Resenhas - Sky Without Stars

Yasmin675 02/03/2022

Um começo interessante.
Acho que tornei minha missão de vida ler retellings de livros que me intimidam. E Les Misérables está no topo dessa lista. Eu poderia debater por horas sobre como um retelling de Les Mis é perigoso e tem tudo pra dar errado, mas acho que Sky Without Stars consegue acertar mais do que errar. A comparação a The Lunar Chronicles é obvia e até um pouco injusta, ambos são retellings mas a proposta aqui é bem mais ambiciosa e com mais chance de dar errado. Felizmente foi uma leitura muito interessante e apesar de longa e um pouco demorada para engatar, me diverti com os caminhos percorridos por Chatine, Marcellus e Alouette.

Ok, o plot pode não ser muito impressionante, quem já conhece o original sabe muito bem onde tudo vai dar. Marcellus é Marius, Chatine é Éponine e Alouette é Cosette. Suas histórias se entrelaçam do mesmo jeito que no original, com algumas pequenas diferenças que acabam deixando a trama um pouco mais interessante. Sinto muito em dizer que Chatine não me impressionou muito, notei um tremendo potencial no início do livro mas o protagonismo dela acabou sendo roubado por Marcellus (que, ouso dizer, tem a backstory e a narrativa mais legal da trama, embora ele consiga ser um pé no saco). Alouette não me surpreendeu muito, muito do plot girava em torno dela e eu sinto que apesar do esforço, a personagem não conseguiu corresponder (e eu acredito que foi proposital), espero que no próximo livro ela participe mais. Chatine me parecia ser o grande destaque, ambiciosa e sem escrúpulos, determinada a conseguir o que desejava, confesso que fiquei um pouco decepcionada ao ver como isso foi se desfazendo ao longo da narrativa (embora já fosse esperado), só posso torcer para que na sequência Chatine consiga recuperar todas essas características e seguir seu caminho.

No que diz respeito a Marcellus, a estrelinha da coroa, ele não conseguiu me convencer em nada no início do livro. Era chorão, reclamava de tudo e não fazia nada pra mudar seu status de sombra do avô. Após começar a se envolver com Chatine, ele começa a ficar interessante e em certo ponto você se encontra investido e começa a sentir empatia e torcer por ele. Marcellus tem uma evolução muito bonita e estou ansiosa para ver o que ele vai fazer no próximo livro.

Sobre Alouette, vou ser bem sucinta e tentar não dar muitos spoilers. Toda a narrativa dela se constrói em torno de sua própria identidade, em qjuem ela acredita ser X quem ela realmente é. E é bem difícil de entender e até se identificar, já que não temos todas as peças do enigma e elas só são reveladas nos 45 minutos do segundo tempo. Senti falta de mais informações sobre o passado dela, principalmente sobre sua mãe (em teoria, Fantine). As autoras fizeram questão de preparar bem o terreno para a ascensão de Alouette como protagonista, mas não sei se estou disposta a apostar muito nela.

Adorei a ambientação e a construção de mundo. Os jogos políticos e as castas sociais fazem total sentido, o contraste entre a tecnologia e a pobreza. O desenrolar do conflito entre a realeza e os rebeldes (Vangarde) é muito interessante e os mistérios da trama política vão se desenrolando de um jeito que não se espera.

Como ponto negativo, tive dificuldade com o início da leitura, achei muito lenta e não conseguia me conectar muito bem com os personagens. As coisas começaram a melhorar já nos 35% do livro, quando a ação realmente começa. Penso que não seja um defeito muito grande e que atrapalhe a leitura. Também senti falta de algumas explicações sobre alguns eventos do livro, mas tenho esperanças de que na continuação conseguirei algumas respostas.

O cliffhanger é, de certa forma, desesperador. Não faço ideia do que pode acontecer no livro seguinte e isso me deixa muito intrigada. Espero ler o segundo livro em breve.