Isadora 11/08/2020"Vi o que não deve ser visto.. O que o ser humano não deve ver. E eu era pequeno..."Esse título remete bem à todos os relatos presentes nesse livro. Algumas crianças mais do que outras realmente viram o que o ser humano não deve ver, e isso quando estavam na idade da inocência. Alguns testemunhos são bem leves, de pessoas que viveram aquele momento por volta dos 4, 5 anos e que tem lembranças sutis, mas outras presenciaram coisas que a partir dos 8 anos, você passa a entender muito bem (infelizmente).
Percebi que a autora mesclou os diferentes pesos das narrativas, ora relatos mais fortes, ora os mais leves, justamente para não ficar tão pesado (isso é um ponto positivo), e para você ter tempo daquele respiro. Porque depois de alguns você com certeza vai precisar disso. Entretanto, achei que a brevidade de alguns testemunhos prejudicaram a credibilidade dos mesmos, e em outros fica aquela sensação de "preciso saber o que acontece depois". De toda forma, a quantidade que me tocou não foi pequena.
Olhando o livro como um todo, você consegue enxergar a cara da segunda guerra para as crianças, seja na fome, nos orfanatos, nos campos de concentração, nas evacuações, na perda dos pais, amigos, conhecidos e desconhecidos.
Na entrevista com a autora, a qual está presente na revista preparada pela TAG, Svetlana Aleksiévitch diz "Vivemos em um mundo em que há sofrimentos demais, e devemos ajudar. A compaixão ensina a alma humana. Eu penso também que o sofrimento é um tipo de informação. Isto é, nos é transmitido um certo conhecimento acerca do homem. É o conhecimento acerca de como é difícil ser pessoa." E nesse trecho ela simplesmente resume tudo o que esse livro é e tem o objetivo de ser, um ensino sobre a compaixão, sobre ter empatia, respeitar a história e a dor do outro, e o quao importante isso é para o ser humano.