Paula1735 13/04/2023
Caderno de memórias coloniais
Acompanhamos a história de vida da própria escritora, Isabela Figueiredo, na qual ela passa grande parte da sua infância em uma colônia portuguesa na África do Sul, Lourenço Marques. Consequentemente, por ela ser filha de um colono e ser criada no meio de todo processo colonizador, recebemos uma visão realista da época.
O livro explora aspectos delicados sobre a história da humanidade, a triste realidade confrontada pelos negros no passado. Não foi nenhum um pouco fácil para eles, comprometidos a horas de trabalho e um preconceito muito forte. "Um branco e um preto não eram apenas de raças diferentes. A distância entre brancos e pretos era equivalente à que existe entre diferentes espécies. Eles eram pretos, animais. Nós éramos brancos, pessoas, seres racionais. Eles trabalhavam para o presente, para a aguardente-de-cana do "dia-de-hoje"; nós, para poder pagar a melhor urna, a melhor cerimónia no dia do nosso funeral."
Seu pai era apenas mais um colonizador europeu com o objetivo de explorar a África; porém, ela criou-se dentro de si uma ideologia própria, independente da influência de seu pai. Por mais que ela seja branca e tenha sido criada sobre este ambiente racista, desde cedo ela reconheceu o erro por trás dessa discriminação, desconsiderando o negro inferior ao branco. Ela amava profundamente seu pai, sua conexão era linda, mas admitia seu erro diante a isso: ?Que foi só isso que nos aconteceu: um tempo, um espaço, um tabuleiro de xadrez errado para o amor. E que o traí para que pudéssemos levantar a cabeça.?
Outrossim , no decorrer do enredo, Isabela presencia uma revolução escrava em Lourenço, fazendo com que ela e a maioria dos brancos resolvessem voltar a Portugal. Com sua volta, ela percebe que mesmo ela vivendo um período de muita miséria na África, ela tinha criado uma conexão lá e isso ela nunca iria esquecer para o resto da sua vida, seria como faltasse uma parte de si.
Sendo assim, indico esse livro a todos os fãs de história e amantes de clássicos. É necessário uma preparação psicológica antes da leitura, mas valerá muito a pena.