Sô 02/09/2015Tem uma narrativa completamente diferente de tudo que já li. A autora vai dando aos poucos e “sem querer” detalhes para te ambientar, bem conta gotas mesmo. A gente vai descobrindo tudo pelas conversas entre os personagens, ou os pensamentos soltos deles. Mas nunca fica tudo explicadinho para você. Mais do que o mistério em si, o interessante aqui é como ela penetra na cabeça de pessoas com problemas claros de sociopatia.
Entendemos que duas irmãs e um tio meio maluco vivem juntos em um casarão numa pequena cidade, isolados de seus hostis habitantes. Mary Kate Blackwood é quem narra os acontecimentos e ela não é uma narradora lá muito confiável. Tem 18 anos – mas parece ter 12 - e tem uma personalidade bem peculiar. Constance, sua irmã é dez anos mais velha e sofre de agorafobia. O tio se encontra em uma cadeira de rodas nos últimos seis anos. Esses seis anos é citado o tempo todo. Seis anos atrás isso, seis anos atrás aquilo e essa é primeira pergunta que a gente faz. Afinal, o que raios aconteceu seis anos atrás? A resposta te deixa ainda mais intrigado: os pais, dois tios e o irmão mais novo das meninas morreram devido a um envenenamento por arsênico, que foi colocado no açúcar, ali na mesa de jantar da própria casa.
A principal suspeita é Constance, que chega a ir a julgamento e é absolvida. Mesmo assim, ela e o que restou de sua família, se fecham no casarão e mantem contato com pouquíssimas pessoas de fora – um médico e uma senhora – mas isso muda quando aparece Charlie, um primo bem interesseiro que está de olho na fortuna que elas guardam dentro de um cofre.
O motivo do assassinato não foi nenhum ódio escondido que entrou em ebulição. O que me pareceu foi justamente o oposto: amor. Um amor deturpado, sim, é verdade, mas amor do mesmo jeito. Merricat ama tanto sua irmã Constance que a quer somente para si, 100%, o tempo todo. E Constance por sua vez, me pareceu um pouco retraída. Como se tivesse receio de sua irmã e devido a isso obedecesse aos seus caprichos, já que ela própria tem muito medo – por causa de sua agorafobia - e se sente incapaz de fazer algo a respeito, uma vez que isso envolveria contato com outras pessoas.
Mas essa é a minha visão, já que nada disso fica explicado dessa forma e tenho certeza que cada um que ler irá tirar algo diferente dele, o que o torna ainda mais incrível.