spoiler visualizarFernando 07/03/2021
Doce Ilusão
“Mas eu achei que com a morte dele minha vida voltaria ao normal, seria feliz de novo. E eu esqueceria tudo que eles me fizeram(...). Doce ilusão.” (Página 168)
O livro Doce Ilusão é a sequência de “Inocência Perdida” escrito por P. M. Mariano.
Após o gancho do final de seu antecessor fiquei me perguntando como seria a continuação. O que aconteceria com o personagem Felipe e se conseguiria se reerguer do horror vivido? Até cheguei a imaginar possibilidades, porém foi totalmente ao contrário do que pensei.
No primeiro volume é mostrado a vida do personagem Felipe, uma criança que vive em um orfanato e é adotado por uma família rica, logo descobrindo ser neto legítimo do patriarca da família, tendo um irmão e um pai que mora na cidade grande. Seu pai os leva para morar com ele e sua esposa, Marcele, e o meio irmão, Natan. E nessa nova fase de sua vida é submetido a agressões sexuais severas por seu genitor – quem lhe transforma em escravo sexual. Terminando com a morte de seu progenitor e o início de sua recuperação pós-traumática, começa a lidar com o preconceito existente por ser vítima de abuso sexual, assim levando-o a fugir da casa em que foi acolhido.
“Doce ilusão” começa dois anos após os fatos ocorrido no primeiro livro, e de cara nos mostra Felipe numa situação desumana, sendo usado como escravo sexual num prostibulo. Ele foi vendido por um caminhoneiro para um cafetão – que também se aproveita sexualmente dele. Após uma festa particular, e de ter sido espancando quase até a morte, ele é deixado num local seguro – por uma amiga que fez no prostibulo – para ser ajudado. É encontrado por André – outra vítima de seu pai e de outros criminosos no passado. Este que o ajuda a se erguer na vida com o auxílio de Marcele, sua madrasta.
Como ressaltei, a história foi diferente do que imaginei, pois enquanto o primeiro foi um drama com terror psicológico, nesse a história migrou para um drama romântico. Não é ruim, é plausível, pois o enredo segue o personagem e agora é outro momento da vida dele a ser mostrado.
Nesse segundo volume a ênfase está em Felipe conseguir lidar com os traumas internos e sua sexualidade, ao mesmo tempo em que tenta esquecer as mazelas abertas em seu psicológico, também tenta entender sua condição sexual. Ora achando ser culpa de seu pai que o molestou, ora considerando ser parte de sua própria natureza. Além disso, ainda precisa combater o preconceito de sua família paterna, a qual lhe julga mal. Culpando-o pelos fatos do passado e machucando-o profundamente com a falta de apoio emocional – o qual encontra em André, quem descobriu ser o amor de sua vida, e em Marcele. Entre altos e baixos, Felipe considera viver uma doce ilusão.
O livro abre questões restritas sobre homofobia.
Uma coisa que me incomodou foram alguns diálogos usados para relatar sobre coisas já mostradas em outras cenas, às vezes até no mesmo capítulo.
O trabalho gráfico está ótimo, a capa condiz com a trama. As folhas são amareladas.
A saga de um pintor tem previsão de ser quatro volumes. Então agora é esperar pelo próximo e ver o que será nos mostrado sobre a vida do Felipe.
Embora seja ficção, esta saga não está longe da realidade. Falar de estupro é tocar numa ferida social que muita gente ainda fecha os olhos. São inúmeras as vítimas.
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