O grande deserto

O grande deserto James Ellroy




Resenhas - O grande deserto


6 encontrados | exibindo 1 a 6


Marcos Nandi 29/10/2023

O livro se passa nos anos 50, bem na época, da perseguição aos comunistas. E temos duas histórias acontecendo! Danny, um policial jovem mas que o autor o descreve como se tivesse 50 anos, que está investigando uma série de assassinos que podem ou não ter motivação sexual.

O primeiro morto foi encontrado sem os olhos (com sêmen no buraco dos olhos), todo arranhado e com mordidas de dentes aparentemente não humanos. Uma belíssima imagem.

De outro lado, temos uma caçada contra comunistas através de um júri (o sistema legal dos EUA é uma bagunça), que será instruído pela polícia e por um grupo chamado "contra corrente vermelhas" que visa analisar ligações comunistas de empregados do setor de cinema, contra o sindicato de roteiristas de Hollywood. Segundo esse grupo, roteiristas estariam usando o cinema para propaganda comunista, nos moldes da lista negra que realmente existiu em Hollywood.

Uma asneira que não faz sentido algum.

Obviamente, as duas histórias vão se cruzar. E a partir daí (mais ou menos na metade do livro) ele começa a ficar interessante (e bem bom).

É o resumo!

Eu definitivamente não gosto deste autor. É o segundo livro e Deus do céu! As histórias são chatas. Mal formuladas. Os personagens não são desenvolvidos, são jogados na história de forma aleatória. E meu Deus...quanto personagem ... que confusão.

Toda a parte do comunismo é confusa. Como assim, um sindicato de caminheiros quer ficar no lugar do sindicato dos roteiristas? O que isso tem a ver? São atribuições diferentes. NÃO TEM SENTIDO. Os caminhoneiros vão atuar? Ah, mas tem a questão de dinheiro. Ok, mas os artistas vão se filiar ao sindicato dos caminhoneiros?.

O Ellroy tenta ser um Hemingway, com uma linguagem curta, dura, forte e direta. Mas Ellroy está longe do gênio! O protagonista (um dos 500) é extremamente burro. Tem uma cena em que se descobre um crime x, o investigador poderia questionar detalhes do crime para um dos inspetores. Porém, não! Ele faz toda uma volta e só depois questiona ao inspetor. O que resultaria em um parágrafo, dura páginas.

Outra coisa que me estressa, é a mania dos estadunidenses de achar que todo mundo tem que saber sobre os crimes em seu país ou coisas de sua cultura pop, sem nenhuma forma de contextualização. Por exemplo, já sabemos que o autor gosta do caso Dália Negra (pelo amor de Jesus Cristo, vira o disco) e também o chatissimo caso de Brenda Allen, que não tem nenhum contexto. Tive que ir atrás.

A partir da metade do livro, metade dos personagens somem e a história começa andar. Existe uma reviravolta que realmente foi surpreendente e achei toda a questão do gay enrustido interessante e bem feito. Porém, não gostei das resoluções dos crimes
comentários(0)comente



Luiz Miranda 28/07/2020

Noir Atômico
Tramas paralelas, 3 protagonistas e um batalhão de coadjuvantes: a fórmula James Ellroy é bem conhecida de seus leitores. Só não pense que isso torna os livros iguais...não não, cada um deles tem personalidade própria, assinatura. O Grande Deserto é dos melhores, uma assombrosa caça a um serial killer na América macarthista de 1950.

Hard-boiled de arrepiar, como já é tradição os protagonistas de Ellroy são policiais obcecados à beira do colapso: Meeks trabalhando pra máfia, Considine num complicado divórcio e o mais impressionante de todos, Danny Upshaw, detetive brilhante que toma como questão de honra a captura de um serial killer praticamente ignorado pelo Comando da Polícia e pela mídia.

A escrita, você sabe, um bombardeio de frases de impacto, paulada atrás de paulada. 110% politicamente incorreto e de humor louco, insano. Ellroy monta um painel investigativo tão complexo e detalhista que não da pra ler sem atenção. Ele arrisca e acerta praticamente todos os alvos, mesmo que o leitor tenha que engolir uma ou duas coincidências pra trama encaixar redonda.

É violento, absurdo, infame, é pra te tirar da zona de conforto, atualíssimo nestes tempos de esquerda x direita. Um escritor do tipo que não vai mais surgir na era do cancelamento. Então leia o quanto antes.

4,5 estrelas
comentários(0)comente



Che 28/02/2019

MACARTISMO E OUTRAS NEUROSES
Segundo livro do "L. A. Quartet" de James Ellroy, está à altura do primeiro, "Dália Negra". O autor manteve a atmosfera de negação ardorosa de qualquer pretensa ingenuidade da época mais glamourosa dos E.U.A. no século 20, espertamente situando tudo isso na capital cinematográfica (e portanto publicitária dessa alegada ingenuidade de 'tempos melhores), Los Angeles - a qual o escritor parece conhecer como a palma da mão e faz toda a questão de passear pelas ruas e avenidas dela num trabalho requintado de investigação do período retratado tanto no âmbito sócio-histórico quanto no geográfico.

Ellroy consegue manter o universo de "Dália Negra", inclusive com alguns personagens em comum (caso do promotor Ellis Loew), porém sem perder o fio da inventividade e lançando sua pena para outros personagens. Foi uma sacada de gênio resgatar Buzz Meeks, um sujeito que era personagem secundário (pra não dizer terciário!) no livro anterior, para alçá-lo agora à posição de um dos personagens centrais. No universo ellroyniano, quem ontem era figurante pode virar protagonista hoje. Meeks é um segurança mercenário com (quase) nenhum escrúpulo, que ecoará pela trama algumas das desventuras de seu patrão, o magnata Howard Hughes (aquele do "Aviador' do Scorsese), figura real histórica dos E.U.A. que Ellroy parece tratar com acidez especialmente entusiasmada.

Além de Meeks, Ellroy investe numa narrativa alternadamente entre mais dois personagens, o carreirista obscuro Danny Upshaw e o detetive em processo de divórcio Mal Considine, ambos com desenrolares bastante surpreendentes até o final do livro. Todos os três são personagens interessantíssimos, totalmente diferentes entre si e a investida na narração alternada em terceira pessoa não me incomodou e nem perturbou minha imersão (como achei que poderia acontecer), muito pelo contrário, o autor chega a usar esse recurso dos três personagens para mostrar informações que só algum deles descobria isoladamente, de modo que ficamos apreensivos com o que pode acontecer com aqueles que ainda não sabem de tudo.

Apesar dos três detetives densos e diversificados que nos guiam pela Los Angeles mergulhada até o pescoço na histeria macartista e num sem fim de neuroses sexuais, com direito a um vilão arrebatador (o "Texugo"), quem rouba a cena é o retrato extremamente cínico e auto-confiante da impunidade policial que atende por Dudley Smith. O irlandês nos passa a impressão de ter plena certeza de que pode fazer o que bem entende que, por ser ele mesmo da polícia, nada jamais lhe acontecerá. Esse vislumbre dele como a alma do "L A. Quartet" será intensificada no livro seguinte, "Los Angeles - Cidade Proibida", o qual já li.

Sobre a camada política de "O Grande Deserto", o possível coxinhismo de Ellroy não atrapalha em absolutamente nada, uma vez que ele se empenha mais em tirar o véu de ingenuidade de todo mundo sem poupar ninguém, muito embora talvez de modo inconsciente e involuntário acabe favorecendo justamente o lado que poderia ser seu alvo maior de acidez (os 'comunistas'), visto que o maior adepto do macartismo é o próprio Dudley e que, afinal de contas, vai se provando que muitas das suspeitas dos 'vermelhos' sobre os abusos policiais contra mexicanos e negros tinham de fato bastante fundamento.

E como se não fossem suficientes todos esses méritos, ainda tem o melhor e mais coerente final dos três livros do quarteto que li até agora, te deixando com a impressão de um mero respiro antes de uma inevitável tragédia anunciada.
comentários(0)comente



Cris 11/01/2017

Policial Hardcore
Finalizando minha leitura de “O Grande Deserto” também completo a leitura do arco de histórias policiais hardcore que compõem a quadrilogia “L.A. Quartet” escrita pelo ex- marginal, ex-drogado, ex-tarado e ex-presidiário James Ellroy.
Seguindo a mesma linha dos outros exemplares de “L.A. Quartet”: “Dália Negra”, "L.A. Confidential” e “Jazz Branco”, “O Grande Deserto” se concentra unicamente em dissecar o lado mais podre da Cidade dos Anjos pelo ponto de vista de policiais e "homens da lei" tão insanos quanto os piores marginais e tendo como núcleo da complexíssima trama repugnantes morticínios cometidos por assassinos em série monstruosos.
Perto da obra de Ellroy os livros de outros mestres da literatura policial atual, como Jeffery Deaver e Elmore Leonard, são manuais de escoteiro redigidos por coroinhas.
Sintetizando: quem nunca leu nada de James Ellroy não conhece o noir contemporâneo
Herval 04/03/2017minha estante
Tu leu todo o Quarteto? Do que mais gostou? Estou pensando em começar por este, uma vez que tem o cinema hollywoodiano como pano de fundo, ou pelo Dália Negra...


Luiz Miranda 02/06/2017minha estante
Estava comentando isso: pegue Nesbo, Block, Deaver, Connelly, Patterson ou qualquer outro escritor de romances policiais dos últimos 30 anos e compare. Ellroy põe no bolso essa turma.




Arsenio Meira 28/09/2012

Inegável que Ellroy sabe manejar com maestria o lado obscuro de todas as instituições envolvidas com o crime: desde os mais altos escalões, até a dita "ralé".

Especificamente neste romance, ele mais uma vez acerta, e aliando fatos históriscos (a histeria do Macartismo) com a trama policial (FBI e etc.)

Nao deixa de ser, a sua maneira, um romance histórico. Um período da vida dos EUA. Um país profundamente marcado pela hipocrisia homicida de sua classe média, em última análise.
comentários(0)comente



Lance 14/02/2012

mais um
genial enredo desenvolvido em um linguagem rápida, seca e precisa. U daqueles livros que não dá para parar de ler.
comentários(0)comente



6 encontrados | exibindo 1 a 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR