A força da idade

A força da idade Simone de Beauvoir




Resenhas - A força da idade


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@thereader2408 25/01/2022

Autobiografia de uma figura controversa
Simone de Beauvoir é considerada um ícone do pensamento filosófico feminista e uma das principais representantes do movimento existencialista francês do século XX. Ao saber que essa mulher se formou em fiolosofia, literatura e matemática, além de ser altamente controversa, que incomodou e incomoda muita gente com suas ideias modernas para o seu tempo e para o nosso, eu tinha que ler sua autobiografia, ainda pretendo ler biografias sobre ela. Essa edição é composta por três livros:

Primeiro volume, Memórias de uma moça bem-comportada onde a autora nos apresenta sua infância em uma família de classe média conservadora parisiense, a adolescência e a descoberta de seu amor pela literatura (foi lido e resenhado). No segundo volume "A força da idade" abrange o período de 1929 a 1944, e vai tratar de anos decisivos na formação literária, filosófica e política da intelectual francesa, esse livro estava na minha lista para 2021. O terceiro volume "A força das coisas" ainda será lido, espero que esse ano.

Entre 1958 e 1972 a escritora lançou quatro autobiografias onde narrou sua trajetória, do nascimento à velhice. Beauvoir deixou mais de 20 obras entre ensaios, romances, memórias e para os padrões da sociedade da época alguns de seus livros eram verdadeiros escândalos, como no caso da obra "O Segundo Sexo".

Mesmo com propaganda ruim, Simone obteve reconhecimento e fama ainda em vida e nesse segundo livro ela vai relatar com riqueza de detalhes sua vida na Paris antes, durante e depois da Segunda Guerra Mundial. Ela apresenta aqui vários relatos de viagens, informações sobre música, poesia, filmes e arte da época o que deixou esse segundo livro muito mais interessante que o primeiro, além de detalhar seu mais que polêmico relacionamento com Jean-Paul Sartre, moderno até para os padrões de 2021.

Vemos nesse livro acontecimentos que influenciaram sua formação literária, filosófica e política e mesmo em um cenário de conflito internacional, encontrou força no exercício da própria liberdade, o que ela defendeu a sua vida inteira, principalmente para mulheres, e foi muito atacada por isso. Até hoje. É uma delícia de livro.

@thereader2408
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Edson Silva 07/05/2020

Em seu segundo livro de memórias Simone de Beauvoir se dedica a um período importante de sua vida. A narrativa que vai do início dos seus 20 anos a meados dos 30 é marcada por uma grande mudança causada pelos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Nesse período, Simone diz ter deixado para trás sua juventude e entrado de vez na maturidade. Em A força da idade, a autora descreve como tal mudança aconteceu.

Antes de tudo, é interessante pensar que a autobiografia de Simone passa por dois filtros. Por um lado, os fatos são mostrados como ela os interpreta, por outro, ela expõe apenas a parte que não se importa em compartilhar com o público. Isso ela deixa claro. Existem várias razões para isso, como proteger pessoas ou simplesmente não expor questões intimas que não são tão importantes para o que ela pretende contar. O foco da obra está em mostrar suas relações com outras pessoas e com ideias, seu desenvolvimento intelectual e sua obra.

O livro é dividido em duas partes: na primeira Simone conta sua juventude, já a segunda parte mostra o momento de ruptura em seus valores causado pelos acontecimentos da Segunda Guerra. Um dos temas de grande importância na primeira parte é sua com Sartre, apesar de ser reservada e não tratar das intimidades do casal, Simone apresenta algumas reflexões sobre o relacionamento dos dois intelectuais, como a dependência que tinha de Sartre ao depositar a causa de sua felicidade nele, ao mesmo tempo em que ele a instigava a buscar sua independência: “Não podia ter vontade de renunciar a mim senão em favor de alguém que fizesse precisamente o possível para me impedir disso”, afirma Simone.

Os jovens intelectuais franceses acreditavam que contribuiriam com o mundo com seus livros. Mas Simone reconhece a falta de noção de realidade que tinham naquela época. Simpatizavam com a luta de classes a uma distância segura. Sua intervenção no mundo, quando chegasse o tempo, seria através de livros, até lá acreditavam que as coisas aconteceriam tal como desejavam, sem que precisassem sair do lugar. Tal visão, de acordo com Simone, revelava ignorância do peso da realidade que marcou essa época de sua juventude, podiam ter indiferença ao dinheiro e ao luxo, mas sempre tinham dinheiro o suficiente, exerciam uma profissão que não demandava esforço algum, em suma, em sua condição de pequeno-burgueses, os jovens se acreditavam incondicionados.

Sobre esse pano de fundo desenvolviam a literatura e a filosofia. A paixão à primeira vista de Sartre pela fenomenologia de Husserl, que aparecia como a opção de superação da oposição realismo e idealismo tem grande influência em suas primeiras obras filosóficas que começam a surgir junto com suas obras no campo da literatura. Simone se sente também com a vontade de produzir algo. Conhecer o mundo e se exprimir, comunicar o que há de original em sua existência através da literatura é o objetivo da jovem que não se considera uma filósofa.

Mas diante desses jovens que, para não participar do presente, invocam sua obra futura, surge algo que faz com que a realidade comece a mostrar seu devido peso. Ao voltar sozinha pelas ruas desertas de Paris, enquanto Sartre estava na Guerra, Simone diz nunca ter se sentido tão depressiva. Durante esse tempo as convicções dela mudam, a futura escritora passa da juventude à maturidade, era hora de aceitar a sua situação. Começa por dedicar-se com total empenho à literatura onde discute sobre os temas que lhe são caros, como a morte e a consciência do outro. Tem também agora suas obras publicadas. Surge seu primeiro reconhecimento como escritora, tem de lidar com os elogios e críticas de uma intelectual pública. Com o pano de fundo da guerra, Simone vive essa mudança. Quando em 1944 Paris é libertada do domínio alemão, ela já não é mais a mesma.
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Litchas 17/10/2019

Detalhista e reservada.
Simone faz uma descrição minuciosa de sua vida. Ela relata seu cotidiano... livros que leu.. peças q assistiu.. pessoas q conheceu.. reflexoes sobre sua visao de mhndo... a evolução de pensamento de acordo com os acontecimentos.
A parte mais interessante foi sua descrição sobre o impacto na vida dos franceses durante a segunda guerra mundial.
Simone se abstem de falar diretamente sobre o aspecto sexual de sua vida, se admite puritana. É bastante reservada sobre seu relacionamento com Sartre.
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