Winesburg, Ohio

Winesburg, Ohio Sherwood Anderson
Sherwood Anderson
Sherwood Anderson
Sherwood Anderson




Resenhas - Winesburg, Ohio


6 encontrados | exibindo 1 a 6


Marcos606 10/12/2023

Essa foi a primeira obra de ficção americana a expor a hipocrisia, a frustração e a inibição por trás da fachada de gentileza típica de uma cidade pequena. Os primeiros realistas, como Hamlin Garland, mostraram a dureza e a monotonia brutalizante de uma pequena fazenda. Naturalistas como Theodore Dreiser e Frank Norris mostraram a feiura de cidades como Chicago, Nova York e São Francisco. Mas, em geral, os americanos ainda tinham uma concepção bastante romântica do encanto, do calor e da inocência da vida nas cidades pequenas. Anderson, no entanto, mostrou o povo de Winesburg (cidade fictícia criada pelo autor), Ohio, população de 1.800 habitantes, como angustiantemente solitário, alienado um do outro e incapaz de comunicar sua necessidade de amor e compreensão. Desejando escapar dos costumes e convenções inibidores, os seus aldeões são aprisionados pelas exigências da sociedade e pela sua própria incapacidade de distinguir entre aparência e realidade.

Os aldeões típicos, portanto, tornaram-se o que Anderson chamava de grotescos e ele pretendia chamar seu livro de O Livro do Grotesco. Na introdução do livro, ele define grotesco como uma pessoa que assume uma verdade para si, chama-a de sua verdade e tenta viver de acordo com ela, embora ela se torne, portanto, uma falsidade. O que Anderson quer dizer fica mais claro à medida que conhecemos seus grotescos em Winesburg, pois cada personagem é de alguma forma deformado, às vezes fisicamente, mas sempre psicologicamente - uma caricatura do que ele poderia ter sido.

Winesburg, Ohio é uma coletânea de contos situada em uma cidade fictícia criada pelo autor, começa com uma espécie de prólogo, no qual um velho escritor imagina todas as pessoas que conheceu como "grotescas", distorcidas em sua busca por várias verdades. Segue-se uma série de histórias, cada uma relacionada a um único residente de Winesburg. O primeiro, intitulado "Mãos", descreve Wing Biddlebaum, um recluso com mãos notáveis ​​que não consegue controlar, que fugiu de falsas acusações de molestar um menino em outra cidade. O segundo, "Paper Pills", é sobre o Doutor Reefy, um médico idoso que se casa com uma de suas jovens pacientes, apenas para vê-la morrer seis meses depois. No terceiro, “Mãe”, conhecemos Elizabeth Willard, a mãe do personagem central do livro, George Willard, que é um jovem repórter de um jornal local. Elizabeth é uma mulher doente, presa em um casamento infeliz, e ela se imagina envolvida em uma luta com o marido por influência sobre George.

Na história seguinte, "O Filósofo", o excêntrico Doutor Parcival imagina que uma multidão de linchadores está atrás dele e conta a George Willard o segredo da vida: "Todos no mundo são Cristo e estão todos crucificados". Em "Nobody Knows", George sai para o campo e dorme com uma garota chamada Louise Trunnion, apenas para se sentir culpado por isso depois. As próximas quatro histórias, todas agrupadas sob o título “Piedade”, retratam Jesse Bentley, um rico fazendeiro que se imagina uma figura bíblica escolhida por Deus. Sua filha, Louise Bentley, não recebe nenhum amor dele e se depara com um casamento sem amor. Seu filho, David Hardy, é enviado para morar com o avô na fazenda do velho, e Jesse leva o menino para a floresta em busca de uma mensagem de Deus. Ele não encontra nenhuma mensagem, porém, e só consegue traumatizar tanto o menino que David foge de Winesburg para sempre.
comentários(0)comente



luizguilherme.puga 14/07/2021

 É fato que Sherwood Anderson foi uma influência marcante na formação literária de Wiliam Falkner. Neste livro, Winesburg, Ohio, ele, ao logo dos 22 contos que se interlaçam tendo como personagem comum o repórter George Willard, explora o tema da solidão e da frustração, tendo como cenário uma pequena cidade fictícia no Estados Unidos. Com linguagem direta e abordagem profunda é uma leitura interessante e que valeu a pena.
comentários(0)comente



Zeka.Sixx 28/01/2021

Um clássico americano
Lançado originalmente em 1919, este livro pode ser classificado tanto como uma coleção de contos como quanto um romance (particularmente, entendo que se encaixa mais na última categoria). O livro descreve, em 22 capítulos (ou "contos"), diversos retratos humanos e histórias inusitadas na fictícia cidade de Winesburg, em Ohio. Em maior ou menor grau, as histórias se interligam, em especial através do protagonista da maioria delas, o jovem George Willard, repórter do jornal local.

Com uma escrita poderosa, no estilo do realismo poético, Sherwood Anderson produziu um verdadeiro clássico americano, reverenciado mais tarde por autores do calibre de John Fante (que o mencionou em "Sonhos de Bunker Hill") e Henry Miller (que o mencionou em "Sexus"). O livro é um brilhante retrato da vida em uma cidadezinha do Meio-Oeste no início do século XX, retratando com delicadeza e ironia a solidão e as frustrações de seus habitantes, às voltas com seus dilemas em relação ao amor, ao sexo, à necessidade de ser bem-visto na sociedade. Cada capítulo começa de maneira aparentemente banal e, ao fim, sempre dá um jeito de surpreender o leitor.
Túlio 28/01/2021minha estante
Dá hora sua resenha!


Zeka.Sixx 01/02/2021minha estante
Obrigado, bom saber que teve serventia! Abraço!


Nanda.Lessing 24/06/2023minha estante
Saiu uma nova edição em português da Teorema Editora. Comprei e já comecei a ler. Estou gostando.




Carlos Nunes 30/07/2020

Solidão e isolamento
Nunca tinha ouvido falar nem do livro nem do autor, até que ganhei esse pequeno livro de presente, e sua leitura foi uma agradável surpresa, ainda mais para mim, que não sou grande fã da literatura norteamericana. O livro é uma coletânea de 22 contos curtos lançados nos primeiros anos do século XX e reunidos neste volume em 1919. Foi um grande sucesso, e o livro é considerado até hoje um clássico dos EUA. Após uma estranheza inicial, à medida que avançamos na leitura, vamos entendendo o propósito do autor. A escrita é bastante agradável e fácil, lembrando um pouco, para mim, o estilo simples do John Steinbeck. Todas as histórias se passam na fictícia cidadezinha de Winesburg, e cada um é protagonizado por um morador da cidade. Mas os contos vão se interligando, mostrando as relações existentes entre os habitantes do local. Permeando quase todos os contos, acompanhamos o jovem jornalista George Willard e seu crescimento e desejos, até sua partida da cidade, em busca de seu sonho de se tornar escritor (um alter-ego do autor?). As narrativas são diretas, relatos do dia-a-dia, alguns cômicos, outros trágicos, que refletem perfeitamente a sensação de marasmo e solidão de uma cidadezinha americana dos anos 1900 perdida no meio do nada.
Livro leve, gostoso, que vale muito a pena conhecer.
comentários(0)comente



Henrique Fendrich 30/05/2019

Como é tradição no conto americano, Anderson escreve histórias densamente povoadas e, por isso, nada mais natural que ele reúna toda essa gente em uma só cidade. Da mesma forma que vários contistas do seu país, ele também focaliza aqueles aspectos que, a um primeiro olhar, mais pareceriam estranhos na personalidade de cada um. Não se trata de juntar uma porção de gente esquisita, mas de evidenciar que nós mesmos, os seus leitores, também somos gente esquisita, que até tenta disfarçar as suas excentricidades, mas elas saltam aos olhos de qualquer um que se disponha a uma observação mais atenta. Como a vida de uma cidade pequena do interior é altamente propícia não apenas para reunir tipos singulares, mas também para expressar hipocrisias de julgamento por parte das pessoas comuns, tem-se como bastante interessante a unidade temática desta obra.
Nanda.Lessing 24/06/2023minha estante
Gostei. Todos somos gente esquisita. Pena que tão poucas pessoas conheçam esse livro. Estou na metade de uma edição que saiu esse mês da Teorema Editora.




Daniel 08/07/2013

Já é possível enxergar alguns padrões. Solidão, impossibilidade de comunicação, momentos de iluminação (os quais James Joyce denominava epifanias) que não levam a uma mudança, fardos impossíveis de descarregar, George Willard como o catalisador dos grotescos, Winesburg como ponto que os une, desejo de se expressar e se comunicar, incompletude, busca por uma verdade absoluta que não tem espaço no mundo real.

Li que Sherwood Anderson foi um autor que influenciou Hemingway; até é possível ouvir ecos de Hemingway nos contos/capítulos, mas, pegue "Hands" por exemplo, desconfio que Hemingway tiraria a menção sobre o passado de Wing Biddlebaum.
comentários(0)comente



6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR