A Exemplar Família de Itamar Halbmann

A Exemplar Família de Itamar Halbmann Diogo Fontana




Resenhas - A Exemplar Família de Itamar Halbmann


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Pavozzo 15/11/2023

Brasileiro contemporâneo que não detestei
Honoré de Balzac disse uma vez que "fizera melhor do que os historiadores, porque era mais livre" - talvez pelo fato do acadêmico estar sujeito à certas "regras" da historiografia ou influenciado por alguma "interpretação" que queira dar àquela profusão de acontecimentos. Já o escritor, livre para narrar como quiser e, com freqüência testemunha direta de certos fatos, consegue, por vezes, aproximar o leitor daquela realidade descrita mais habilmente do que um livro de história. É com base neste princípio que temos o exemplo (exemplar) da família de Itamar Halbmann.

Nesta crônica de costumes, as personagens defendem idéias que contradizem o estilo de vida que possuem: criticam os vizinhos ricos por participarem de um protesto político, mas proíbem suas próprias empregadas de se manifestarem sobre estes assuntos. Acreditam que as universidades formam a "elite" e que por isso precisam ser tomadas pelos trabalhadores; mas quem são estes "trabalhadores"? Gente da "turma deles" - pretendentes a funcionários públicos com altos salários e que compartilham da mesma ideologia política. Sugerem o confisco de terras e bens dos "burgueses", com fins de reforma agrária, mas tomam todas as devidas precauções para evitar que o mesmo aconteça com eles caso um possível opositor político chegue ao poder.

Como percebe-se, é quase inevitável que tais figuras sejam descritas com um mínimo de fina ironia, embora o autor mantenha-se isento de qualquer julgamento. A sátira feita aqui, porém, tão adequada para esboçar tipos humanos contraditórios, carece de profundidade psicológica.

Temos aqui um "Halbmann" ("Half-man"; "Meio-homem"), um Itamar desembargador e militante; e quanto ao Itamar humano? Qual é a origem de suas convicções? O que o leva a não perceber que sua situação existencial entra em conflito com suas idéias? E o que seria capaz de fazê-lo atinar com tudo isso? São perguntas que gostaria que tivessem sido respondidas.

Há uma cena em particular - um jantar - no qual o protagonista acaba conhecendo por acaso uma família de venezuelanos. Tanta coisa poderia ter sido dita ali... Fora um episódio interessante, mas um pouco aquém do que esperava.

Curto, bem escrito, em estilo balzaquiano e suficientemente cativo a ponto de segurar o interesse até o final. Talvez queira ler o livro seguinte do autor que - vejam só - é narrado por um venezuelano.
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Paulo Lucemberg 19/06/2018

Imagens de nós mesmos
O livro é curtinho, divertido e ao apresentar personagens que nos são tão comuns ou próximos, nos oferece uma oportunidade, rara, de autocrítica de nossos pensamentos coletivistas e quase sempre desconectados com a realidade. A adesão ideológica e partidária por medo de ficar só no mundo é a coisa mais estúpida que vemos em nosso tempo.
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Bruno Sinistro 11/10/2020

Fácil de ler
Livro muito fácil de ler e divertido. É interessante que ele marca no tempo um evento importante pra história do Brasil, nos trazendo lembranças da época que conectam com a história.
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Anderson Theodoro 13/10/2020

Um belo retrato de nossa "miséria"...
Cativante do início ao fim, esse pequeno livro narra com detalhes a vida de uma sociedade decaida, no entanto incapaz de reconhecer sua miséria moral e intelectual.
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Pedro 18/07/2021

Bem real
Romance muito interessante. Muito bem escrito e discorre sobre um tipo de pessoa mais comum do que deveria ser. Vale a pena a leitura.
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Debora696 05/09/2021

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Escrito em 2018, após o impeachment de Dilma Roussef e antes da eleição de Jair Bolsonaro, A exemplar família de Itamar Halbmann é um retrato da elite que não se percebe como tal.
Um casal de juristas, a mulher professora universitária, o homem juiz de direito, moradores de bairro nobre em Curitiba, frequentadores de ambientes elegantes, gente que se dispõe a gastar seiscentos dólares por pessoa em uma festa de ano-novo no Panamá (!), encastelados em uma bolha e que, mesmo assim, se enxergam como defensores dos pobres por serem de esquerda e acreditarem no projeto do Partido dos Trabalhadores (PT).
A novela começa à Balzac, com bastantes descrições e a introdução de vários personagens. Um dos mais intrigantes é o Bruxo, uma espécie de mentor do casal Halbmann, um tipo abjeto, que se preocupa menos com o ajuntamento de bens materiais que com a busca pelo poder.
Também há tipos meio que folclóricos, como o famoso professor de cursinho com direito a rabinho de cavalo e tudo. E, claro, o vizinho anti-PT que bate panela no pronunciamento presidencial.
Aliás, o bate-panela é um dos momentos memoráveis da narrativa, a família Halbmann se desespera, se acua em seu luxuoso apartamento num primeiro instante, para depois partir para o ataque nas redes sociais. Outro momento memorável é quando Itamar recorda uma reunião pouco antes das eleições de 2002, um momento bem construído na narrativa, em que vemos a chamada "esquerda caviar" em seu ápice.
Entretanto, não os personagens são psicologicamente rasos, acredito que pela própria estrutura do gênero narrativo. Não sei se em alguns anos esses tipos sejam reconhecíveis por quem não viveu os debates políticos entre 2013 e 2018.
No meu ponto de vista, o fim poderia ser melhor trabalhado. É confuso. Itamar se torna juiz corregedor da Justiça do Trabalho em Brasília, vota uma última vez para presidente, senador e deputado federal, tem um AVC, fica seqüelado e morre. Seria um símbolo para o "fim da esquerda"? A esquerda está esclerosada e colapsada? Três anos depois, há dúvidas a esse respeito. Ganhar as eleições não significa ter o poder, como bem disse José Dirceu, e é isso que vemos com os sub-reptícios desmandos do STF, a falta de articulação entre os três poderes e as bravatas do atual presidente da República.

site: https://livrosetinta.medium.com/a-exemplar-fam%C3%ADlia-de-itamar-halbmann-2f33dc53e845
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Valmor 15/10/2021

O livro retrata a hipocrisia de uma família da elite da esquerda. Que jura defender os pobres, mas se mantém distante em uma realidade burguesa. Retrata também a evolução até chegarem em tal posto, cheio de troca de favores e conchavos. É um retrato interessante, mas achei um pouco forçado e caricato demais, quase um panfletário. Fora isso, esteticamente não achei o livro bem construído, não encanta. Nesse mesmo estilo, prefiro o luis Cezar Araújo e Alexandre Soares Silva.
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j_almansa 07/05/2019

Perfeito retrato de boa parte da minha geração.
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