Helen 19/03/2024
OS NÚMEROS DO AMOR: existem vazios que só um romance é capaz de preencher
Para a mãe de Stella, não importa quão bem sucedida seja sua filha, ela precisa namorar, casar e construir uma família. Para a própria Stella, as coisas não são tão simples assim, pois ela prefere passar os seus finais de semana no trabalho com os números a se arriscar em um encontro enfadonho com um desconhecido. E isso tem muito a ver com o fato de que ela está no Espectro Autista, mais especificamente na Síndrome de Asperger, o que faz com que seja um pouco mais difícil para ela se sentir confortável com as relações sociais.
Entretanto, disposta a enfrentar os desafios, Stella segue o conselho do seu colega de trabalho e procura uma maneira (não tão convencional) de praticar e conseguir novas habilidades na área dos relacionamentos: contrata um acompanhante.
Eu imagino, você imagina, todos nós imaginamos e temos certeza, de que essas aulas não vão parar apenas no campo profissional, não é mesmo?
Essa resenha conterá spoilers!
---
Tenho o hábito de ignorar todas as sinopses antes de ler um livro, vou para a leitura apenas com uma vaga ideia do que se trata. Então, ao começar "Os números do amor", minha única informação era sobre o gênero e tudo, desde a página 1, foi uma (gratíssima) surpresa.
O livro começa nos 220v, pois nos primeiros capítulos já temos Stella e Michael se encontrando num contexto erótico, até porque ele é um acompanhante pago e está ali pra ensinar a ela tudo com o que ela tem dificuldade. Porém, a delicadeza e o cuidado com que o protagonista leva toda a situação desacelera e propicia uma construção de romance sem pular nenhuma fase. É muito lindo ver ele se apaixonando por cada nuance dela, assim como a forma como o Michael trata a Stella faz com que ela se sinta confortável em situações antes impensadas. Eu amo como ele respeita o tempo dela e não força nenhuma barra, fazendo com que ela sempre se sinta segura ao seu lado.
Amei a construção dos personagens, como cada um deles têm suas próprias questões para lidar, assim como também têm seus próprios gostos e aspirações. Gosto que, mesmo apaixonada por números, Stella toque piano e que Michael seja apaixonado por moda, ainda que calejado da vida.
E falando no Michael, é uma situação muito triste de acompanhar. Abrir mão de um futuro promissor para cuidar da família não é algo tão incomum na vida real. Como uma pessoa que também não tem um condição financeira muito boa, entendo esse peso que nós, como filhos, sentimos para tentar dar o melhor possível às pessoas que nos amaram e cuidaram a vida toda, mesmo que isso custe alguns sonhos. Fiquei muito feliz que no final ele tenha tido a oportunidade de investir (e fazer dar certo) o que realmente queria e ainda com o apoio de todas as pessoas queridas ao seu redor. Não consigo imaginar como os anos lidando com o sumiço do pai e trabalhando como acompanhante podem ter afetado ele e fico feliz que a Stella tenha trazido um novo começo.
Achei importantíssimo que a autora tenha construído a Stella sabendo do que está falando por ter a mesma condição, e me senti mais próxima dela ao ler que muito na representação da protagonista com o Espectro e o Asperger tenha a experiência dela própria. A Stella é uma personagem fascinante e muito querida, eu queria apenas amar ela pra sempre.
Esse é um livro extremamente divertido, cativante, bem humorado, fofo, daqueles que você dá tremeliques de empolgação e felicidade com o desenvolvimento do relacionamento que, mesmo começando com o hot, não pula nenhuma das fases da construção do romance. Estou muito feliz por ter essa experiência de leitura e muito ansiosa pelos outros dois livros da trilogia.