Leila 24/01/2024Brava Serena, obra do autor brasileiro Eduardo Krause, apresenta-se como uma narrativa que mistura a melancolia da solidão com a inusitada amizade que surge na vida do protagonista, Roberto Bevilacqua com uma jovem italiana. Ao longo da leitura, pude perceber que o livro possui características marcantes, mas também alguns aspectos que geraram ambiguidade em minha apreciação.
O início da obra revela-se desafiador, com uma narrativa que demora a engrenar. No entanto, à medida que adentramos na história, a trama começa a fluir. E uma das coisas legais do livro são várias referencias culturais, de cinema e literatura.
Para mim, uma das qualidades notáveis do livro é a sua não panfletariedade, um mérito raro nos tempos contemporâneos. Eduardo Krause evita o didatismo excessivo, proporcionando uma história que se desenvolve sem cair em clichês ou mensagens óbvias. Essa característica, por si só, confere originalidade à obra, destacando-a em meio a tantas narrativas que buscam transmitir mensagens explícitas.
Contudo, a sensação de desistência de viver por parte do protagonista, Roberto, embora compreensível, me causou certo incômodo. A intensidade dessa melancolia pode ser um fator divisor de opiniões, levando alguns leitores a se conectar profundamente com a trama, enquanto outros podem encontrar dificuldades em simpatizar com a jornada do personagem central (que foi o meu caso).
Outro ponto que merece destaque é a relação entre Serena e Roberto, que, embora seja interessante e um dos pontos centrais da obra, a mim não me pareceu totalmente crível. Algumas nuances da amizade entre os personagens parecem forçadas (é, não dá pra ser perfeito né?).
Enfim, Brava Serena é uma leitura legalzinha, fala de solidão e luto de uma forma até leve. Então se você estiver procurando um livro mais light, vá fundo, não será de todo "tempo perdido".