rxvenants 10/01/2024DecepcionadaVou dizer que depois de ouvir tantas coisas boas sobre esse livro, ler ele foi como um balde de água fria. Sinto que só perdi tempo.
É bem triste que eu não tenha gostado pois esse livro tinha um ótimo potencial: até os 40/50%, eu tava totalmente presa na história. A escrita do autor estava excepcional e a história tava muito interessante.
E aí algumas coisas começaram a acontecer e o meu maior receio também: vieram os absurdos, as mentiradas, muitas pontas foram sendo criadas e não resolvidas e o autor se perdeu em querer criar diversos suspeitos pra um plot twist que não segurou nada.
Eu sempre odeio quando thrillers começam a criar uma história absurda pro plot twist. Nada me incomoda mais que essa surrealidade pois os autores não conseguem centrar bons plots em algo plausível.
Eu consigo enxergar algumas coisas boas do livro: eu gosto do paralelo entre o pai da Alicia ter "matado" ela, assim como o Gabriel.
O começo do livro também é fortíssimo, a escrita do autor é bem fluida e te prende rapidamente.
Infelizmente, as piores partes sobrepõem as partes boas, então vamos lá:
Eu não acho o plot twist do Theo, o próprio terapeuta da Alicia, ser o homem envolvido na morte do Gabriel (apesar de não ter matado ele diretamente) um péssimo plot twist. Na hora que aconteceu, eu até achei interessante, fiquei até um pouco perdida e achei que tinha a ver com aquelas histórias e curtas de Internet que você está num lugar e a pessoa estranha que vai te assombrar é você mesmo do passado.
Achei que ia ser algo meio paradoxal, mas depois de uns 10 segundos, eu percebi que a história só não estava em ordem cronológica e o autor realmente só tinha deixado muita ponta solta.
Não tinha um esquema maior ou algo que fosse salvar essa história.
Só pra falar de algumas (que serão muitas) pontas que me incomodaram e me dão esse ar de que policiais e pessoas em livros de thriller são extremamente incompetentes:
1) O Theo foi o perseguidor da Alicia e ele prendeu a Alicia na cadeira e ameaçou matar o Gabriel ou ela. Depois que a Alicia mata o Gabriel, a polícia não acha as cordas que amarraram ela? Ela tava em estado de choque, não escondeu nada, e a polícia não acha? E não acha as digitais do Theo na arma?
2) A Alicia ficou todo esse tempo quieta pois ela sentia que não tinha nada a falar? QUAL é o sentido disso? O coração do livro, o título da história, a parte mais importante... e essa é a explicação?
O irmão do Gabriel assedia ela, um cara persegue ela e entra na casa ameaçando ela e o marido e depois vira terapeuta dela e ela não tem nada pra falar?
E as doses de remédio que ela tomou (fortes o suficiente pra deixar ela completamente grogue) do cara que era o terapeuta não oficial dela (e que pegava dinheiro do Gabriel e não declarava nada pro conselho médico) antes do assassinato do marido? Ela realmente não pensou em falar nada disso pra polícia?
E como ela conseguiu ficar com o diário e ainda ESCONDER ele depois de tudo?
Ela ficou quieta por seis anos, em choque.
Eu não consigo entender como ela conseguiu pegar o diário dela depois de matar o marido se ela foi encontrada paralisada na cena do crime e ainda por cima esconder durante tanto tempo sem a polícia encontrar. Eu deveria acreditar que ela colocou nas calças do nada e ninguém percebeu durante todo esse tempo? Nem com a revista da polícia e nem com a revista da clínica?
3) A história do primo, do Jean-Felix e do irmão do Gabriel que de nada serviram. Foi só pra criar suspeitos que no final de tudo foram o mesmo que nada. Os famosos fillers que não serviram de nada pra movimentar a história além de dar um motivo pra enganar o leitor que as intenções do terapeuta eram profissionais e mais investigativas. É bem fácil criar situações com esses personagens que enganam se eles não levam a nenhum lugar.
4) Que tipo de conselho médico é esse???? É bom mesmo que o lugar psiquiátrico fechou, pelo amor de deus. TODO mundo, absolutamente todos, vendo o Theo obcecado com a Alicia e ninguém faz nada???? Todo mundo vê que tá pessoal demais o relacionamento dele com ela e todo mundo avisa, mas não age??? Ninguém afasta ele, ninguém troca ele de lugar??? É mais difícil saber COMO esse lugar ficou aberto por tanto tempo com esse bando de incompetente mal caráter.
6) A história da morfina é RIDÍCULA!!!! O Theo coloca morfina o suficiente na veia da Alicia pra ela ficar em coma pro resto da vida, mas magicamente não o suficiente por algumas horas depois de isso acontecer pois ela escreve tudo sobre o Theo no diário dela com todos os detalhes possíveis e ainda ESCONDE ELE!!!! COMO??? não é possível que o autor não pensou na impossibilidade disso. E NINGUÉM PERCEBE A MARCA DE AGULHA????
É fazer o leitor de otário com essa explicação ridícula.
6) Ninguém acreditava na Alicia, mas do nada no final o diário dela é uma prova concreta contra o Theo? Uma paciente que ficou seis anos sem falar nada numa clínica, que matou o marido com seis tiros e que teve diversos surtos psicóticos durante a vida antes e depois do assassinato.
O Theo é mais respeitado que ela (como, eu não sei, já que ele é o profissional mais antiético que eu já vi), é o que desmascara tudo e do nada uma escrita no diário dela é suficiente pra incriminar ele? Ele é com certeza o errado da história, mas pela lógica que tava sendo construída ali, era mais fácil acreditar no médico do que na paciente. Bem esquisito.
Enfim, eu poderia falar mais, mas tá ficando bem longa essa avaliação.
Só sei que tô extremamente decepcionada com esse livro e cada vez que eu penso na história, mas irritada eu fico. O plot twist só funciona se você não pensa em todas as coisas que não foram detalhadas ou pensadas o suficiente pelo autor.
É bem ruim.