Carla.Parreira 24/06/2024
Terminei de ler o livro Revelações do amor divino (Juliana de Norwich). No âmago da narrativa cristã, encontramos indivíduos cujas experiências espirituais profundas e contribuições místicas significativas iluminaram o caminho da fé. Entre essas figuras notáveis está Juliana de Norwich, uma mulher extraordinária que viveu no século XIV e nos deixou um legado de sabedoria e inspiração através de suas Revelações do Amor Divino. Embora seu nome possa não ser amplamente conhecido, a vida e os ensinamentos de Juliana de Norwich são tesouros que merecem ser compartilhados. Juliana de Norwich, também conhecida como Dame Julian, foi uma mística e autora inglesa nascida em 1342. Após uma grave doença, Juliana experimentou uma série de visões e revelações divinas, as quais ela posteriormente registrou nesse livro. Essas revelações desvendam as profundezas insondáveis do amor de Deus e oferecem uma perspectiva singular sobre a natureza da divindade. No livro, Juliana compartilha as visões que recebeu e explora temas como o amor incondicional de Deus, a misericórdia divina, a redenção e a compaixão. Suas palavras são um convite à contemplação e à entrega confiante à providência divina. Juliana nos lembra que, apesar das adversidades e desafios da vida, o amor de Deus é constante e infinito, e Ele está sempre presente para nos amparar em nosso caminho espiritual. Juliana de Norwich aborda de maneira profunda e reveladora a maternidade de Deus. Ela descreve Deus como uma mãe amorosa que nutre, protege e cuida de seus filhos com infinita ternura. Juliana enfatiza o aspecto maternal de Deus para transmitir a compaixão divina e a proximidade que Deus tem com a humanidade. Ao tocar no tema da maternidade de Deus, Juliana de Norwich traz uma perspectiva única para a teologia cristã da época, que era predominantemente centrada na imagem de Deus como pai. Ela destaca que Deus transcende as definições de gênero e se apresenta tanto com qualidades maternas quanto paternas, incorporando, desta maneira, a plenitude do amor. Embora tenha vivido em um período marcado por turbulências e incertezas, a mensagem de esperança e amor de Juliana de Norwich transcende as fronteiras do tempo. Sua devoção à experiência direta com Deus e sua profunda compreensão da compaixão divina a tornaram uma figura central na tradição cristã. Seus ensinamentos têm inspirado muitas pessoas, religiosas ou não, ao longo dos séculos, e continuam a oferecer consolo e encorajamento a quem busca uma conexão mais profunda com a espiritualidade. Melhores trechos: "...Mas o que é Deus? O que é o ser humano? O que é o pecado, o sofrimento? E o demônio? O que é a alma e qual é sua função? Questões como essas vão sendo formuladas e respondidas sutilmente, formando, num sentido não rigoroso, um sistema ou núcleo de uma teologia naturalmente construída a partir do que vai surgindo em sua experiência visionária. Vemos a identificação de Deus como a Trindade, a ideia de que o pecado não pode ser algo e a predestinação ampla, um final feliz para todos os tementes a Deus. Juliana ainda afirma que nada viu e nada sabe de inferno e de purgatório. Vemos, a todo instante, a ideia de que Deus está presente em tudo, sempre... O amor é o que nos mantém atados a Deus e o único modo de nos reintegrarmos à sua natureza divina, na qual podemos vivenciar um sentido espiritual de existência e felicidade, dando significação à nossa vida. Assim entendida, a vida humana é o retorno do amor novamente ao amor, por meio da experiência do amor. Ou seja, o amor desperta o homem para a vida espiritual, é o chamado, e o amor é o caminho e o próprio professor, aquilo que é despertado, ensinado e ensina a cada um de nós. O amor revela e é o que é revelado, sendo representado especialmente como o amor encarnado em Jesus Cristo, cujo mistério é revelar o amor e ser ele próprio o mistério revelado, isto é, o amor. Esse retorno ao amor, o caminho de união com Deus, é o objetivo final. Deus é amor infinito esperando para nos ter novamente junto a ele, pelo ardente desejo de amor que temos em nós e através do qual nos reconfortamos e o buscamos. Somos, assim, o grande tesouro de Deus, amados desde a eternidade... A experiência do amor infinito mostra que Deus não está separado de sua criação, Deus é amor e vida que tudo penetra e mantém..."