui que eu chorei e não foi pouco.

O livro é triste, é lindo, é fácil de ler, é rápido, mas deixa uma lição valiosa para toda vida.
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leitora 16/04/2024

É um livro que fala sobre o período de seca e um casal que saiam em busca de um local onde pudessem sobreviver. Achei a história bem escrita, recomendo a leitura.
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Julia Rodrigues 15/04/2024

Meu primeiro contato com literatura regional. Livro cru e cruel. Desgraça atrás de desgraça, mas verdadeiro, e o fato de ser verdadeiro é o que o torna cruel. Nosso povo é formado de sobreviventes. Se dissesse que é formado de pessoas fortes, talvez estivesse romantizando uma busca desesperada pela sobrevivência em uma paisagem tão árida, tão seca, que formou homens secos de sonhos, de perspectivas, de desenvolvimento intelectual e de esperanças. A vida cruel não poupa nem os homens, que dirá os sonhos.
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Karoline67 15/04/2024

Sofrido demais
Graciliano em pouquíssimas palavras (sim, porque é um livro bem curtinho) conseguiu retratar coisas belíssimas dentro de um cenário tão triste. É um livro realmente marcante e importante. Eu me sinto grata de ter me permitido ser tocado pela Baleia, pra mim o melhor personagem e o mais tocante.
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Juma55 14/04/2024

Atemporal
Incrível como essa história de mais de 80 anos consegue até hoje representa a fragilidade da vida dos pobres sertanejos, o qual desgastante, injusta e infeliz continua sendo a vida de muitos que residem no sertão nordestino na esperança de ter água e mão de obra pra trabalhar e tentar manter uma vida digna de pelo menos o básico para se viver. A obra é um misto de emoções, fazendo você fica angustiado de ver aquela família passando aquela situação, onde são considerados nada e que são roubados pela aqueles que tiveram oportunidades de ter conhecimento de mundo.
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