Ludmilla Silva 27/06/2020“You’ll be Amidala and you’ll be Padmé, too.”Amei demais esse livro e acredito que sou até suspeita para falar, pois adoro a E.K Johnston, e sei que ela conhece muito bem o universo de Star Wars e os seus personagens, vi isso com o livro da “Ashoka”. E ela faz o trabalho incrível de aprofundar-se na vida dos personagens secundários, ou daqueles personagens que não receberam tanta atenção ao longo dos filmes. Ela escreve tão bem o universo que parece que é realmente um filme da trilogia. A Padmé é, sem dúvidas, uma das personagens favoritas e fico um pouco triste que ela não recebeu a atenção que merece nas prequels. Em “The Clone Wars” percebemos um pouco mais desse lado político dela, mas nada muito profundo. Então o meu ponto favorito do livro é justamente a visibilidade que a Padmé possui, principalmente do seu período de transição de Rainha de Naboo para Senadora.
O primeiro filme de Star Wars que eu vi foi “A Ameaça Fantasma” e eu lembro de ficar bastante intrigada com a Rainha Amidala e com todas aquelas suas roupas e maquiagens pesadas e também com suas Aias que sempre trocavam de lugar com ela. Confesso que após anos e anos de ser fã de Star Wars isso era algo que ainda me intrigava então amei que eu pude descobrir mais sobre isso neste livro. Um aspecto que eu descobri e que eu achei um máximo foi justamente as roupas da Padmé servirem como uma espécie de escudo para ela. Em uma passagem do livro descobrimos suas roupas eram resistentes ao fogo de uma blaster, os seus broches e joias eram dispositivos de gravação ou escudos, os vestidos pesados eram uma barreira para ela conseguir fugir e todos os acessórios na cabeça era uma forma de distração do seu rosto. A maquiagem da Rainha também era extremamente pesada justamente para ninguém conhecer seu “verdadeiro” rosto e elas poderem trocar e proteger a rainha sempre que necessário. E eu achei tudo incrível porque não imaginei isso vendo os filmes. E o mais incrível para mim foi que a E.K Johnston entrou em contato com a moça responsável pelo design da Padmé nas prequels e pegou todas as informações necessárias para escrever estes detalhes, o que mostra para mim uma tamanha dedicação.
Outro ponto que foi meu favorito no livro foi a humanização que a autora trouxe as Aias da Padmé. Quando nós vemos as prequels eu penso que as Aias são bem parecidas com os Clones da República, porque é como se estes dois grupos estivessem ali apenas para proteção, apenas para cumprir o seu propósito e se morressem não teria problema, pois seriam substituídos. É um pouco a ideia do que os filmes passam, pois não temos uma aprofundação destes personagens, porém vendo a série animada “The Clone Wars” por exemplo a gente percebe a humanização dos clones e o quanto cada um é importante para a história, nos preocupamos e ficamos tristes caso algum deles morra e senti esse paralelo muito forte com as Aias. Eu, mesmo sendo fã avida de Star Wars, nunca me dei o trabalho de me importar ou saber os nomes das Aias – ou dos seguranças - porque de fato elas pareciam meio descartáveis nos filmes, mas aqui eles recebem um espaço e um papel primordial, como a Sabé, por exemplo, que divide a narração do livro com a Padmé. Então aqui a autora faz um excelente trabalho ao nos mostrar o vínculo da Padmé com as Aias, nos mostrar o quanto elas amam trabalhar ao lado da senadora, nos mostrar que elas tem ambições e talentos (como ser artista, trabalhar na Assembleia e outros) e o quanto elas são importantes para o desenvolvimento da história como um todo.
Eu gostei que tivemos a transição das Aias do primeiro filme para o segundo filme aqui. Então começamos com três aias que eram extremamente leais a Padmé enquanto Rainha e depois temos mais três aias que são leias a Padmé Senadora. Gosto que a autora soube trabalhar muito bem essa transição e não colocou as Aias odiando a Padmé e estando feliz que não teriam que trabalhar mais com ela, pelo contrário elas pareciam bastante tristes e ao mesmo tempo grata pela amiga. Um exemplo é a Sabé que mesmo não tendo obrigação continuou ao lado da Padmé por todos os seus anos. Inclusive o epílogo é narrado pela Sabé, após a morte da Padmé em “Revenge of the Sith” e percebemos que ela foi leal a amiga durante muitos anos e até depois, pois ela estava determinada a descobrir mais sobre a sua estranha morte. Gostei bastante que o Senador Organa ligou para ela no final, imagino que seja para contar sobre a Leia, gosto de pensar que a Sabé, que era tão leal a Padmé, ajudou na criação da Leia ou pelo menos a visitava de tempos em tempos. Inclusive uma coisa que percebi em vários momentos do livro foi um clima entre as duas, não me entenda mal eu acho a amizade das 2 incrível e shippo demais anidala (que ainda nem existia nessa época), mas elas viveram grande parte de suas vidas juntas, eram novas (entre 14 e 18/19 anos) e tinham uma relação muito forte, então sei que pelo menos uma sentia algo pela outra, na verdade acredito que era algo reciproco, percebi isso principalmente na cena do café da manhã. Não sei se aconteceu algo mas tenho certeza que tinha um clima e ninguém pode me dizer o contrário... a não ser a autora.
De forma geral a aprofundação da personagem da Padmé foi incrível, eu adorei que a autora nos mostrou um pouco mais sobre a família dela, algo que eu também sempre tive curiosidade. Gostei de saber que os pais dela não eram os maiores fãs da filha ser Rainha e Senadora, mas que a apoiavam mesmo assim. É um pouco triste saber que eles não tiveram a oportunidade de criar a Leia e o Luke, pois eles seriam avós incríveis e os gêmeos teriam também uma prima para brincar, seria lindo. Gostei de saber sobre como funciona a monarquia em Naboo e em como as crianças (isso mesmo, a partir de 8 anos) já poderiam entrar no programa legislativo. Após ler isso fez sentido para mim a Padmé ter sido rainha apenas com 14 anos, ela já tinha treinamento e conhecimento, e continuou fazendo sentido ela amar tanto a política, pois ela já cresceu dentro deste ambiente, era boa nisso, então nenhuma surpresa.
Sempre achei o Senado um mistério para mim, já tenho um pouco de dificuldade em entender sua importância na vida real, agora em Star Wars eu tinha ainda mais, por isso foi legal ver a Padmé dentro do Senado e ver o seu crescimento como Senadora. Adorei a parte dos comitês e das alianças, eu não fazia ideia de que as centenas de senadoras da galáxia poderiam montar comitês por uma causa que achavam válida e com base nesses comitês eles poderiam criar moção e apresenta-la direta ao senado e aos políticos ali presentes, achei incrível mesmo. Gostei que vemos o caráter da Padmé e que ela, mesmo no meio de tanta corrupção e sujeira, nunca deixou de lutar por justiça, pelo bem maior e por aqueles que necessitavam. Isso sempre foi algo inerente a personagem e foi exatamente estas características que a guiaram ao longo de seu caminho como senadora, o que a fez crescer e a deu credibilidade perante aos outros políticos. Alguns de fato a achavam ingênua, mas pareceram para mim que a respeitavam muito acima de tudo.
Adorei muito ver o Senador Organa e a Mon Mothma na história. Ambos são personagens extremamente conhecidos e importantes para a saga, então foi legal ver o começo da amizade deles com a Padmé e os valores e ideais que pregavam na República e que continuavam sendo prezados durante a Aliança Rebelde. Gostei também que apareceu o Senador Clovis e a Mina Bonteri, personagens intrigantes que já tinham aparecido antes em “The Clone Wars”. E também foi interessante ver mais sobre a “Trade Federation” e o Nate Gunray - mostrou a lacuna de 10 anos que existia entre “A Ameaça Fantasma” e o “Ataque dos Clones”. De forma geral eu gostei muito de como a autora pegou personagens e aspectos já pré-estabelecidos nos filmes, desenhos e outros livros e os deu profundidade e evolução, isso é um dos aspectos que tornam o universo Star Wars tão rico e vibrante.
Eu só tenho elogios a fazer a este livro, eu amei muito, justamente porque é cheio de easter eggs e referências a toda a saga. Eu amo a Padmé e foi incrível ver o desenvolvimento e evolução da personagem assim como das suas Aias e também personagens secundários das prequels e da série animada. Estou ansiosa para o segundo que vai contar um pouco mais sobre a história da Padmé enquanto rainha, e acho que será incrível também. É, sem dúvidas, para mim um must-read para os fãs de star wars, principalmente para os fãs das prequels, que reconhecem e entendem a importância destes personagens para o universo.