Amuleto

Amuleto Roberto Bolaño




Resenhas - Amuleto


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Hannah Monise 13/04/2024

Delírios
Esse livro não é para mim! A leitura é rápida, com uma escrita envolvente - você consegue sim seguir facilmente. Porém, a história não me desperta um interesse.

Tem História do México, da América Latina e tal, mas não é algo exposto realmente. Auxílio passa duas semanas presa no banheiro da faculdade, por conta da invasão do exército, em 1968. Provavelmente, as coisas que conta são frutos de delírio, por ficar sem comer. Beleza. Até tem casos legais, mas não senti utilidade na história.

Não sei, acho que não é para mim, mas ao mesmo tempo é interessante.

"O amor nunca traz nada de bom. O amor sempre traz algo melhor. Mas o melhor às vezes é pior, se você é mulher (...)." (28%)

"E embora o canto que escutei falasse da guerra, das façanhas heróicas de uma geração inteira de jovens latino-americanos sacrificados, eu soube que acima de tudo falava do destemor e dos espelhos, do desejo e do prazer.
E esse canto é nosso amuleto." (99%)
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Lasse_ 26/03/2024

Eu não consigo esquecer nada. Dizem que esse é o meu problema.
Este livro é um sonho lúcido. É fascinante como o surrealismo do Bolaño contrasta com o surrealismo da memória. O que sobra é um fluxo de consciência ao longo dos anos e dos personagens na linha do tempo da protagonista, os quais ela percebe de forma onisciente. Indo pra frente e pra trás, os personagens e eventos são apresentados como fragmentos da memória, incertos e nostálgicos, criando a imagem da ascensão e queda de uma geração, exatamente como sói acontecer em livros do Bolaño.

Como um livro no seu catálogo, a posição que Amuleto ocupa é de uma das narradoras femininas na sua bibliografia. A persistência de sua memória como um dos temas centrais é também a memória de sua resistência como estudante e como imigrante. É esta a elegia para a geração do Bolaño pela qual o autor é conhecido. É onde todas as pessoas silenciadas pelas ditaduras latinoamericanas ganham, se não uma voz, um rosto.
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joaoggur 10/02/2024

Latino-americanos; a poesia é nosso amuleto.
Não se engane pelo pequeno número de páginas; não é sinônimo de leitura rápida. A obra é arrastada, - e jamais tomem essa informação como ponto negativo. Seu estado letárgico é fundamental para a sua apreciação; quanto mais tempo passamos nas páginas, degustando as palavras de Roberto Bolano, mais adentramos aos emaranhamos da obra, a seus sutis detalhes que uma rápida passada de olho poderia ignorar.

Partindo do pressuposto que o fluxo de consciência se mistura com uma viagem em suas próprias memórias, tornando passado, presente e futuro uma coisa só, acompanhamos a auto-intitulada ?mãe da poesia mexicana?, Auxilio, uma uruguaia que emigra para as terras mexicanas e lá tem contato com o epicentro da poesia latino-americana, misturando personagens reais com fictícios.

Em um estilo que em diversas vezes me lembrou autores como Thomas Pynchon ou Clarice Lispector, bato o martelo que qualquer informação sobre a ?história? desse livro é contestável; estamos sempre no limiar entre o tangível e o ideal, o delírio e a realidade, o sonho e a miserabilidade humana, - ainda mais quando a obra centra-se em memórias, que se embolam por todo o livro. A famosa cena em que a protagonista passa dias no banheiro de sua faculdade quando tropas invadem as instalações estudantis, (que é baseada em fatos reais), é diversas vezes revisitada, regressada e adiantada, como se ela permeasse todos os acontecimentos da obra (e penso como dizer ?regressada? e ?adiantada? é falho; é como se todos os acontecimentos do livro ocorressem naquele banheiro, ou pelo menos interpretei desta forma). Não conseguimos dizer a cronologia do que é narrado, - até onde o retrato de uma recordação não vale por si própria? É quase como se estivéssemos em uma quarta dimensão, onde não há distinção do tempo.

Foi meu primeiro contato com o autor, e quero repetir a dose. ?Amuleto? tem tudo o que mais admiro na literatura; um texto que te xinga, te escarra, te humilha, e o leitor continua a insistir a tentar entendê-lo, mesmo nao tendo sido a intenção do autor fazer quem lê entender.

?E embora o canto que escutei falasse da guerra, das façanhas heroicas de uma geração inteira de jovens latino-americanos sacrificados, eu soube que acima de tudo falava do destemor e dos espelhos, do desejo e do prazer. E esse canto é nosso amuleto.?
Nina 13/02/2024minha estante
Parabéns pela resenha! Fiquei tentada a lê-lo.




eschablau 10/01/2024

Gosto muito da poesia do Bolaño e nunca tinha lido nenhum romance.
Nesse romance situado no México durante o golpe, ele consegue transmitir grande intensidade durante todo o livro. São pequenas aventuras da "mãe de todos os poetas", uma andarilha meio hippie amante da poesia e da boemia latinoamericana. O livro consegue ser bastante divertido ao mesmo tempo que tem um tom muito poético, um fluxo de consciência e melâncolico em várias partes. Gostei muito! Recomendo a pessoas malucas.
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thaly 25/12/2023

E esse canto é o nosso amuleto
A história é sobre auxilio lacouture, uma universitária uruguaiana, que fica presa no banheiro feminino da faculdade de filosofia e letras do méxico durante a invasão militar. durante todo o livro ela relata sobre eventos que aconteceram no passado, que vão acontecer no futuro e o que está acontecendo no presente.

é um livro muito bonito com referências de poetas, escritores e outros artistas latinos ao mesmo tempo que tem alguns relatos fortes sobre a ditadura. não tem nenhuma cena de violência, não diretamente pelo menos. um fato legal é que o autor se coloca na história como um dos amigos da personagem principal.

apesar de ser um livro curtinho, demorei um pouquinho porque tive que parar algumas vezes para pensar sobre o que eu acabei de ler.

gostei muito da leitura e recomendo sempre que possível.
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Ginete Negro 2.0 31/10/2023

Memória e poesia
"Amuleto" é um romance/novela publicado em 1999, quando Roberto Bolano já tinha o diagnóstico de doença do fígado. Nessa época escreveria suas obras mais emblemáticas (que seriam as últimas, na verdade, coroadas pela imensa obra prima chamada "2666"). Aqui, temos a narração em primeira pessoa da personagem Auxilio Lacouture, uma poetisa que ficou famosa por ter ficado vários dias escondida num banheiro feminino da Universidade Autônoma da Cidade do México durante a invasão policial nos idos de 1960. Inspirada numa história real, Bolano acaba nos deixando acompanhar as ânsias, desilusões e andanças de Auxilio pela capital mexicana onde irá conhecer figuras que deixaram sua marca na poesia latino americana, bem como o Rei dos Putos. É em "Amuleto" que vemos a prosa poética de Bolano em sua plenitude, talvez. Livro altamente recomendável.
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Pedroqam 20/07/2023

A memória e a potência da resistência
Me fez pensar na memória: confusa, falha, inventiva e, mesmo assim, potente. Assim nos mostra auxilio, que muitas vezes se perde nas próprias memórias. É fácil se perder no próprio livro, onde uma experiência se mescla numa criação e volta pro banheiro do quarto andar do instituto de letras e filosofia, na resistência de auxilio, mãe de todos os poetas da América Latina. Melancólica mãe, que vê que não pode controlar o destino e o futuro de sua prole e nem proteger nenhum dos horrores dos desejos daqueles que não são poetas.
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Daiane316 26/05/2023

A literatura, um amuleto de resistência
Roberto Bolaño é daqueles autores que eu nunca li, porém procurei saber a respeito de algumas de suas obras mais famosas, como 2666 e detetives selvagens, e já fiquei encantada querendo conhecê-lo. Escolhi ler essa novela, Amuleto, por ser menor e para que eu pudesse reconhecer sua escrita; e por já ter lido por alto sobre seus trabalhos mais conhecidos, pude captar referências deles aqui., foi uma experiência entusiasmante e terna, pois ao conhecer sua protagonista de nome Auxílio, somos agraciados com um texto repleto de metáforas sobre a vida, sobre autores e de como suas obras salvam vidas (aqui no sentido literal). O enredo não é linear, soa meio confuso, meio onírico, pois se trata de um relato, de memórias. Basicamente, Amuleto, é uma homenagem a todos autores perseguidos por governos ditadores na América Latina, uma obra que reverencia a literatura como um Amuleto de resistência política e social. Certamente, não peguei toda sua essência nessa primeira leitura, é um livro para ser lido e relido, e Bolaño já está na lista de autores que preciso ler mais.
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Natine 18/10/2022

Experiência particular
Esse livro é uma experiência particular e, por ela, a minha experiência foi particularmente tenebrosa. Tudo nessa narrativa me dá pesadelos e eu odeio terror. Entendo a aclamação, mas definitivamente não faço parte dela.
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none 19/03/2022

Por favor, leia este livro
Dizem que este seria o livro favorito de Roberto Bolaño, se o mundo que conhecemos acabasse como no livro de Bradbury, Fahrenheit 451, numa distopia governada por pessoas que queimam livros Amuleto deveria ser decorado pelos leitores-livros remanescentes para a posteridade. Noturno no Chile foi o primeiro livro que li de Bolaño e que tem a complexidade de um pequeno diamante como este livro. Amuleto conta a história de Auxilio Lacouture, uruguaia que ficou presa dentro do banheiro na Universidade invadida por militares no fim da década de 60. Ou pelo menos é isso que ela conta. A mescla de ficção e realidade, a beleza da literatura contando literatura e arte (a protagonista visitando a pintora catalã já defunta Remedios Varo, o pintor Carlos Coffeen recordando a tragédia de Orestes e Erígone) valem a leitura. O canto não vai ser esquecido.
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Livia.Escudeiro 10/09/2021

“Está será uma história de terror. Será uma história policial, uma narrativa de série negra e de terror. Mas não parecerá. Não parecerá porque sou eu conto”.

A história é narrada por Auxílio, mãe da poesia e dos novos poetas do México. Ela foi a única a ficar dentro da Universidade no dia 18 de setembro quando o exército rompeu com a autonomia universitária e invadiu o campus “para prender ou matar todo mundo”. Auxílio Lacouture, cidadã do Uruguai, latino-americana, poeta e viajante resistiu durante 13 dias presa no banheiro do 4° andar da faculdade de Filosofia e Letras da UNAM, alimentando-se de papel higiênico molhado e da poesia de Pedro Garfías. A personagem é baseada na poetisa Alcira Soust Scaffo, Bolaño também se coloca na história como Arturito Belano.

Auxílio é quase uma entidade, transita pelo passado e futuro enquanto divaga, numa espécie de delírio (por fome ou tortura?), dentro do banheiro. Suas divagações formam histórias dentro da história, quase autônomas, em que estão presentes os poetas das gerações passadas e os novos poetas da vanguarda de 68, que nasceu diretamente das feridas do massacre de Tlatelolco. A violência e melancolia daquele ano perpassa todo o livro e é possível percebê-las na atmosfera pesada varrida pelo vento, livros que se cobrem de poeira, nas vanguardas e no abismo que traga os jovens. O México é transfigurado em América Latina e a morte é o cajado, sem o qual não pode caminhar.

“Estavam cantando. As crianças, os jovens, cantavam e se dirigiam para o abismo. (..) E esse canto é o nosso amuleto”.

Apesar do abismo, o canto ainda se ouve, ele é a memória, a dor e o luto não vivido do sacrifício de uma geração inteira de jovens latino-americanos.
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LER ETERNO PRAZER 06/02/2021

ROBERTO BOLAÑO nasceu em 1953, na cidade de Santiago, Chile, e é considerado um dos grandes nomes da literatura mundial. Passou a adolescência no México e voltou ao seu país pouco antes do golpe que depôs Salvador Allende. Em 1977, instalou-se na Espanha, onde começou sua carreira literária. Bolaño foi ganhador do Prémio Rómulo Gallegos por seu romance Os Detetives Selvagens, que ele descreveu como uma carta de despedida à sua geração. Bolaño foi considerado por seus pares o mais importante autor latino-americano de sua geração.

Bem, para falar um pouco de "Amuleto", tive que fazer uma pequena pesquisa pois ao me aprofundar na leitura do mesmo, tive a impressão de estar lendo um relato, ou uma obra baseada em fatos reais. E, tal não foi minha surpresa, descobri que "Amuleto" baseia-se em um episódio da história mexicana, a invasão do campus da universidade pelo exército em 1968.
Narrado em primeira pessoa, por meio de um diário. Auxilio Lacouture, poeta uruguaia que, foi uma das resistiu a invasão, isolada em um banheiro feminino de um dos departamentos, ficando lá por semanas, bebendo água da pia e comendo bolinhos de papel higiênico até que o controle da instituição voltasse às mãos da administração universitária. Seu relato configura uma homenagem aos poetas e artistas do México, mexicanos ou exilados espanhóis e latino-americanos.E também uma elegia a todos os jovens latino-americanos mortos na resistência às várias ditaduras instaladas no continente.Para conseguir esse intento, Bolaño constrói uma prosa altamente poética.
"Amuleto é um livro gostoso de ler, envolvente, mostra-nos realidades que não conhecíamos, (eu pelo menos não conhecia). Meu primeiro contado com Bolaño foi extremamente positivo e, certeza que irei buscar outras obras suas para devora-las.
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Brenda 20/05/2020

"(...) e que a única coisa que eu fazia era formular uma só pergunta vazia de substância, oca, insone: por quê?, por quê?, até as paredes de gelo racharem e caírem com grande estrépito enquanto outras novas se erguiam como que formadas pela poeira que levantavam as caídas, e assim não havia modo de fazer nada, tudo era imutável, tudo irremediável, tudo inútil, até chorar, porque nas altitudes nevadas a gente não chora, só faz perguntas, isso eu descobri com assombro, nas alturas de Machu Picchu não se chora, ou porque o frio afeta as glândulas que regulam as lágrimas, ou porque ali até as lágrimas são inúteis, o que é, como quer que se considerem as coisas, o cúmulo."
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Camille.Pezzino 08/08/2018

GERÚNDIO LATINO-AMERICANO
Existem coisas que vivem fora e dentro do tempo, podemos considerar que tudo que é terreno vive e permanece no tempo porque ocupa espaço, no entanto, há aquilo que já foi, mas é tão presente que parece que ainda é. O Amuleto, livro de Roberto Bolaño, passa-me a sensação igual a do gerúndio.

Para quem não sabe, o gerúndio é uma entre as três formas nominais do verbo. Explicando em outras palavras, o gerúndio – tanto quanto o infinitivo e o particípio – não possui flexões temporais e modais, o que faz com que permaneça com características tanto verbais quanto nominais (ou seja, de substantivo, adjetivo ou advérbio). Além disso, o gerúndio é aquele que indica uma ação contínua, que estava, está e estará ocorrendo, sempre em andamento e nunca finalizado.

Esse livro possui a mesma essência. Nós não podemos imediatamente classificar essa obra como parte de uma estética literária, pois permanece em um meandro que utiliza – ou não – características específicas, como, por exemplo, a própria noção de temporalidade do realismo mágico, ainda que ignore a magia que ocorre dentro de tramas do gênero, como Cem anos de solidão.

Quer ler mais? Acesse: https://gctinteiro.com.br/resenha-34-gerundio-latino-americano/

site: https://gctinteiro.com.br/resenha-34-gerundio-latino-americano/
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